A CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, foi aprovada pela ANVISA para uso emergencial no Brasil.
Devido ao aumento das fakes news envolvendo a eficácia do imunizante da Covid-19, convidamos o Dr. Tin Hung Ho (CRM/SP 121152) do dr.consulta, para responder os mitos e verdades que mais têm gerado dúvidas nas pessoas.
Confira a entrevista abaixo:
1. Qual a importância da campanha de vacinação para combater a Covid-19?
Tin: “Hoje vivemos em um cenário mundial de desinformações com movimentos antivacina e movimentos anticiência. Também neste primeiro momento evoluímos numa velocidade nunca vista antes de criação de vacinas para COVID-19 de diferentes tipos. Porém, neste primeiro momento a quantidade produzida é insuficiente e há uma necessidade de discutir critérios de prioridade para os grupos de risco. As campanhas de vacinação visam trazer esclarecimentos para a população sobre a importância do assunto e estabelecer critérios de priorização das populações de risco. Ela também pode determinar quais vacinas serão aplicadas em cada região ou grupo de risco, conforme a disponibilidade das mesmas.”
2. Quais são os principais mitos que cercam a eficácia das vacinas?
Tin: “Infelizmente, temos muitas fontes de desinformação, cujo único objetivo é prejudicar a saúde das pessoas. Estamos chegando num momento de risco de colapso do sistema de saúde. Não há leitos suficientes para atender a toda esta demanda de pessoas com complicações geradas pela COVID-19. Um dos principais mitos gerados, é a questão da eficácia da vacina. O ponto principal para controlar a pandemia é termos o controle de novos casos, ou seja, quanto mais pessoas vacinadas, menor o número de casos graves, principalmente, aqueles que demandam recursos escassos, como UTI. Neste cenário, devemos lançar mão de todos os recursos disponíveis para combater a pandemia. Então, uma vacina com eficácia de pouco mais de 50% é tão importante quanto a vacina com eficácia acima dos 90%. Outro ponto importante é que as pessoas que tomarem a vacina devem continuar as medidas de precaução de contato, pois elas ainda podem ser agentes transmissores da doença, mesmo que não apresentem os sintomas. As vacinas também podem causar reações adversas, mas os casos são muito baixos, perante o benefício que podem trazer à saúde do paciente e para combater a pandemia.”
3. O que significam os resultados de eficácia divulgados pelo Instituto Butantan sobre a vacina CoronaVac?
Tin: “A eficácia de 50,38% significa na prática que uma pessoa que tomou a vacina tem a metade das chances de adquirir a infecção por coronavírus, quando comparada a uma pessoa que não tomou a vacina. Ou seja, uma pessoa que não tomou a vacina tem o dobro de chance de desenvolver a infecção por coronavírus, quando comparada a uma pessoa que tomou. Muito mais que a eficácia, é de fato a quantidade de pessoas que tomarem a vacina. Se as vacinas forem aplicadas em grupos de risco como profissionais de saúde e idosos, conseguiremos manter os serviços de saúde funcionando, além de diminuir o número de casos graves e óbitos de forma rápida.”
4. Mesmo com a vacinação, é correto deixar de lado as medidas de proteção contra o vírus?
Tin: “Não. Nenhuma vacina de COVID-19 tem 100% de eficácia contra a infecção. Por isso, as medidas de precaução devem ser continuadas. Num cenário futuro próximo, esperamos ainda para o fim deste ano, onde grande parte da população estará vacinada, é possível pensarmos no relaxamento das medidas de precaução. Até lá, mesmo pessoas vacinadas, podem transmitir a doença, caso ela tenha tido contato com pessoas infectadas pelo coronavírus.”