Bula do Bezafibrato FURP
Os limites para os distúrbios do metabolismo dos lipídeos foram propostos durante o primeiro Consenso da Sociedade Européia de Aterosclerose (Nápoles, 1986) e foram elaboradas com o objetivo de serem utilizados como roteiro diagnóstico e terapêutico.
Assim, valores de colesterol e triglicérides iguais ou superiores a 200 mg/dL em adultos requerem atenção médica.
Contraindicação do Bezafibrato – FURP
Você não deverá tomar o Bezafibrato (substância ativa) nas seguintes situações:
- Doenças hepáticas (com exceção de infiltração gordurosa no fígado, frequente em casos de hipertrigliceridemia);
- Afecções da vesícula biliar, com ou sem colelitíase (porque não é possível excluir um envolvimento hepático);
- Pacientes com disfunção renal grave com níveis séricos de creatinina gt; 6 mg/100 mL ou clearance de creatinina lt; 15 mL/min ou pacientes sumetidos à diálise;
- Em terapia combinada com inibidores de HMG CoA redutase para pacientes com fatores predisponentes para miopatia, como função renal comprometida, infecção grave, trauma, cirurgia, distúrbios eletrolíticos, entre outros;
- Hipersensibilidade conhecida ao Bezafibrato (substância ativa), a qualquer componente do produto ou a outros fibratos;
- Reação fotoalérgica ou fototóxica conhecida a fibratos;
- Mulheres grávidas e lactantes.
Categoria de Risco na gravidez: C.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.
O Bezafibrato (substância ativa) é contraindicado na gravidez devido à falta de experiência adequada com o uso deste medicamento.
Como usar o Bezafibrato – FURP
O Bezafibrato (substância ativa) deve ser administrado por via oral.
Este medicamento não deve ser partido ou mastigado.
A dose padrão de Bezafibrato (substância ativa) é 1 comprimido revestido de 200 mg, 3 vezes ao dia, junto ou após as refeições. Obtida a resposta terapêutica, a dose poderá ser reduzida para 1 comprimido revestido 2 vezes ao dia. No caso de pacientes com sensibilidade gástrica, a dose poderá ser aumentada progressivamente até o nível de manutenção.
A dose em pacientes com comprometimento da função renal deve ser ajustada de acordo com os níveis de creatinina sérica ou clearance de creatinina, conforme quadro abaixo.
Creatinina sérica | Clearance de creatinina | Bezafibrato (substância ativa) 200 mg |
Até 1,5 mg/100 mL | gt;60mL/min | 1 comprimido 3 vezes ao dia |
1,6 – 2,5 mg/100 mL | 60 – 40 mL/min | 1 comprimido 2 vezes ao dia |
2,6 – 6 mg/100 mL | 40 – 15 mL/min | 1 comprimido a cada 1 ou 2 dias |
Acima 6 mg/100 mL | lt;15 mL/min | Contraindicado |
Precauções do Bezafibrato – FURP
Em pacientes com valores de colesterol e/ou triglicérides elevados, o risco de doença coronária deve ser avaliado levando-se em conta a história familiar, valores de HDL-colesterol lt;35mg/dL, níveis aumentados de fibrinogênio, tabagismo, pressão arterial, diabetes mellitus, sexo masculino, sobrepeso, atividade física insuficiente.
Modificações dos hábitos alimentares e outras medidas que possam melhorar o distúrbio lipídico, como atividade física, redução de peso e tratamento adequado de outros distúrbios metabólicos concomitantes são fundamentais.
A resposta do paciente à terapia deve ser monitorada a intervalos regulares e se uma resposta adequada não for obtida em 3 a 4 meses, o tratamento deverá ser suspenso.
Como os estrógenos podem levar a aumento das taxas lipídicas, a prescrição de Bezafibrato (substância ativa) a pacientes hiperlipêmicas em uso de estrógenos ou contraceptivos contendo estrógenos deve ser feita analisando-se cada caso individualmente.
Em caso de hipoalbuminemia, como na síndrome nefrótica, e em pacientes com função renal reduzida, a dose de Bezafibrato (substância ativa) deve ser reduzida e a função renal monitorada.
Fraqueza muscular, mialgia e cãibras, frequentemente acompanhadas por aumento na creatinoquinase (CK), podem ocorrer. Casos isolados de comprometimento muscular grave (rabdomiólise) têm sido observados. Na maioria dos casos, esta síndrome é decorrente de superdosagem ou uso inapropriado de Bezafibrato (substância ativa), principalmente na presença de comprometimento renal.
Devido ao risco de rabdomiólise, Bezafibrato (substância ativa) só deve ser administrado em conjunto com inibidores da GMG-CoA redutase em casos excepcionais e quando estritamente indicado.
Pacientes recebendo essa combinação devem ser cuidadosamente orientados sobre os sintomas de miopatia e devidamente monitorados. A terapia combinada deve ser descontinuada imediatamente ao primeiro sinal de miopatia.
Bezafibrato (substância ativa) altera a composição da bile. Casos isolados de cálculo biliar têm sido relatados. Não está claro se a ocorrência de cálculos biliares é maior devido ao tratamento prolongado com Bezafibrato (substância ativa), como observado com outros medicamentos com mecanismo de ação semelhante, ou se cálculos pré-existentes aumentariam de tamanho durante a terapia com Bezafibrato (substância ativa).
Como a colelitíase não pode ser excluída como possível reação adversa ao Bezafibrato (substância ativa), procedimentos diagnósticos apropriados devem ser empregados se sinais e sintomas relacionados à colelitíase ocorrerem.
Não foram relatados efeitos sobre a capacidade de dirigir e operar máquinas.
Até o momento, não há informações de que Bezafibrato (substância ativa) possa causar doping.
Reações Adversas do Bezafibrato – FURP
Reação comum (gt; 1% e lt; 10%)
Sistema metabólico e nutricional:
Redução do apetite.
Reação incomum (gt; 0,1% e lt; 1%)
Sistema gastrointestinal/hepatobiliar:
Distensão abdominal, náuseas, colestase.
Sistema imune:
Reações de hipersensibilidade;
Pele e anexos:
Prurido, urticária, reação de fotossensibilidade, alopecia.
Sistema renal:
Insuficiência renal aguda.
Sistema reprodutor:
Disfunção erétil.
Sistema muscular:
Fraqueza muscular, mialgia, cãibras.
Sistema nervoso:
Cefaleia e tontura.
Exames laboratoriais:
Aumento da creatinina fosfoquinase (CPK), aumento de creatinina sérica, aumento de fosfatase alcalina sérica.
Reação muito rara (lt; 0,01%)
Sistema hepatobiliar:
Colelitiase.
Sistema hematológico:
Trombocitopenia e pancitopenia.
Pele e anexos:
Eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica, púrpura trombocitopenica.
Sistema muscular:
Rabdomiólise.
Exames laboratoriais:
Redução da hemoglobina e dos leucócitos, aumento da gama-glutamiltransferase, aumento das transaminases, aumento de plaquetas.
Em caso de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária – NOTIVISA ou para Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.
Interação Medicamentosa do Bezafibrato – FURP
Quando Bezafibrato (substância ativa) é utilizado em associação com outros medicamentos, as seguintes interações podem ocorrer:
- Potencialização da ação de anticoagulantes do tipo cumarínicos. Por esta razão, ao se iniciar a terapia com Bezafibrato (substância ativa) a dose do anticoagulante deve ser reduzida em 30% a 50%, ajustada de acordo com os resultados dos testes de coagulação;
- A ação das sulfoniluréias e da insulina podem ser potencializadas por Bezafibrato (substância ativa). Isso pode ser explicado pela melhor utilização da glicose, com redução simultânea das necessidades de insulina;
- Em casos isolados, comprometimento pronunciado, porém reversível, da função renal (acompanhado por aumento nos níveis séricos de creatinina) tem sido relatado em pacientes transplantados recebendo terapia imunossupressora e Bezafibrato (substância ativa), concomitantemente. A função renal deve ser monitorada nesses pacientes e caso ocorram alterações significativas nos parâmetros laboratoriais, Bezafibrato (substância ativa) deve ser, se necessário descontinuado;
- Quando houver administração concomitante de sequestrantes de ácidos biliares (por exemplo, colestiramina) com Bezafibrato (substância ativa), deve haver um intervalo mínimo de duas horas entre a utilização dos medicamentos, pois a absorção do Bezafibrato (substância ativa) será prejudicada;
- Inibidores da MAO (com potencial hepatotóxico) não devem ser administrados concomitantemente com Bezafibrato (substância ativa).
Ação da Substância Bezafibrato – FURP
Resultados da eficácia
A administração oral de Bezafibrato (substância ativa) em doses de 200 mg três vezes ao dia (comprimidos convencionais) ou 400 miligramas uma vez ao dia (na forma de comprimidos convencionais ou formulação de libertação sustentada) tem sido eficaz na redução do colesterol sérico total e na redução de triglicérides em pacientes com hiperlipidemia tipos IIa, IIb e IV. Nesses pacientes, Bezafibrato (substância ativa) reduz os níveis de colesterol total em cerca de 10% a 30%. Os níveis de colesterol LDL são reduzidos em pelo menos 10% nos pacientes com hiperlipidemia tipo IIa ou IIb, mas em pacientes com hiperlipidemia tipo IV, isto não ocorre ou pode aumentar ligeiramente.
Bezafibrato (substância ativa) reduz os níveis de triglicérides em 40% a 50%, com a maior alteração em pacientes com hipertrigliceridemia (principalmente tipos IIb e IV). Os níveis de colesterol HDL são aumentados em cerca de 10% a 30%. Bezafibrato (substância ativa) mostrou-se útil em pacientes com insuficiência renal submetidos à hemodiálise, diminuindo os níveis séricos de triglicérides em 30% a 40% e os níveis séricos de colesterol total em até 20% e aumentando o colesterol HDL em cerca de 10% a 20%.
Os resultados de um estudo de 5 anos, duplo-cego, placebo controlado mostraram que Bezafibrato (substância ativa) pode retardar a progressão da doença aterosclerótica coronariana focal, reduzir o risco de eventos coronarianos, melhorar o perfil lipídico e diminuir os níveis de fibrinogênio em jovens de alto risco do sexo masculino, no período pós infarto do miocárdio. Neste estudo, envolvendo 81 sobreviventes do sexo masculino dislipidêmicos e que tinham apresentado infarto do miocárdio (menos de 45 anos), os pacientes receberam placebo ou Bezafibrato (substância ativa) 200 mg três vezes ao dia durante 5 anos.
De acordo com a angiografia, as mudanças na média do diâmetro mínimo da luz (DML) mostraram que houve 0,13mm a menos de progressão da doença em lesões focais em pacientes que receberam Bezafibrato (substância ativa) com relação aos doentes tratados com placebo (p = 0,049). O efeito do tratamento com Bezafibrato (substância ativa) no DML é comparável ao que é observado com sinvastatina (0,08mm) e pravastatina (0,06 mm). Pacientes recebendo Bezafibrato (substância ativa) tiveram uma incidência significativamente menor de eventos coronarianos do que os pacientes tratados com placebo (p = 0,02). O sérico em 31%, VLDL-colesterol em 35%, e VLDL-triglicérides em torno de 37%.
Bezafibrato (substância ativa) aumentou significativamente (p = 0,02) o HDL-colesterol, mas Bezafibrato (substância ativa) não teve efeito aparente no LDL-colesterol. Além disso, o Bezafibrato (substância ativa) reduziu significativamente (p = 0,001) os níveis plasmáticos de fibrinogênio em 12% e produziu uma diminuição da apolipoproteína B em 7% (p = 0,01). (14) Uma nova análise do subgrupo dos resultados deste estudo indicou que o Bezafibrato (substância ativa) retardou a progressão da redução luminal nas artérias coronarianas, apresentando 20% para menos de estenose comparado a 50% do inicio do estudo.No entanto, Bezafibrato (substância ativa) não retarda a progressão do estreitamento de vasos com um valor de estenose maior ou igual a 50%.
Características Farmacológicas
Mecanismo de ação
O Bezafibrato (substância ativa) reduz os lípides sanguíneos elevados (triglicérides e colesterol). O VLDL e o LDL são reduzidos pelo Bezafibrato (substância ativa), enquanto que os níveis de HDL são aumentados. A atividade das lípases (lípase lipoproteica e lípase lipoproteica hepática) envolvidas no catabolismo das lipoproteínas ricas em triglicérides é aumentada pelo Bezafibrato (substância ativa).
No ciclo da degradação das lipoproteínas ricas em triglicérides (quilomícrons, VLDL) são formados precursores de HDL, o que explica seu aumento. A biossíntese do colesterol é reduzida pelo Bezafibrato (substância ativa), a qual se acompanha por estimulação do catabolismo da LDL mediada pelo receptor.
O Fibrinogênio desempenha papel importante sobre a viscosidade e, portanto, sobre o fluxo sanguíneo, e parece desempenhar importante papel na gênese de trombos. O Bezafibrato (substância ativa) também apresenta efeito sobre os fatores trombogênicos, induzindo redução significativa dos níveis aumentados de fibrinogênio plasmático e promove, entre outras coisas, redução da viscosidade sanguínea. Também se observou inibição de agregação plaquetária.
Em pacientes diabéticos, relatou-se redução da concentração de glicose sanguínea por melhora da tolerância à glicose.
Nesses mesmos pacientes, a concentração de ácidos graxos livres, em jejum e pós-prandial, foi reduzida pelo Bezafibrato (substância ativa).
Propriedades Farmacocinéticas
Absorção e distribuição
O benzafibrato é rápida e quase completamente absorvido a partir da formulação de comprimidos revestidos de liberação imediata. O pico de concentração plasmática é de aproximadamente 8 mg/L e é alcançado 1-2 horas após a administração de dose única de 200 mg, em voluntários saudáveis. Cerca de 94 a 96% do Bezafibrato (substância ativa) liga-se às proteínas plasmáticas e o volume aparente de distribuição é de aproximadamente 17 L.
Metabolismo e eliminação
A eliminação é rápida, com excreção quase exclusivamente renal. Noventa e cinco por cento do fármaco marcado com 14C é recuperado na urina e 3% nas fezes em 48h. Cinquenta por cento da dose administrada é recuperada na urina como fármaco inalterado e 20% na forma de glicuronideos. A depuração renal varia de 3,4 a 6,0 L/h. A meia-vida de eliminação do Bezafibrato (substância ativa) é de 1-2 horas.
A eliminação do Bezafibrato (substância ativa) é reduzida em pacientes com comprometimento renal, sendo necessário ajuste de dose para evitar acúmulo da droga e efeitos tóxicos.
Existe correlação entre o clearance de creatinina e a meia vida de eliminação do Bezafibrato (substância ativa); com o clearance reduzido há aumento da meia-vida plasmática. Em idosos, a eliminação pode ser retardada nos casos de comprometimento da função hepática. O Bezafibrato (substância ativa) não é dialisável.