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Bullying: o que é e quais os perigos para a saúde mental

Você já deve ter ouvido falar sobre o bullying, certo? Essa prática negativa tem impactado a saúde física e mental dos jovens há anos, desenvolvendo problemas psicológicos graves e recorrentes entre o público. 

Para esclarecer dúvidas sobre o assunto e até mesmo trazer soluções para combater a prática, convidamos a psicóloga Dra. Laís Fernandes Borges para uma conversa aqui no nosso blog. Se você é pai ou mãe, leia com atenção as informações abaixo e fique atento a qualquer sinal dos seus filhos.

1. O que é bullying?

Laís: “O termo ‘bully’ tem origem na língua inglesa que significa valentão, brigão. São situações de agressões constantes e deliberadas de um indivíduo ou de um grupo contra outra (s) pessoas (s) ou outros grupos, havendo desequilíbrio de poder entre os envolvidos. São agressões manifestadas de diversas formas (verbais ou físicas), feitas de maneira repetitiva e que geram sofrimento ao próximo. Pode ser de forma direta ou indireta.”

2. O que caracteriza o bullying virtual? 

Laís: “Bullying virtual ou cyberbullying acontece via tecnologias digitais. Pode acontecer nas mídias sociais, plataformas de mensagens, celulares, entre outros. Se caracteriza pelo comportamento repetido do agressor, com o intuito de assustar, envergonhar ou enfurecer a vítima. Exemplos: espalhar fotos constrangedoras de alguém ou mentiras nas redes sociais, enviar mensagens ou ameaças que humilham pelas plataformas digitais ou se passar por outra pessoa e enviar mensagens maldosas aos outros em seu nome.”

3. Quais são os tipos de bullying? 

Laís: “Segundo a legislação do governo federal brasileiro, existem oito tipos de bullying: verbal (ex. insultar), físico (ex. bater), moral (ex. difamar), sexual (ex. assediar), material (ex. furtar), social (ex. isolar), psicológico (ex. amedrontar) e virtual (ex. adulterar fotos com o intuito de injuriar).”

4. Como a prática do bullying afeta a saúde mental dos jovens? 

Laís: “A frequência dos eventos violentos pode provocar alterações no desenvolvimento moral e na concepção de emoções nos jovens. Há também risco de prejuízos psicológicos, pois a exposição à violência pode acarretar alterações ao psiquismo, à personalidade e à autoestima, afetando seu rendimento escolar, suas relações presentes e futuras e sua visão de mundo. Muitos jovens que sofreram bullying podem apresentar depressão, baixa autoestima e ideação ou tentativas de suicídio.”

5. Existe algum estudo que explica a prática do bullying? 

Laís: “Existem diversos estudos sobre bullying, gosto de um divulgado na página da Unicef  “Cyberbullying o que é e como pará-lo”. Este aborda diversas questões de um tema muito atual: as redes.”

6. Como alguém que sofre bullying pode solicitar ajuda? 

Laís: “A vítima de bullying não deve ter medo de contar sobre seu mal-estar. Crianças e adolescentes podem conversar com um adulto da família, um professor ou outro profissional na escola, como coordenadores ou diretores. É importante falar e receber acolhimento nesse momento e não se isolar. A única maneira de acabar com o círculo de violência (entre agressor, vítima e espectadores) é acrescentando um adulto que possa interromper esse ciclo.”

7. Qual o papel do psicólogo nesse processo?

Laís: “Na clínica, o papel do psicólogo visará o fortalecimento interno pessoal e o autoconhecimento de quem sofre bullying. Também o agressor pode ser encaminhado para atendimento psicológico, pois trabalhar seu autoconhecimento buscando a compreensão das razões que o levaram a praticar bullying podem ajudá-lo a reavaliar sua atitude e a desenvolver mais empatia. 

No contexto escolar, o psicólogo poderá realizar uma escuta especializada e trabalhar com orientação. Poderá ainda desenvolver ações preventivas e de enfrentamento da violência escolar, ajudando a compreender, analisar e intervir com os alunos e profissionais, além de construir espaços de relações mais saudáveis.”

8. Como os familiares e amigos podem ajudar nesse contexto?

Laís: “Os pais podem ficar atentos aos sentimentos dos filhos e ao que eles tentam comunicar através de uma agressividade ou tristeza repentina. Devem acolher os sentimentos do filho, mostrar que ele não está sozinho e que não deve se sentir culpado por ser alvo de agressões. Não se deve aconselhar a “dar o troco” no colega. É importante dar a oportunidade para que a criança se fortaleça gradualmente, frequentando outros ambientes com outras pessoas e crianças da mesma idade. 

O amigo pode oferecer apoio à vítima, alguma delas tem medo de pedir ajuda, com vergonha ou por ameaças do agressor. Pode se colocar à disposição, mesmo que a vítima não peça ajuda.

Existem alguns sinais: quando a vítima deixa de querer ir à escola, sente-se mal perto da hora de sair de casa, pede frequentemente para trocar de escola, volta da escola com roupas ou livros rasgados, apresenta baixo rendimento escolar, se isola ou abandona os estudos. Aos pais cabe ficarem atentos e manter um diálogo aberto com os seus filhos.” 

Laís Fernandes Borges – CRP: 06/107654

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