Câncer de pênis está ligado à falta de higiene e HPV. Saiba mais
Embora raro, o câncer de pênis é grave e afeta principalmente homens com mais de 50 anos, segundo o Ministério da Saúde. No entanto, também pode surgir nos adultos mais jovens, especialmente em contextos de vulnerabilidade social.
No Brasil, representa uma séria questão de saúde pública no Norte e Nordeste, regiões que correspondem a até 10% dos casos, de acordo com o Brazilian Journal of Health Review. Por isso, é importante compreender suas origens e formas de prevenção.
O que é o câncer de pênis
A formação desse tumor maligno, na maioria das vezes, se inicia em células da pele que recobre o membro.
O tipo mais comum é o carcinoma espinocelular, responsável por aproximadamente 95% dos diagnósticos, segundo revisão publicada na revista Perspectivas Experimentais e Clínicas em Saúde.
Pode se apresentar de forma discreta no começo, como um pequeno ferimento, mas possui potencial de crescimento rápido e invasivo.
Isso significa que, com o tempo, pode chegar aos corpos cavernosos – estruturas cilíndricas internas que se enchem de sangue para proporcionar a ereção – e ainda se espalhar para os linfonodos (gânglios linfáticos) da virilha. Em quadros avançados, atinge até mesmo outros órgãos.
Os principais sintomas são:
- lesões, manchas ou verrugas na glande, prepúcio ou corpo do pênis;
- feridas persistentes (com ou sem sangramento);
- secreção de odor forte;
- inchaço e dor na virilha (linfonodos aumentados);
- coceira, desconfortos ou ardência local;
- espessamento e/ou endurecimento da pele peniana.
Principais fatores de risco
Estudos publicados nas revistas Perspectivas Experimentais e Clínicas em Saúde e Brazilian Journal of Health Review apontam que as causas mais associadas ao desenvolvimento de câncer de pênis são:
Falta de higiene íntima
A limpeza inadequada aumenta as chances de infecções e inflamações crônicas – condições que favorecem alterações celulares malignas.
Fimose
Se não tratada, é considerada um dos principais fatores de risco, pois o excesso de pele dificulta a higiene. Assim, há o acúmulo de esmegma (secreção rica em células mortas, gordura e bactérias).
Homens com fimose devem buscar avaliação médica para considerar a realização da postectomia (cirurgia para remoção do prepúcio), que reduz significativamente os riscos.
Infecção por HPV
O Papilomavírus Humano (HPV), especialmente os subtipos 16 e 18, está presente em cerca de 50% dos casos, conforme artigo da Journal of Clinical Medicine, já que pode provocar lesões precursoras e modificações nas células da região.
Tabagismo
Cigarros e derivados do tabaco contribuem para a imunossupressão e para mudanças no DNA celular, facilitando o surgimento de tumores.
Outros fatores
- relações sexuais sem proteção;
- histórico de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
- exposição a produtos irritantes.
Como é feito o diagnóstico do câncer
Ferimentos suspeitos passam por uma biópsia para confirmação, na qual se retira uma pequena amostra do tecido para análise em laboratório.
Quando há a possibilidade de disseminação, procedimentos de imagem como ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética podem ser indicados para avaliar a extensão do tumor e a presença de metástases. A peniscopia também é um teste comum.
Identificar o câncer de pênis o quanto antes salva vidas
Uma vez que o quadro costuma evoluir lentamente, muitos homens só buscam ajuda médica quando os sinais estão em estágio avançado. Isso acontece especialmente pelo medo da amputação, vergonha e estigmas sobre a saúde íntima masculina.
Porém, o acompanhamento periódico é essencial mesmo na ausência de sintomas, contribuindo para o diagnóstico precoce. Em fases iniciais, é possível realizar intervenções menos invasivas.
O Cartão dr.consulta oferece acesso a urologistas, exames preventivos e outras especialidades com preços acessíveis. Os pacientes também são incluídos em programas de saúde para suporte multidisciplinar e consultas de enfermagem on-line e gratuitas.

Tratamentos variam a cada caso
A escolha depende do estágio, de onde a lesão se encontra e da saúde geral do indivíduo, sendo as principais abordagens terapêuticas:
Cirurgia conservadora
Recomendada para tumores pequenos e localizados, em que há sua remoção com a preservação do órgão (sempre que possível).
Penectomia parcial ou total
Em casos avançados, pode ser necessária a extração parcial ou completa do pênis. Apesar de ser um procedimento mutilante, é vital para impedir a progressão do câncer.
Linfadenectomia
Consiste na retirada dos linfonodos da virilha, quando há suspeita de comprometimento. Segundo estudo da JAMA Oncology, está associada a maior taxa de sobrevida.
Radioterapia e quimioterapia
Complementares à cirurgia ou para metástases. A resposta ao tratamento varia de acordo com a extensão da condição.

Prevenção do câncer de pênis: vacinação e higiene íntima
Como a infecção pelo HPV é um dos fatores mais relevantes para o desenvolvimento da malignidade, a imunização contra o vírus se torna uma das medidas preventivas mais importantes.
No Brasil, o SUS disponibiliza a vacina gratuitamente para meninos e meninas entre 9 e 14 anos. A proteção estende-se a longo prazo, prevenindo diversos tipos do vírus.
Além do imunizante, o uso de preservativos nas relações sexuais é essencial para impedir sua transmissão e de outras ISTs.
Práticas simples de higiene íntima masculina também têm papel fundamental, como:
- lavar o membro com água e sabão diariamente, retraindo o prepúcio para limpar a glande;
- secar bem a cabeça com papel higiênico após urinar para evitar umidade na região;
- não utilizar produtos irritantes, como sabonetes com fragrância ou desodorantes íntimos não indicados;
- realizar autoavaliações periódicas para observar alterações na pele peniana.
Outras ações eficazes são abandonar o tabagismo e manter a regularidade de consultas com urologista ou dermatologista.
Embora raro, o câncer de pênis impõe grandes desafios ao bem-estar físico e emocional dos pacientes. Por isso, com informação e autocuidado é possível garantir mais bem-estar a longo prazo.
Fontes: