Em dezembro de 2019 o mundo começa a se abalar com a notícia de uma nova doença surgida na China, o (Sars-CoV-2). Dois meses após, a doença ganhou proporções globais, anunciada pela OMS como pandemia.
O mundo que conhecíamos foi deixado para trás e medidas de prevenção foram tomadas para que pudéssemos sobreviver ao COVID-19.
Infelizmente, muitas pessoas perderam seus amigos e familiares. O medo do vírus e suas consequências tiveram impactos fisiológicos e mentais, o que os especialistas já tratam como Coronofobia.
Pesquisas e análises sobre a Coronofobia
A National Library of Medicine analisou mais de 500 casos de ansiedade e depressão ao longo da pandemia e reportou que todos estavam ligados ao medo da COVID-19.
Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde contou com 17.491 brasileiros com idade média de 38 anos, variando entre 18 e 92 anos, durante os meses de abril e maio de 2020, quando as mortes por coronavírus estavam em seu pico.
O levantamento revelou que oito em cada dez estavam sofrendo com sintomas de ansiedade. Outro estudo aponta que o maior impacto negativo foi entre jovens e adolescentes, além das pessoas com maior vulnerabilidade à doença e com diagnóstico prévio de doenças mentais.
Indo além, pesquisas analisaram principalmente os gatilhos psicológicos que ativam as sensações fóbicas e causam sofrimento.
Cientistas descobriram que as principais causas envolvem a exposição ao risco de contrair coronavírus, como utilizar transporte público, sair de casa, trabalhar, encontrar amigos e parentes em locais fechados.
O estudo propõe até uma escala para medir o grau de mal-estar relacionado ao medo de contrair a doença:
- Fisiológica: reação de luta ou fuga. Podem surgir sintomas como palpitações, tremores, vertigens, alterações no sono e apetite;
- Comportamental: há mudanças em comportamentos de preocupação, como lavar as mãos frequentemente, checar sinais vitais, utilizar transporte público e frequentar lugares fechados;
- Cognitivo: distorções cognitivas sobre pensamentos racionais, como medo de contrair a doença e falecer, crenças irracionais e comprometimento da atenção.
Coronofobia, quais os sintomas?
A Coronofobia é um transtorno de ansiedade, e como tal, é caracterizado por medo excessivo, persistente e irreal de situações, pessoas, objetos. Como todo distúrbio de ansiedade requer atenção médica psicológica.
Alguns dos sintomas que a caracterizam são:
- Palpitações;
- Aumento do batimento cardíaco;
- Aumento da sudorese;
- Agitação psicomotora;
- Insônia;
- Perturbação do sono;
- Sentir tristeza e culpa além da conta.
Os primeiros sinais de alerta são quando o medo ao COVID-19 se aflora, apresentando as mesmas preocupações só que de forma exagerada, causando prejuízo aos relacionamentos, atividades profissionais, ou até mesmo à integridade física.
Outro ponto alarmante da Coronofobia é que, pessoas com a doença podem acabar se medicando de forma indevida podendo gerar crises de pânico a problemas físicos.
O psicólogo João Paulo Machado de Souza especialista em saúde mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, traz o relato: “Nós tivemos muitas pessoas que se intoxicaram no início da pandemia porque ingeriram vários produtos de limpeza, como os derivados de cloro”, relata o psicólogo.
João Paulo afirma que pacientes com Coronofobia possuem pensamentos obsessivos do tipo “eu vou morrer”, “vou me contaminar”, “vou contaminar minha família” ou “o mundo inteiro nunca mais vai sair dessa pandemia”.
Como tratar a Coronofobia?
O comportamento mais saudável é evitar locais públicos, meio de transporte compartilhado e evitar fazer testes contínuos, reforça Souza.
Lembre-se que a pessoa com Coronofobia terá muita dificuldade em buscar o serviço de saúde de forma presencial.
Há a possibilidade da telemedicina, onde profissionais da saúde conseguem tratar o paciente de forma online por terapias e acompanhamentos.
Meditação, praticar exercícios físicos, se alimentar de forma saudável e dormir bem são ações necessárias para voltar ao eixo da saúde mental.