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Estreitamento na válvula do coração: conheça a estenose aórtica

Médico preparado para explicar sobre a estenose aórtica

Segundo os dados do hospital Albert Einstein, estima-se que 1 a cada 20 idosos, acima dos 75 anos, irá apresentar um quadro de estenose aórtica

Como vivemos em um processo de envelhecimento populacional, onde se observa um aumento do número de pessoas idosas em comparação ao número de pessoas jovens,  essa incidência fez com que a doença se tornasse um problema de saúde pública.

No entanto, é importante lembrar que a estenose aórtica não está restrita apenas aos idosos.

Ao longo dessa leitura, você vai entender melhor como se dá o funcionamento do coração para compreender o que é a estenose aórtica, suas causas, sintomas e tratamentos. Vamos lá?

Como a estenose aórtica ocorre?

O coração é um músculo cuja função é fazer circular o sangue em nosso organismo, em um movimento de mão única: de um lado, manda o sangue oxigenado e do outro, recebe o sangue que circulou pelo nosso corpo para oxigená-lo novamente. 

Quem garante esse movimento são quatro válvulas que se abrem para deixar o sangue passar e, posteriormente, se fecham para impedir que ele retorne. E é justamente em uma dessas válvulas, chamada de válvula aórtica, que acontece a estenose.

Em linhas gerais, a estenose aórtica é um estreitamento e ocorre por um processo degenerativo, que vai enrijecendo e calcificando a válvula aórtica. Com isso, a abertura da válvula fica prejudicada, dificultando a passagem do sangue. 

No início do distúrbio, o coração até consegue se adaptar e trabalhar mais para conseguir bombear sangue através da valva. Mas essa capacidade de adaptação vai se esgotando com o tempo. 

Quando isso acontece, a quantidade de sangue oxigenado vai se tornando insuficiente e é aí que os problemas começam. Pacientes com essa condição podem ter insuficiência cardíaca, síncope e até morte súbita.

A estenose aórtica se torna mais evidente após os 60 anos, mas não costuma causar sintomas antes dos 70 anos. No entanto, essa não é uma doença exclusiva dos idosos. 

Ela pode ser adquirida na infância, como resultado de uma febre reumática, por exemplo, ou ser uma deficiência presente desde o nascimento.

O que leva a esse estreitamento?

A estenose aórtica tem diversas causas. Veja a seguir quais são as principais: 

Envelhecimento

O envelhecimento é o fator mais preponderante para o aparecimento da doença. Assim, manter uma vida saudável, com uma alimentação balanceada e exercícios físicos, pode contribuir para que a estenose aórtica não se manifeste tão cedo ou de forma grave. 

Doenças degenerativas

Essa é uma causa bastante comum, especialmente em pacientes idosos. Com a idade, inicia-se um processo degenerativo, devido ao acúmulo de cálcio na valva ao longo dos anos.

Doenças reumáticas

Doenças reumáticas são uma das causas de estenose aórtica em qualquer idade, até mesmo em crianças. Inclusive, ela é a principal causa entre pacientes jovens. 

Esse tipo de doença atinge os ossos, cartilagens, articulações e músculos, mas podem comprometer também os rins, pulmões, intestino e coração. 

Anomalias congênitas

Tudo o que é congênito está presente desde o nascimento. Trata-se de variações anatômicas que não são, por si só, consideradas doenças, mas podem desencadear outras doenças como a estenose aórtica. 

Algumas pessoas nascem apenas com 2 folhetos na valva aórtica, quando o mais comum são três, outras pessoas podem nascer com um formato anormal da estrutura 

Nesses casos, a abertura da valva aórtica defeituosa pode não ocasionar nada durante a infância, mas se tornar sintomática ao longo da vida por não acompanhar o crescimento do coração. 

Quando devo ficar alerta?

De forma geral, a estenose aórtica é uma doença silenciosa. Quando presente desde a infância, pode ser assintomática até a idade adulta. 

Os primeiros sinais aparecem, geralmente, quando a doença já se encontra em um estágio grave, podendo causar morte súbita.

Os principais sintomas são: 

Tenho sintomas, o que faço?

Imagem Ilustrativa (iStock)

Os sintomas mencionados são graves e, como falamos, podem levar à morte súbita. Por isso, não deixe de buscar ajuda médica assim que notar qualquer incômodo, por menos que seja. 

A estenose aórtica pode ser diagnosticada em qualquer fase, durante um check-up com o cardiologista. Então, manter os exames em dia, é o primeiro passo para descobrir se tem ou não a doença. 

O diagnóstico é dividido em etapas, veja abaixo quais são elas: 

Exame físico:

Através de ausculta com estetoscópio, o médico pode identificar um sopro cardíaco, e solicitar outros exames complementares para fechar o diagnóstico.

Ecocardiograma:

Esse é um dos primeiros exames solicitados pelo médico nesses casos. O ecocardiograma é o que melhor avalia a gravidade da estenose aórtica, pois mede o quão pequena é a abertura da válvula e a função do ventrículo esquerdo.

Teste de esforço:

Esse é um exame solicitado para pessoas com estenose aórtica assintomática. Os pacientes que apresentarem angina, falta de ar ou sensação de desmaio durante esse exame podem estar em risco de complicações e precisar de tratamento.

Cateterismo cardíaco:

Nos casos em que o teste de esforço for anormal ou quando o paciente desenvolver sintomas de estenose aórtica, torna-se necessário determinar se ele possui também alguma doença arterial coronariana. 

O cateterismo cardíaco tem esse objetivo, sendo feito, principalmente, quando se planeja a cirurgia para substituição da valva aórtica.

Outros métodos:

Apesar de o ecocardiograma ser o exame mais adequado para o diagnóstico da estenose aórtica, podem ser utilizados ainda: eletrocardiograma, ressonância magnética e até radiografia do tórax.

Fui diagnosticado, o que vem agora?

No geral, os pacientes com sintomas que não são tratados possuem uma expectativa de vida de apenas 2 a 3 anos.

O tratamento da estenose aórtica vai depender do grau de complexidade em que a doença se apresenta. 

A doença pode ser leve, moderada ou grave, dependendo da área da valva comprometida, da limitação do fluxo sanguíneo, e claro, dos sintomas e do grau de disfunção do coração.

Dessa forma, nem sempre o tratamento para estenose aórtica é cirúrgico. Nos casos mais graves, a cirurgia beneficia o paciente, melhora sua qualidade de vida e de sobrevida. 

Sendo assim, os adultos que apresentam estenose aórtica assintomática devem fazer acompanhamento cardiológico regular

Já em crianças e jovens que nasceram com uma valva anormal, é possível ampliar a abertura através da valvotomia por balão. 

Nesse procedimento, um cateter com um balão na extremidade é introduzido no coração por uma veia ou artéria, como um cateterismo cardíaco. Esse balão, ao chegar ao coração, é inflado e as válvulas são afastadas corrigindo o problema. 

Nos casos cirúrgicos, pode-se realizar a cirurgia convencional ou a minimamente invasiva

Na convencional,  a valva aórtica com problema é substituída por uma prótese, feita de material biológico ou metálico. Esse procedimento pode ser feito com técnicas modernas, como, por exemplo, por uma mini-incisão.

Pessoas com uma valva artificial devem redobrar o cuidado com contaminações, e precisam tomar antibióticos antes de procedimentos cirúrgicos, odontológicos e médicos para reduzir o risco de infecção da válvula (endocardite infecciosa).

Já na cirurgia minimamente invasiva, a miniaturização das valvas torna o procedimento mais seguro. 

Nele, um cateter segurando uma valva que tem em média 4,6 mm (milímetros) é introduzido pelos vasos femorais através da virilha e, ao chegar ao coração, se expande,  adquirindo o formato e tamanho adequado, com aproximadamente 30 mm. 

Essa técnica é conhecida como Implante de Válvula Aórtica Transcateter (TAVI), desenvolvida na Europa, nos anos 2000. 

No Brasil, chegou por volta de 2008, ano em que a primeira cirurgia desse tipo foi realizada. Geralmente, o procedimento é realizado com anestesia local e sedação leve e o paciente não precisa ficar na unidade de tratamento intensivo (UTI). 

O período de internação também é menor, durando cerca de 4 dias apenas e a recuperação é mais rápida.

À  princípio, o procedimento era indicado para pacientes de risco alto e moderado, abrangendo os pacientes idosos. Mas, recentemente, estudos científicos vêm mostrando que mesmo em pacientes de baixo risco, como os mais jovens, esse tratamento também pode ser uma opção.

Tenha em mente que não importa o grau de complexidade da estenose aórtica, é preciso iniciar, o quanto antes, o acompanhamento com um médico cardiologista, que dará início ao seu tratamento. 

Não espere mais para marcar a sua consulta, mantenha a sua saúde em dia. Agende hoje mesmo uma consulta com um cardiologista no dr.consulta pelo site ou app (disponível tanto para Android quanto iOS).

Fontes:

Hospital Israelita Albert Einstein

MANUAL MSD

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