O aumento progressivo das doenças crônicas não transmissíveis e a sua relação com a dieta da criança em idade precoce, fazem com que a atenção também se volte dos excessos na alimentação infantil nos primeiros anos de vida.
Atualmente, a obesidade infantil é a doença nutricional que mais cresce no mundo, resultando no aumento da prevalência de obesidade infanto-juvenil. Ser obeso nessa faixa de idade pode resultar em graves problemas na vida adulta, como doenças respiratórias, coronarianas, hipertensão, complicações ortopédicas e diabetes.
Quanto mais cedo a criança apresenta sinais de obesidade, maiores são as chances de que ela permaneça assim durante a idade adulta. Isto ocorre por que a obesidade infantil aumenta o número de células adiposas, o que poderá dificultar o seu tratamento (Carvalhães, et al, 1998).
A obesidade é classificada de duas formas: a endógena ou primária, que é decorrente de problemas hormonais, e que representa um percentual muito baixo quando comparado à forma exógena (também chamada de nutricional ou secundária), que tem etiologia multicausal.
Na obesidade exógena os fatores etiológicos podem ser: biológicos, hereditários, ambientais e psicológicos. Assim, deve-se avaliar e levar em consideração esses fatores para efetuar o tratamento mais apropriado para esta patologia.
A quem atinge?
- filhos de pais obesos e gestantes que tiveram ganho de peso excessivo e/ou diabetes gestacional. Estudos revelam que 80% das crianças que têm pais obesos tornam-se obesas. Quando um dos pais é obeso, o risco é de 40% e quando nenhum dos pais é obeso, o risco é de 7%.
- crianças não amamentadas com leite materno e/ou que tiveram introdução precoce de outros alimentos.
- crianças em idade escolar ( 7 a 10 anos) que apresentam maus hábitos alimentares associados ou não ao sedentarismo.
Quais os principais fatores de ricos?
- filhos de pais obesos
- recém-nascido GIG (Grande para a Idade Gestacional)
- distúrbios hormonais
- consumo excessivo de alimentos calóricos (Superalimentação da criança)
- desmame precoce
- sedentarismo infantil
- condições psicológicas desfavoráveis
Quais os fatores que merecem investigação?
- histórico alimentar (desmame precoce, alimentação complementar inadequada, erros dietéticos como uso excessivo de farinhas e açúcar como complementos energéticos ao leite de vaca, consumo excessivo de alimentos de alta densidade energética durante e entre refeições);
- sedentarismo infantil.
Como diagnosticar?
- métodos antropométricos: O índice de Peso por Estatura (P/E) é o mais amplamente utilizado na avaliação da obesidade em crianças, porém apresenta algumas limitações como não diferenciar massa gorda da massa corporal magra.
- Diagnótico de sobrepeso: P/E entre 110 e 120%
- Dignóstico de obesidade: P/E > 120%
Outros indicadores antropométricos:
- avaliação da curva de crescimento do Cartão da Criança (Peso/Idade): criança localizada acima do percentil 97 (NCHS).
- exames laboratoriais: hormonais associados a exames bioquímicos de lipidograma, glicose e hemograma.
- história familiar: Determinar a prevalência da obesidade e outros distúrbios de comportamento alimentar entre os familiares (pais, irmãos).
Como tratar?
O tratamento consiste em manter o crescimento e promover a saúde por meio da adoção de modos de vida saudáveis. Intervenção dietética:
Crianças até 6 meses
Manter aleitamento materno exclusivo em livre demanda até os seis meses. Caso já tenha sido introduzida alimentação complementar, ajustar a alimentação ao número de refeições, corrigir erros dietéticos (preparação adequada de leite artificial: ajustar concentração de farináceos ao leite de vaca não modificado, reconstituição adequada de fórmulas infantis, evitar combinação de alimentos de alto valor energético, ex: hortaliças tipo C e cereais); estímulo ao consumo variado de frutas e vegetais, desestimular o uso de açúcar refinado e derivados (doces, geleias, etc.) . (Ministério da Saúde, 2002).
Crianças 6 meses a 1 ano
Orientar à mãe para uma alimentação saudável, mantendo aleitamento materno, se possível, até os dois anos ou mais e oferecendo alimentação complementar equilibrada com base no conceito de grupos de alimentos, ajustando número e composição das refeições e estimulando o consumo de alimentos naturais e saudáveis (frutas, hortaliças, carnes magras, uso de gordura vegetal no preparo dos alimentos, etc) (Ministério da Saúde, 2002).
Crianças de 2 a 10 anos
orientar à mãe para uma alimentação saudável. Evitar excessos de alimentos de alta densidade energética, ricos em carboidratos e lipídios: açúcar, doces em geral, refrigerantes, balas, carnes gordas, frituras, salgadinhos e combinações de alimentos ricos em amido numa mesma refeição (arroz, macarrão, farinha, tubérculos e raízes feculentas).
Estimular o consumo diário de frutas, hortaliças em geral incluindo vegetais folhosos, carnes magras, etc (Ministério da Saúde, 2002)
Outras intervenções importantes:
- melhorar a autoestima da criança e familiares;
- estimular a prática de atividades lúdicas que estimulem a atividade física;
- evitar comer em frente à TV.
Outras intervenções importantes:
- melhorar a auto-estima da criança e familiares;
- evitar comer em frente à TV;
- estimular a prática de atividades física inclusive no âmbito da escola;
Como acompanhar?
- acompanhamento por meio da curva de crescimento do Cartão da Criança (peso/idade), para crianças de 0 a 6 anos;
- acompanhamento da evolução do peso e da altura da criança, através do peso/altura e altura/idade em crianças de 6 a 10 anos de idade;
- monitoramento do consumo alimentar;
- estimular práticas de lazer que gerem atividade física (pular corda, andar de bicicleta, amarelinha, futebol, etc) e práticas rotineiras para aumentar tal atividade, segundo a faixa etária (andar ao invés de permanecer no colo, subir e descer escadas, acompanhar o adulto em trajetos por caminhadas curtas no lugar da locomoção por veículo, etc.).
- desestímulo de hábitos promotores do sedentarismo (permanência excessiva em TV, computador, vídeo games, etc.)Agende agora uma consulta com um de nossos endocrinologista pediátrica!