Saiba quando se preocupar com o olho tremendo

Movimentos involuntários e repetitivos nas pálpebras, popularmente chamados de “olho tremendo”, são fenômenos relativamente comuns e, na maioria dos casos, não indicam alterações graves. 

No entanto, dependendo da frequência, intensidade e dos sintomas associados, eles podem precisar de atenção.

Em episódios leves, costumam desaparecer espontaneamente, sem necessidade de intervenção. Mas, quando persistentes ou acompanhados de outros sinais, devem ser investigados.

Principais causas do olho tremendo

As origens do blefaroespasmo (nome clínico da condição) ainda não são completamente compreendidas pela medicina. Diversos fatores têm sido apontados como possíveis desencadeadores:

• histórico familiar;
• estresse emocional;
• cansaço ocular decorrente de uso prolongado de telas;
• exposição excessiva à luz;
• consumo elevado de cafeína;
• noites mal dormidas.

Entre todos, a fadiga relacionada aos dispositivos eletrônicos e ambientes com iluminação inadequada é um dos mais citados entre os pacientes diagnosticados, de acordo com uma pesquisa publicada na Revista Arquivos Brasileiros de Oftalmologia.

Por que se preocupar com o blefaroespasmo?

Apesar de ser considerado benigno, permanecer com o olho tremendo pode trazer impactos importantes no bem-estar.

Conforme evolui, a patologia tende a comprometer tarefas simples como ler, dirigir, assistir televisão ou interagir socialmente.

Adicionalmente, estudo apresentado na revista Neurología destaca que a síndrome de Meige, que envolve espasmos em outras partes do rosto, também pode estar ligada ao quadro, agravando as manifestações e dificultando ainda mais as atividades diárias.

Assim, é recomendável buscar ajuda médica se a reação:

• persistir por mais de uma semana;
• provocar fechamento involuntário do órgão atingido;
• se estender para outros locais da face;
• estiver interferindo no cotidiano.

Diagnóstico depende da avaliação profissional

Na maioria das vezes, ele é apenas clínico, realizado por meio da observação dos sintomas e do histórico do indivíduo. 

Caso haja suspeita de outros distúrbios neurológicos, exames complementares podem ser solicitados, como:

• laboratoriais (dosagem de cálcio e magnésio, TSH e T4 livre, análise de marcadores inflamatórios ou autoimunes);
• acuidade visual;
• mapeamento de retina;
• medição da pressão intraocular;
• teste de Schirmer (verifica a produção de lágrimas);
• eletroneuromiografia; 
• tomografia computadorizada;
• ressonância magnética (RM) do crânio.

O Cartão dr.consulta pode contribuir nesse processo, oferecendo acesso facilitado a especialistas e procedimentos oftalmológicos, com descontos para o titular e dependentes. E ainda inclui o paciente em programas de saúde que permitem o monitoramento contínuo de enfermidades.

Tratamentos disponíveis

Atualmente, a aplicação de toxina botulínica tipo A nos músculos afetados tem sido uma boa abordagem para o olho tremendo, pois atua diretamente nas fibras dos músculos, bloqueando temporariamente a transmissão dos impulsos nervosos que causam a contração.

Dezesseis pessoas com blefaroespasmo foram acompanhadas em um estudo nacional de 2018 publicado no Arquivos Brasileiros de Oftalmologia e 87,5% delas tiveram melhora significativa após o contato com a substância, com duração média do efeito entre 30 e 90 dias.

Essa é a principal escolha no manejo da condição devido a sua eficácia e segurança, aponta a Sociedade Iberoamericana de Oculoplástica.

Quando o paciente não responde bem ao tratamento, outras opções incluem o uso de medicamentos orais – como relaxantes musculares –, e cirurgias, a exemplo da miectomia do músculo orbicular. Vale lembrar que somente um profissional pode indicar a melhor alternativa para cada quadro.

Além das intervenções terapêuticas, medidas simples no dia a dia podem ajudar a prevenir o aparecimento dos espasmos. Entre elas estão:

• manter uma rotina de sono regular;
• moderar o consumo de cafeína, presente em café, chás e refrigerantes;
• fazer pausas durante o uso de telas e priorizar iluminação adequada para leitura e outras atividades;
• praticar exercícios físicos e técnicas de relaxamento para controle do estresse.

Adotar essas estratégias colabora com a redução dos episódios, especialmente em pessoas suscetíveis à fadiga visual. O diagnóstico correto e a assistência apropriada também são essenciais para que a qualidade de vida e a saúde ocular sejam preservadas. 

Fontes:

• Arquivos Brasileiros de Oftalmologia;
• International Journal of Ophthalmology;
• Neurología; 
• Revista Brasileira de Cirurgia Plástica;
• Sociedade Iberoamericana de Oculoplástica.