A visão, assim como as demais funções biológicas, se desenvolve nos primeiros anos de vida. Quando o bebê nasce, da mesma forma que ele não sabe, falar, andar, ele também não sabe enxergar. Confira a baixo o post completo sobre o assunto feito pelo nosso oftalmologista Dr. Luis Carlos Ferreira de Sá.
Olho preguiçoso ou Ambliopia
Para que a visão se desenvolva de forma normal, os olhos precisam estar normais e alinhados, as vias ópticas (nervo óptica, quiasma, radiações ópticas) e a parte cerebral relacionada com a visão precisam estar normais.
Se existe uma diferença de estimulo visual entre os olhos, o olho que recebe a melhor estimulação acaba desenvolvendo uma visão melhor e o outro olho acaba desenvolvendo uma visão menor, o que muitos chamam de olho preguiçoso (do inglês “lazy eye”), que é o nome leigo da doença AMBLIOPIA. Várias são as causas da ambliopia, mas as principais são estrabismo (olhos desalinhados, ou desviados), diferença de ”grau” entre os dois olhos (anisometropia) ou privação visual quando existe alguma obstrução da visão como uma catarata congênita ou se a pálpebra é muito caída, impedindo que a criança enxergue, como em casos de ptose congênita severa.
Exames e cuidados especiais
Do ponto de vista funcional, desde que a criança tenha um olho normal, com visão normal, o outro olho pode ser completamente cego que a criança leva uma vida normal e ninguém percebe absolutamente nada de errado. Desta forma, toda criança deve fazer alguns exames de rotina, no sentido de verificar se o desenvolvimento normal está ocorrendo de forma normal.
O primeiro exame é feito nas maternidades, quando a criança nasce, antes da alta do berçário, conhecido como teste do Reflexo Vermelho, ou teste do “Olhinho”. Este teste serve para verificar se o eixo visual está livre, se não existe nenhuma opacidade dos meios como uma Catarata Congênita e desta forma verificar se estes olhos tem todas as condições para desenvolver uma visão normal.
O próximo exame da criança deve ser feito próximo dos três anos. Nesta idade o exame deve incluir a medida da acuidade visual dos dois olhos, verificar se não existe estrabismo/se os olhos estão alinhados, além de medir o erro de refração e verificar se o erro de refração é normal para a idade.
É importante observar também se não existe uma “diferença de grau”entre o olho direito e o olho esquerdo (anisometropia). Se existe uma diferença significativa de “grau”entre os olhos, a parte cerebral da visão do olho que está mais desfocado desenvolve menos visão (Ambliopia). Estrabismos de pequenos ângulos, do ponto de vista funcional, são tão ruins como estrabismos de ângulos maiores, porém estes estrabismos de pequeno ângulo, muitas vezes passam despercebidos pelos pais e o diagnóstico/início do tratamento é feito tardiamente, quando os resultados muitas vezes já não são tão bons.
O próximo exame deve ser feito por volta dos 7 anos. A partir dos 7 anos o sistema visual já está desenvolvido, ou seja, o potencial da visão que a criança desenvolveu não regride mais, mas por outro lado o que não desenvolveu tem poucas chances de melhorar a partir desta idade. Podem ocorrer mudanças de grau/refração, mas tudo que surgir a partir desta idade dará sintomas/queixas, mas tudo que surgir será tratável. Alguns sinais como quando a criança se aproxima dos objetos, sensibilidade extrema à claridade (“fotofobia”), coceira/prurido, lacrimejamento, olhos vermelhos, pupilas com reflexo esbranquiçado, diferença de cor entre os olhos, diferença de tamanho das pupilas, outras assimetrias entre os olhos, são sinais de alerta e motivo extra de avaliação da criança por um médico oftalmologista. Antecedentes familiares de doenças oculares, doenças genéticas, doenças sistêmicas com repercussão na visão também podem ser motivo de exame oftalmológico das crianças.
Desta forma, muitas dos problemas oftalmológicos das crianças podem passar despercebidos e a melhor forma de prevenção é realizar os exames de rotina para diagnóstico e tratamento dos principais problemas oftalmológicos da criança.
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