A secreção no ouvido é bastante comum em crianças e um motivo de preocupação para muitos pais e responsáveis. Esse fenômeno, conhecido como otorreia no meio médico, pode indicar a presença de infecções ou outras condições de saúde que necessitam de atenção.
Embora nem sempre seja motivo de preocupação, é importante entender as possíveis causas, quando buscar ajuda especializada e como tratar e prevenir essa situação. Então, continue nesse conteúdo para tirar suas dúvidas.
O que é secreção no ouvido?
A condição se caracteriza pela saída de líquidos pelo canal auditivo. Esses fluidos podem variar em cor, consistência e quantidade, bem como podem ser aquosos, com pus, cerosos (com cera) ou sanguinolentos (com sangue).
Além disso, a secreção pode ser acompanhada por outros sintomas, como dor, febre e perda de audição. É importante observar essas características, pois elas podem indicar diferentes tipos de questões de saúde.
4 causas comuns de secreção no ouvido
Existem várias causas que podem levar a essa condição em crianças, mas também em adultos, sendo as mais comuns:
1. Infecções de ouvido (otite)
A otite é uma inflamação ou infecção do ouvido, que pode ocorrer em diferentes partes, como o canal auditivo externo, médio ou interno.
Essa condição é frequentemente causada por bactérias, vírus ou fungos, por isso, pode resultar em sintomas e consequências como:
- dor de ouvido;
- sensação de líquido escorrendo;
- perda de audição;
- febre;
- perfuração no tímpano;
- paralisia do rosto;
- tontura;
- inchaço atrás da orelha;
- infecção no cérebro.
A otite é comum em crianças, mas também pode afetar adultos. Por isso, em todos os casos, é importante procurar tratamento adequado para evitar complicações. Além disso, a condição, pode ser dividida em três tipos:
Otite média aguda (OMA)
Essa é a infecção mais comum do ouvido médio. Ela pode causar dor intensa, febre e secreção com pus. Além disso, a OMA é comum em crianças devido à estrutura das tubas auditivas, que são mais curtas e horizontais, facilitando a entrada de microrganismos.
Quando ocorre três ou mais episódios de infecção em seis meses, ou mais de quatro episódios em um ano, é chamada de Otite média aguda recorrente (OMAR).
Otite média com efusão (OME)
Também conhecida como otite secretora, essa condição ocorre quando há acúmulo de fluido no ouvido médio, mas sem sinais de infecção aguda. Pode levar a uma sensação de ouvido cheio e a secreção ocasional.
Otite externa
Esse tipo, também conhecido como ouvido de nadador, se caracteriza por uma infecção do canal auditivo externo, geralmente causada por bactérias ou fungos.
É comum em crianças que passam muito tempo na água, pois a umidade constante pode irritar e inflamar o canal auditivo. Os sintomas incluem coceira, dor e secreção líquida ou com pus.
2. Presença de corpos estranhos
Crianças às vezes colocam objetos estranhos no ouvido, como brinquedos pequenos, ou parte deles, e alimentos. No entanto, o perigo é que esses corpos estranhos podem causar irritação, inflamação e infecção, resultando em secreção, além de ter o risco de perfurar o tímpano.
3. Ruptura do tímpano
Essa situação pode ocorrer devido a uma infecção, lesão ou barotrauma (mudança súbita de pressão, como durante um voo ou mergulho de águas profundas, por exemplo). Com isso então, a secreção do ouvido médio sai pelo canal auditivo.
4. Dermatite no canal auditivo
A pele do canal auditivo pode ficar irritada e inflamada devido a alergias, produtos químicos ou substâncias irritantes. Além disso, a condição pode afetar desde os lóbulos da orelha até o próprio tímpano. Ou seja, toda a estrutura da orelha externa (incluindo até a parte do rosto mais próxima) e o ouvido interno.
Isso pode levar à produção de secreção como uma resposta inflamatória.
Há vários tipos de dermatite e eczemas que podem afetar as orelhas e ouvidos, incluindo dermatite atópica, seborreica e de contato, por exemplo.
Quando a secreção no ouvido é motivo de preocupação?
Embora a secreção no ouvido nem sempre seja grave, alguns sinais podem aguardar uma consulta com pediatra:
- leve desconforto que melhora com o tempo;
- secreção clara e sem odor;
- secreção que ocorre esporadicamente e sem outros sintomas.
A consulta inicial com o pediatra é fundamental para avaliar a condição do seu filho. Afinal, somente esse profissional poderá realizar um exame detalhado, identificar a causa da secreção e recomendar o tratamento mais adequado. Além disso, ele pode orientar sobre medidas preventivas e cuidados diários para evitar futuras infecções no ouvido.
No entanto, existem alguns sinais que indicam a necessidade de buscar atendimento médico com mais urgência:
- dor severa ou que não melhora pode indicar uma condição grave;
- febre alta, pois pode ser um sinal de infecção bacteriana que requer tratamento com antibióticos;
- perda de audição, principalmente se acontecer do nada, deve ser avaliada por um profissional de saúde o mais rápido possível;
- presença de sangue ou odor fétido (cheiro ruim) pode indicar uma situação grave ou até perfuração do tímpano;
- persistência da secreção e de outros sintomas por mais de alguns dias.
Em casos nos quais a infecção no ouvido é recorrente, a secreção persiste apesar do tratamento inicial, ou quando há suspeita de complicações mais graves, o pediatra pode encaminhar para um otorrinolaringologista (especialista em ouvidos, nariz e garganta).
Esse encaminhamento garante uma avaliação profunda e um tratamento mais específico para condições que requerem cuidados avançados.
Como tratar e prevenir a secreção e infecção no ouvido
Tratamento
Se a causa for uma infecção bacteriana, o médico pode prescrever antibióticos, enquanto nos casos causados por fungos, a recomendação é o uso de antifúngicos específicos. Mas, é importante completar todo o curso do tratamento, mesmo que os sintomas melhorem antes do fim. Já para aliviar a dor e reduzir a febre, o profissional pode prescrever analgésicos.
Na presença de corpos estranhos, nunca tente remover um objeto do ouvido da criança sozinho. Afinal, somente um profissional de saúde deve realizar o procedimento para evitar danos ao ouvido.
Lembre-se também que é fundamental evitar a entrada de água no ouvido durante o tratamento.
Em casos de ruptura do tímpano, a maioria das perfurações cicatriza sozinha, mas em casos raros, pode ser necessária uma cirurgia.
Dicas de prevenção
- Limpe os ouvidos da criança com cuidado, sem inserir hastes flexíveis ou outros objetos no canal auditivo. O ideal é higienizar apenas a parte externa com uma toalha macia.
- Após nadar ou tomar banho, seque suavemente a parte externa do ouvido.
- Evite nadar em águas contaminadas que possam causar infecções, por exemplo, em riachos e lagoas sujas.
- Use tampões de ouvido e toucas de banhos ao nadar em piscina ou mar.
- Algumas infecções respiratórias podem levar a infecções de ouvido. Portanto, garanta que a criança esteja em dia com as vacinas.
- Tenha atenção a sintomas como dor de ouvido, febre e secreção, e busque atendimento médico precoce para prevenir complicações.
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Com cuidados adequados e prevenção, é possível manter a saúde auditiva das crianças em dia, garantindo seu bem-estar e desenvolvimento saudável.
Fontes: