Confira dicas essenciais para a alimentação na doença celíaca
Estima-se que cerca de 1% de toda a população seja portadora da chamada doença celíaca. Com isso, é provável que existam 2 milhões de brasileiros com essa condição, de acordo com a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil.
A disfunção tem como principal característica o desenvolvimento da intolerância alimentar ao glúten. Como essa proteína está presente em muitos alimentos, sobretudo naqueles feitos de trigo, uma série de adaptações nas refeições precisa ser feita para garantir o bem-estar desses indivíduos.
As principais características da doença celíaca
O fato de que indivíduos celíacos não respondem bem ao consumo de glúten não significa que haja necessariamente algo de errado com esse item.
Acontece que o organismo dessas pessoas apresenta alterações que fazem com que o sistema imune responda de forma exagerada a presença dele, atacando as células do próprio corpo, em especial nas paredes do intestino. É por isso que se diz que essa é uma doença autoimune.
Com o tempo, os danos ao tecido intestinal dificultam a absorção de uma série de nutrientes de todos os alimentos.
Em geral, o risco de desenvolver a doença celíaca está associado à presença de determinadas mudanças no DNA. Muitas delas são herdadas no nascimento. Assim sendo, alguém que tem um parente de primeiro grau (ou seja, pai e mãe) com a alteração tem uma chance em dez de apresentar o quadro, de acordo com as evidências disponíveis.
Sintomas
As queixas relacionadas à doença celíaca podem aparecer em qualquer idade, mas tendem a ser mais comuns nos primeiros meses ou anos de vida, quando há a introdução de alimentos com glúten na dieta.
Os quadros podem variar bastante caso a caso, mas é possível dividi-los em dois grupos: a forma clássica e a forma atípica da enfermidade.
Forma clássica
- diarreia crônica (que dura mais de 30 dias);
- dor de barriga e sensação de inchaço;
- alterações de humor (como irritabilidade);
- apetite reduzido;
- anemia;
- vômitos;
- dificuldades para manter o ganho de peso adequado;
- atraso no crescimento.
Forma atípica
- osteoporose precoce;
- prisão de ventre crônica;
- danos ao esmalte dentário (manchas no dente);
- anemia resistente;
- dor ou inflamação nas juntas (artrite);
- associação com outras doenças autoimunes, como o diabetes tipo 1.
O processo de diagnóstico da doença celíaca
Identificar a doença celíaca nem sempre é simples. Para isso, o médico responsável pelo atendimento pode solicitar exames de sangue que detectam a presença de determinados anticorpos na corrente sanguínea. Assim, pode-se avaliar de que forma o corpo está respondendo ao glúten.
Além disso, pode ser necessário fazer uma biópsia. Um pequeno fragmento do intestino é removido e analisado em laboratório, em busca de lesões que apontem o quadro inflamatório característico.
O apoio de um gastroenterologista, especialista no trato gastrointestinal, é fundamental para o diagnóstico e o manejo correto da doença de celíaca e de outras alterações nessa parte do corpo.
As abordagens mais utilizadas no tratamento
Alguns indivíduos nessas circunstâncias podem obter certos benefícios do uso de determinados medicamentos. Eles são relevantes a partir do momento que conseguem controlar a inflamação gerada pela exposição ao glúten.
Além disso, pessoas desnutridas ou com deficiências em certos nutrientes podem receber a orientação de reposição para corrigir essas alterações, normalmente presentes em tais quadros.
Contudo, a principal e mais eficiente forma de lidar com a doença celíaca depende mesmo da restrição (e, em alguns casos, da prevenção do contato, mesmo que indireto) dos alimentos que contenham glúten.
Tais alterações podem depender de ajustes na rotina não apenas do celíaco como também de toda a família ao seu redor. Nesse sentido, algumas recomendações são indispensáveis para garantir o sucesso da iniciativa.
Consultas regulares com especialistas também são fundamentais para ajudar a lidar com os desafios que aparecem no controle da doença celíaca. Por isso, aproveite para conhecer os benefícios do Cartão dr.consulta, que traz descontos em uma série de serviços.
Recomendações para adaptar a alimentação de um celíaco
Para minimizar o desafio de ampliar a qualidade de vida de pessoas com doença celíaca, uma série de medidas precisa ser implementada, dentro e fora de casa. Elas permitem que esses indivíduos aproveitem as refeições em diferentes contextos sem abrir mão de nenhum cuidado.
Conheça os alimentos permitidos
É possível eliminar os itens com glúten (como massas, bolos, pães, biscoitos e bebidas fermentadas como a cerveja) da dieta e ainda assim contar com inúmeras opções para preparar refeições gostosas e diversas. Como referência, vale considerar como opções seguras:
- cereais como arroz, milho, quinoa e amaranto;
- massas feitas com farinhas de arroz, milho, fubá e fécula de mandioca (chamada também de polvilho);
- sementes, nozes e castanhas; indo do gergelim ao amendoim, entre outras opções.
- qualquer tipo de legume, fruta ou verdura, crus ou cozidos;
- leite e seus derivados (desde que não haja intolerância à lactose);
- óleos e azeites;
- ovos;
- leguminosas, como o feijão e a lentilha;
- carnes bovinas, suínas, de aves e de peixes;
- demais frutos do mar.
Quando houver dificuldade em adaptar o cardápio, vale sempre consultar um nutricionista. Esse profissional pode oferecer recomendações adicionais do que pode ou não entrar no prato.
Compreenda bem os rótulos
Na hora de ir às compras é preciso manter atenção às embalagens dos alimentos. Desde 2003, a rotulagem de qualquer produto alimentício é obrigada a mencionar a presença de glúten, por meio de frases específicas (como “contém glúten”), sempre de forma visível e com fácil identificação.
Tal distinção é fundamental, uma vez que muitos itens industrializados acrescentam a substância à composição do alimento.
Além disso, em alguns casos alimentos naturalmente sem glúten são manipulados de forma que haja contaminação cruzada dentro dos processos industriais. O exemplo mais conhecido disso é a aveia: o cereal acaba recebendo a indicação da presença da proteína na maioria dos casos.
Outro detalhe importante é que alguns medicamentos também têm a proteína indesejada. Isso acontece principalmente em comprimidos, que utilizam derivados do trigo para garantir a sua forma. Por isso, observe bem a bula e, se for necessária uma substituição, converse com seu médico e/ou farmacêutico.
Evite a contaminação cruzada
O caso da aveia serve para reforçar que a alimentação da pessoa celíaca deve seguir alguns cuidados também durante o preparo.
O ideal é sempre garantir que as refeições sejam elaboradas em separado, com utensílios próprios. Nem sempre é possível contar com duas cozinhas, mas cozinhar em horários separados ou utilizar duas bancadas já ajuda bastante.
Isso evita que resquícios do glúten “contaminem” os alimentos destinados à pessoa celíaca, colocando sua necessidade de restrição em risco.
Saiba o que fazer fora de casa
Por fim, é preciso se precaver para os momentos em que for preciso fazer refeições preparadas em outros locais, como restaurantes e lanchonetes.
Esses estabelecimentos precisam informar se seus cardápios têm itens com glúten, mesmo que de forma indireta (ou seja, por contaminação cruzada durante o preparo).
Em serviços de buffet, isso pode ser mais difícil. Mas com alguma procura, é possível encontrar locais que servem pratos sem o elemento.
De todo modo, para aquela fome que bate entre as refeições, pode ser interessante para as pessoas celíacas carregarem o próprio lanchinho. Isso evita a dor de cabeça de ter que ficar procurando opções seguras enquanto se está faminto.
Em geral, com a eliminação do glúten da alimentação a tendência é que a maioria dos sintomas da doença celíaca desapareçam. Ainda que não haja cura para ela, esse controle devolve ao indivíduo sua qualidade de vida de forma bastante satisfatória.
Fontes:
[…] segura para pessoas com diabetes e intolerâncias alimentares, já que não contém lactose ou glúten (desde que evitada a contaminação […]