Cervicite: entenda a inflamação silenciosa no colo do útero

Apesar de ser comum, muitas mulheres ainda desconhecem os sintomas e origens da cervicite, uma condição ginecológica que provoca a inflamação do colo do útero – região também conhecida como cérvix.
Pode ocorrer de forma aguda ou evoluir para um quadro persistente e gerar complicações graves, como a infertilidade. Assim, saber reconhecê-la e preveni-la é fundamental para a preservação da saúde ginecológica.
O que causa a cervicite
Diferentes fatores podem desencadear o quadro, sendo os agentes infecciosos os mais frequentes. Entre os principais estão Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Mycoplasma genitalium e Trichomonas vaginalis.
Geralmente, eles são transmitidos por via sexual e têm facilidade de se instalar na região devido à sua estrutura epitelial vulnerável e à umidade local, que favorecem a proliferação.
Outro vírus que também pode estar associado é o do herpes simples tipo 2, aponta o livro Ginecologia e Obstetrícia.
Adolescentes e gestantes são grupos de risco por apresentarem alterações imunológicas e anatômicas que facilitam a entrada de patógenos.
Além disso, ter múltiplos parceiros e o uso irregular de preservativos aumentam a vulnerabilidade.
Cervicite pode se tornar crônica
Existem casos em que o processo inflamatório persiste e é considerado crônico: quando dura por semanas ou meses (principalmente sem tratamento adequado) ou se há reinfecção recorrente. A Chlamydia trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae são os microrganismos que mais propiciam essa evolução.
Porém, fatores não infecciosos também podem contribuir, como duchas vaginais, espermicidas, dispositivos intrauterinos mal posicionados, traumas locais e mudanças hormonais.

Sintomas da cervicite que merecem atenção
Embora muitas vezes assintomática, a cervicite também pode ocasionar sinais importantes que exigem atendimento de um ginecologista, incluindo:
- corrimento vaginal com odor forte ou coloração alterada;
- fisgadas na parte íntima (súbitas e localizadas);
- desconfortos durante a relação sexual (dispareunia);
- sangramento fora do período menstrual;
- ardência ao urinar (disúria);
- sensação inchaço ou pressão pélvica;
- dor no colo do útero.
Como muitos podem ser confundidos com os de outras condições, a exemplo das vaginoses bacterianas e infecções urinárias, somente a análise de um especialista permite o diagnóstico e tratamento corretos.
O Cartão dr.consulta é uma alternativa acessível para quem busca acompanhamento ginecológico de qualidade. Com ele, é possível agendar consultas, realizar testes laboratoriais e de imagem com valores especiais em diversas unidades.

Como é feito o diagnóstico da cervicite
O processo inicia-se com a anamnese e exame físico ginecológico com espéculo, no qual o médico pode observar secreção mucopurulenta, mucosa friável (que sangra ao toque) e inchaço local.
Essas manifestações são determinantes durante a investigação, aponta artigo da revista Femina, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Para confirmar o quadro, o Papanicolau pode ser utilizado, pois aponta alterações celulares relacionadas à inflamação crônica e à presença de metaplasia escamosa – substituição natural do tecido glandular do colo do útero por um escamoso.
Mesmo que isso aconteça de forma fisiológica e não seja considerada maligna, é uma resposta a agressões constantes que requer monitoramento, especialmente em casos persistentes.
Ademais, outros procedimentos complementares também podem ser solicitados, como:
- PCR (reação em cadeia da polimerase): detecta o DNA dos agentes infecciosos com alta precisão;
- cultura de secreção endocervical: usada para identificar bactérias e fungos;
- bacterioscopia: avalia a secreção vaginal com microscópio;
- testes laboratoriais rápidos: úteis em atendimentos de urgência.
Complicações possíveis da cervicite e a necessidade de tratamento
Se não tratada adequadamente, a condição se prolonga e acaba se disseminando pelo trato genital, segundo a publicação Ginecologia e Obstetrícia, o que pode resultar em complicações significativas:
- doença inflamatória pélvica (DIP);
- infertilidade devido à obstrução das trompas;
- aumento do risco de aborto espontâneo e parto prematuro;
- maior vulnerabilidade à transmissão do HIV e outras ISTs.
Dessa forma, é indispensável determinar o microrganismo causador para a escolha da abordagem terapêutica necessária. Quando isso não é possível, prescreve-se antibióticos destinados às principais bactérias relacionadas, inclusive para os parceiros sexuais, a fim de impedir a reinfecção.
Em situações persistentes mesmo com a administração de medicamentos são indicados exames para verificar a resistência bacteriana.
Prevenção e cuidados contínuos
As medidas adotadas para evitar quadros de cervicite são simples, mas eficazes:
- usar preservativos em todas as relações íntimas;
- não utilizar duchas vaginais e produtos irritantes;
- realizar consultas ginecológicas periódicas e check-ups preventivos.
Vale lembrar que estar atenta aos sinais do corpo e buscar orientação especializada para diagnóstico e tratamento precoces são atitudes fundamentais para preservar o bem-estar ao longo da vida.
Fontes:
[…] entanto, a formação cística também pode estar relacionada a um quadro inflamatório denominado cervicite crônica ou surgir em decorrência de traumas no local, de cirurgias ginecológicas e de procedimentos (como […]
[…] A vulva é o conjunto de órgãos íntimos femininos que são externos ao corpo. Isso inclui somente a área pubiana, os pequenos e os grandes lábios e o clitóris – mas não a vagina em si, que é o canal interno que se estende até o colo do útero. […]