Cervicite, inflamação do colo do útero, pode ser silenciosa
O colo do útero (também chamado de cérvix uterino) liga a parte inferior desse órgão ao canal da vagina. Ele tem formato de cilindro e mede cerca de dois ou três centímetros. Entre as alterações que podem atingir a região, a inflamação da área, conhecida como cervicite, é uma das que mais merecem atenção.
Sem o devido acompanhamento e tratamento adequado, a inflamação do colo do útero pode provocar complicações sérias. Uma das mais frequentes é o avanço para outras áreas, o que pode causar até mesmo a infertilidade feminina.
As principais causas da cervicite
Em geral, as causas da cervicite podem ser divididas em dois grandes grupos, infecciosas e não infecciosas.
Infecciosas
Envolvem a presença de alguns microrganismos e respondem principalmente pelos quadros agudos (ou seja, que aparecem de uma hora para outra) de inflamação do colo do útero.
Entre as causas infecciosas da inflamação do colo do útero, as mais conhecidas são aquelas associadas às chamadas infecções sexualmente transmissíveis (IST). Elas incluem uma série de vírus, bactérias e parasitas que são transmitidos de pessoa para pessoa, principalmente por meio de contato sexual desprotegido.
Vale saber que o termo infecções sexualmente transmissíveis substitui o que antes era conhecido como doenças sexualmente transmissíveis (ou DSTs).
A troca dos nomes se deu pelo fato de muitas dessas condições conseguirem atingir uma pessoa de forma assintomática. Ou seja, o indivíduo pode ter sido infectado, estar espalhando o vírus ou bactéria, mas não necessariamente estar manifestando qualquer doença.
De todo modo, as ISTs que mais frequentemente desencadeiam quadros de cervicite são:
- gonorreia;
- clamídia;
- herpes genital;
- tricomoníase;
- infecção pelo Mycoplasma genitalium.
Não é raro que, em um primeiro momento, um quadro de inflamação no colo do útero seja confundido com outras condições, como a vaginite (a inflamação da mucosa vaginal ou da vulva).
Não infecciosas
Na maioria dos casos incluem o contato com elementos ou substâncias irritantes (que vão desde preservativos, lubrificantes e espermicidas até diafragmas e utensílios médicos utilizados em procedimentos dentro do útero) ou a presença de outros corpos estranhos. Não é raro que esse tipo de cervicite seja crônica.
Sintomas mais comuns
Primeiramente, nem todo quadro de cervicite provoca qualquer sinal ou sintoma. De acordo com o Ministério da Saúde, até 80% dos casos são assintomáticos. No mais, cada mulher pode experimentar diferentes consequências na presença da inflamação, com desconfortos mais ou menos intensos.
Ainda assim, entre os sintomas mais comuns estão:
- corrimento vaginal, às vezes com aspecto purulento (com cor amarela por conta da presença de pus) principalmente quando alguma ferida se forma no colo do útero;
- dor pélvica ou na parte baixa do ventre, sobretudo ao urinar;
- sangramentos fora dos dias da menstruação ou após relações sexuais;
- desconforto durante a relação sexual, sobretudo durante e após a penetração vaginal;
- alterações urinárias (como mais vontade de fazer xixi ou sensação constante de bexiga cheia).
Na prática, muitos dos sinais e sintomas da cervicite são o que os médicos chamam de “inespecíficos”. Isso significa que eles são comuns em várias doenças e nem sempre é possível diferenciar cada uma delas, inicialmente.
Por isso, ao notar esses desconfortos, o mais indicado é que a mulher procure assistência especializada para uma avaliação apropriada.
As formas de diagnósticos da cervicite
Diante da suspeita de um quadro de cervicite, o médico conduzirá a avaliação necessária por meio de exames clínicos (avaliando visualmente a situação utilizando um espéculo, por exemplo), se orientando pelas queixas relatadas pela paciente (como presença de corrimento, dor, etc.).
No entanto, na maioria dos casos de inflamação aguda do colo do útero, a confirmação do diagnóstico dependerá de exames laboratoriais. Eles são importantes principalmente para investigar o que está por trás do quadro.
Para isso, poderão ser utilizados o sangue, jatos da primeira urina do dia ou ainda a coleta de material da vagina, ou do colo do útero, geralmente utilizando uma haste de algodão (swab). A partir disso, testes específicos podem ser feitos para identificar as infecções sexualmente transmissíveis mais conhecidas.
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Os tratamentos e os cuidados necessários para garantir a recuperação adequada
Confirmado o quadro infeccioso, é provável que o médico prescreva medicamentos antibióticos (no caso da gonorreia ou da clamídia) ou antivirais (no caso do herpes, por exemplo) em diferentes regimes, de acordo com o microrganismo identificado no exame. Além disso:
- os parceiros sexuais da paciente podem ser devidamente avaliados e tratados com o mesmo protocolo;
- a mulher pode receber a orientação de se abster de relações sexuais por alguns dias;
- a recomendação para o uso de preservativos masculinos ou femininos em todas as relações sexuais pode ser reforçada.
Seja como for, nos casos em que a condição não melhora mesmo com o tratamento, pode ser necessário repetir as avaliações para identificar se a inflamação foi efetivamente controlada.
Ainda que os prognósticos (ou seja, a expectativa de evolução da doença) sejam bons e a maioria das pacientes esteja recuperada em uma ou duas semanas, é fundamental observar o risco de complicações.
A principal delas é a doença inflamatória pélvica, que acomete os órgãos dos sistema reprodutor feminino e pode causar, entre outras consequências, dor crônica, casos de gravidez ectópica (em que o óvulo fertilizado se aloja fora do útero) e infertilidade.
6 dicas de prevenção da inflamação do colo do útero
Uma vez que as infecções sexualmente transmissíveis são a principal causa da cervicite, sua prevenção passa sobretudo por se proteger da exposição aos microrganismos responsáveis por essas condições. As principais orientações para isso envolvem:
- uso de preservativos em toda forma de contato sexual;
- vacinação contra IST preveníveis por vacinas, como hepatites e HPV (papilomavírus humano);
- testagem regular para as principais ISTs (como Aids e sífilis);
- discussão com seus parceiros sexuais sobre essas e outras formas de proteção;
- adoção de práticas de profilaxia pré e pós-exposição quando indicado;
- acesso a informações confiáveis sobre métodos de prevenção.
Ainda falando da cervicite, gestantes devem ter atenção especial a qualquer sinal que sugira o desenvolvimento do quadro, inclusive por conta do risco de infecções sexualmente transmissíveis durante esse período. Gonorreia e clamídia, por exemplo, devem ser tratadas o quanto antes para evitar consequências potencialmente sérias para o bebê.
Fontes