Existem diversos métodos contraceptivos disponíveis hoje, cada um com suas características e particularidades. O dispositivo intrauterino, popularmente conhecido como DIU, é um deles.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), ele é utilizado por 169 milhões de pessoas ao redor do mundo, sendo o que possui mais adeptos atualmente.
No entanto, toda essa temática ainda gera diversos questionamentos, conforme os dados da Pesquisa Nacional de Saúde indicam. Apesar da praticidade, apenas 4,4% da população brasileira utilizava esse recurso em 2019.
Por isso, neste guia informativo, abordaremos tudo sobre o DIU: o que é, como funciona, quais são seus tipos, como colocar e muitas outras dúvidas frequentes. Acompanhe.
Mas, o que é o DIU?
DIU é a abreviação de dispositivo intrauterino. Trata-se de um método contraceptivo do grupo dos LARCs (“Métodos Contraceptivos de Longa Duração” em inglês).
É inserido no interior do útero de pessoas com órgão reprodutor feminino com principal objetivo de evitar a gravidez e auxiliar no planejamento familiar em determinadas situações.
Sendo assim, age localmente e não precisa ser administrado no dia a dia, como é o caso da pílula anticoncepcional, por exemplo.
No entanto, é válido destacar que não existe uma maneira de não engravidar melhor do que a outra. Conforme abordaremos ao longo deste material, o dispositivo intrauterino também tem suas contraindicações e cada um pode optar por diferentes alternativas.
Como funciona?
Antes de saber como o DIU funciona, é necessário contextualizar de que modo ocorre o processo de fecundação, uma vez que os dois estão diretamente relacionados.
A fecundação acontece quando o espermatozoide se une ao óvulo, originando o zigoto, que, futuramente, se transformará em um feto.
Assim, esse método contraceptivo faz com que o ambiente uterino torne-se inapropriado para a sobrevivência dos espermatozoides, evitando sua movimentação no interior do órgão e, consequentemente, a fecundação do óvulo liberado.
Embora o DIU apresente 99% de eficácia, ele não é capaz de proteger o organismo contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Por esse motivo, o uso de preservativos também é fundamental.
Quais são os tipos de DIU?
No Brasil, existem 3 tipos de DIU comercializados: o de cobre, o de prata e o hormonal. Cada um deles apresenta as suas especificidades, vantagens e desvantagens a serem melhor explicadas a seguir.
DIU de cobre
O DIU de cobre é um aparelho de dimensões pequenas (de 32 a 36 milímetros) e é caracterizado por ser um método reversível. Com formato de T, ele é constituído por polietileno, um tipo de plástico biocompatível (tem maior afinidade com as substâncias naturais do corpo).
O cobre está presente no fio e nos cilindros do dispositivo, emitindo componentes químicos no organismo da pessoa e impedindo a gestação.
As complicações causadas pela colocação dessa opção são muito raras. Infecções pélvicas, expulsão do DIU e perfuração do útero são alguns exemplos.
Entretanto, suas vantagens são:
- versatilidade;
- segurança;
- ausência de certos efeitos colaterais, como ganho de peso, dores nas mamas ou alterações na libido.
DIU de prata
O DIU de prata é composto por uma combinação de prata e cobre. Nesse sentido, ele reduz o risco de oxidação e fragmentação dos sais do cobre no útero. Com formato de Y, ele foi pensado estrategicamente para facilitar a sua inserção e remoção.
O DIU de prata pode causar cólicas leves e moderadas, além de escapes menstruais. No entanto, esses efeitos tendem a ser sentidos com um pouco mais de intensidade após a colocação do aparelho constituído por cobre.
DIU hormonal
O DIU hormonal libera, de forma constante e dosada, o hormônio levonorgestrel no interior do útero. Aqui, a gravidez é impedida porque essa liberação estimula o engrossamento do muco cervical e a redução do endométrio (revestimento do útero).
No Brasil, inclusive, é possível encontrar duas opções: o DIU Mirena e o DIU Kyleena.
DIU Mirena
Esse foi o primeiro a chegar ao mercado brasileiro. O dispositivo apresenta 52 miligramas de hormônio e tem uma vida útil de cinco anos.
Além disso, possui as seguintes dimensões:
- 32 milímetros de comprimento;
- 32 milímetros de largura;
- 1,90 milímetro de espessura.
DIU Kyleena
O Kyleena, por sua vez, caracteriza-se pelo tamanho reduzido e pelo fato de liberar uma dose ainda menor do levonorgestrel. Por isso, é recomendado para aquelas pessoas que têm o útero pequeno ou que são mais sensíveis à ação do levonorgestrel.
Suas dimensões são:
- 30 milímetros de comprimento;
- 28 milímetros de largura;
- 1,55 milímetro de espessura.
O profissional da Ginecologia é o mais qualificado para indicar a melhor opção de uso, após a anamnese e exames previamente necessários.
Além disso, tanto para verificar a necessidade desse método ou para cuidados do dia a dia com a saúde e o bem-estar, o Cartão dr.consulta pode ser um aliado. Com ele, é possível ter acesso a mais de 60 especialidades médicas, além de exames com descontos.
Indicações e contraindicações
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA/Brasil), em conjunto com dados da OMS, estabelece as indicações e contraindicações da utilização do DIU.
Ele pode ser indicado para:
- pessoas em qualquer fase da vida reprodutiva, desde a adolescência até a menopausa;
- pessoas que amamentam;
- pessoas que nunca engravidaram ou que já tiveram filhos;
- pessoas que têm contraindicações para o uso de anticoncepcionais com hormônios (como tabagistas, hipertensas, obesas, diabéticas, com diagnóstico positivo de doenças cardiovasculares, ou com histórico de câncer, principalmente em órgãos envolvidos na síntese ou regulação de hormônios). Aqui, o indicado seria o uso da opção de cobre ou prata.
Ele pode ser contraindicado para:
- pessoas com útero incapaz de comportar o dispositivo;
- pessoas com cânceres nos órgãos reprodutores femininos (essa contraindicação é válida caso os dispositivos sejam hormonais, ou se o câncer já estiver evoluído comprometendo as condições anatômicas da região)
- pessoas com sangramento vaginal anormal;
- pessoas com infecções genitais não tratadas.
E como colocar?
Durante a consulta com um ginecologista e após a manifestação do interesse em fazer a colocação do DIU, é necessária a realização de três exames principais:
- exame físico: momento em que o especialista avalia as condições clínicas e físicas;
- papanicolau: teste capaz de identificar alterações e eventuais lesões no colo útero;
- ultrassonografia transvaginal: exame de imagem não invasivo que avalia e detecta a presença de possíveis irregularidades no aparelho reprodutor feminino como um todo.
Após a realização desse check-up, e com a permissão médica, dá-se início ao procedimento de aplicação do dispositivo.
Geralmente, a inserção é simples, não necessita de internação e dura cerca de 15 a 30 minutos. Para evitar desconfortos, o processo pode ser feito com anestésicos locais ou sedação.
As etapas para colocar o DIU tendem a ser, segundo o Ministério da Saúde (MS):
- higienização do colo do útero com um produto antisséptico;
- avaliação da posição, tamanho e mobilidade do colo uterino;
- medição da profundidade e direção do útero;
- inserção do aparelho via canal vaginal.
Depois da colocação, as atividades cotidianas podem ser realizadas normalmente. O único cuidado deve ser em relação a esforço excessivo (carregar muito peso, por exemplo) nos primeiros dias.
Efeitos colaterais
Embora o DIU seja um método contraceptivo com poucos efeitos colaterais, alguns incômodos podem ser observados. São eles:
- DIU de cobre: elevação do volume menstrual e das cólicas;
- DIU hormonal: leve aumento de peso e redução do volume da menstruação.
Quando saber se o DIU saiu do lugar?
O sinal mais comum de deslocamento são as fortes cólicas e o sangramento irregular. Por isso, ao suspeitar que o dispositivo saiu do lugar, é indispensável agendar uma nova consulta com o ginecologista.
Dúvidas frequentes
Apesar do aumento da popularidade, ainda existem dúvidas frequentes em relação a esse método contraceptivo, como mencionado no começo deste conteúdo.
As principais delas, inclusive, foram respondidas a seguir.
Posso desenvolver alguma patologia?
De acordo com o MS, o DIU pode potencializar o risco de infecção pélvica somente durante o primeiro mês de sua utilização. Entretanto, em caso de diagnóstico positivo, é possível fazer o tratamento por meio de antibióticos.
É importante frisar novamente que esse método não protege o organismo contra as ISTs. Por isso, se o preservativo não for usado nas relações sexuais, há o risco de desenvolver esses quadros.
DIU engorda?
As alternativas não hormonais (como o de cobre e o de prata) não estimulam o aumento de peso anormal, já que seu efeito se restringe apenas ao útero.
No entanto, o Mirena e o Kyleena podem contribuir para um leve aumento da massa corporal, pois atua na liberação de hormônio que pode desencadear a retenção de líquido.
É possível sentir o DIU durante as relações sexuais?
Não há possibilidade de que você ou o parceiro sinta o dispositivo durante as relações sexuais. O que pode ser sentido, às vezes, é o fio de nylon que acompanha o dispositivo, principalmente se ele for cortado muito curto depois da colocação.
Nesse cenário, é recomendável fazer a troca e deixar o fio mais comprido, em torno de 3 cm.
Alivia as cólicas?
Em partes, sim. Por reduzir o fluxo menstrual, o DIU pode aliviar os incômodos da cólica, apesar de essa situação não ser percebida em todos os casos.
DIU dá espinha?
Em virtude da liberação do levonorgestrel, o hormonal pode, sim, causar espinha.
O DIU é um método contraceptivo eficaz, sendo uma ótima opção para quem deseja evitar gestações não desejadas e que se enquadra nas indicações. Porém, vale reforçar que, para que tudo seja feito adequadamente, é fundamental o acompanhamento e prescrição do médico ginecologista ao longo de todo o processo.
Fontes:
- Desmistificando o DIU: dispositivo intrauterino | Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa/Brasil);
- Manual técnico para profissionais de saúde – DIU com cobre CU 380 A | Ministério da Saúde (MS);
- Informe-se! Decida-se! Exija seu direito | Ministério da Saúde (MS);
- DIU: saiba como funciona, as vantagens e desvantagens desse método | Estadão.