Problemas gastrointestinais afetam cerca de 20% das pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Gastroenterologia. Esse número envolve diversas doenças diferentes caracterizadas, principalmente, pela forte dor no estômago.
Se você tem esse sintoma, saiba que ele pode indicar muitos problemas, daí a necessidade de procurar um médico imediatamente.
Neste post, a gastroenterologista Andressa Gomes explica melhor as doenças que causam dor no estômago. Conheça cada uma delas e como tratar!
Quais doenças podem causar dor no estômago?
O estômago é um órgão em formato de J que se localiza entre o esôfago e o duodeno. É nele que o alimento recebe o ácido clorídrico, que tem papel importante na digestão.
A dor de estômago (dor na porção superior do abdômen) deve ser sempre investigada por um gastroenterologista. Várias são as doenças que podem motivar o problema. Trataremos de cada uma delas a seguir.
Gastrite
A gastrite é uma inflamação na mucosa estomacal provocada, principalmente, por uma contaminação pela bactéria Helicobacter pylori. Ela causa grande desequilíbrio no pH gástrico, gerando dor e desconforto. O problema pode ser agravado por má alimentação, hábito de fumar e consumo excessivo de álcool e medicamentos.
Existem, ainda, os casos de gastrite atrófica (crônica), nos quais o paciente tem predisposição para a doença. Por isso, é preciso fazer acompanhamento médico periodicamente.
Refluxo gastroesofágico
O refluxo gastroesofágico consiste no mau funcionamento da válvula localizada entre o esôfago e o estômago. Ela não se fecha completamente depois da passagem do alimento, podendo haver um retorno junto com o suco gástrico.
Pode ser causado por excesso de hormônios, alimentação inadequada, excesso de álcool, estresse e até pelo hábito de comer muito depressa e sem mastigar direito. O tratamento é feito com medicação.
Intolerância alimentar
É provocada pela ausência, no estômago, de uma ou mais enzimas responsáveis pela digestão de alguns ingredientes. Os mais comuns são glúten, proteína presente no trigo e outros cereais, e a lactose, o açúcar do leite.
Depois do diagnóstico, deve-se restringir o consumo de alimentos que contenham a substância causadora do problema.
Úlcera péptica
A úlcera péptica é uma ferida na parede do estômago. Também é causada pelo H. pylori, bem como pelo consumo excessivo de medicamentos, como anti-inflamatórios e antiplaquetários.
O tratamento é feito com antibióticos e supressores gástricos, além de se fazer a redução dos medicamentos que provocaram o problema inicialmente.
Pode ser confundida com outras doenças ainda mais graves e que geram úlceras, como doença de Crohn e câncer. Por isso, é fundamental procurar um diagnóstico o quanto antes.
Pancreatite
É causada, sobretudo, pelo consumo excessivo de álcool. Na forma aguda, são formados pequenos cálculos que provocam dor muito forte no estômago. Na forma crônica, ocorre enrijecimento dos tecidos, com atrofia do órgão.
A doença não tem cura, mas pode ser tratada com medicamentos para controlar os sintomas.
Colelitíase (cálculo na vesícula biliar)
A vesícula é um pequeno saco localizado no fígado, onde se produz a bile, líquido que atua na digestão de gordura e absorção de vitaminas. Pelo consumo de alimentos muito gordurosos, o colesterol e o cálcio presentes na vesícula podem formar pequenas pedras, os cálculos biliares.
Além da dor insuportável, podem surgir sintomas como náusea e vômitos. Os cálculos podem ser eliminados naturalmente, com a ajuda de medicamentos ou por meio de cirurgia, quando são maiores que 3 cm.
Infarto agudo do miocárdio
Parece estranho, mas um dos sintomas do infarto é exatamente a dor no estômago. Além disso, é comum sentir uma dor no braço e, claro, no lado esquerdo do peito. O problema acontece por causa de um entupimento na artéria coronária, impedindo a circulação de sangue no músculo cardíaco (miocárdio).
Diferentemente das doenças no próprio estômago, o infarto pode levar à morte imediata se não for tratado. Por isso, deve-se procurar um médico assim que esses sintomas aparecem.
Câncer no estômago
O câncer no estômago é um dos tipos de câncer mais frequentes em homens e mulheres. Pode tanto surgir sozinho como a partir da evolução de outras doenças estomacais, como a gastrite e a úlcera.
Na maioria dos casos, ocorre uma leitura errada do DNA, fazendo com que as células do estômago se multipliquem exageradamente. O tratamento, geralmente, é feito com quimioterapia e cirurgia para a remoção do tumor.
Quais os sintomas mais frequentes além da dor?
Alguns sinais de alerta devem ser atentamente observados e indicam maior gravidade. São eles:
- dor epigástrica em pessoas acima de 55 anos;
- história familiar de câncer gastrointestinal;
- perda de peso importante e espontânea;
- sangramento nas fezes;
- vômitos persistentes ou com sangramento;
- dificuldade progressiva ao engolir os alimentos;
- dor ao deglutir;
- anemia por deficiência de ferro sem causa definida;
- massa abdominal;
- quadro de icterícia.
A dispepsia funcional — definida como presença de plenitude pós-prandial (empachamento) e/ou sensação de saciedade precoce e/ou dor epigástrica e/ou queimação nos últimos três meses — é uma importante causa de dor no estômago.
Vários fatores são associados a essa doença, como:
- alteração da movimentação gastrointestinal;
- aumento da sensibilidade visceral;
- fatores genéticos;
- infecção pela bactéria H. pylori e outras;
- gastroenterite;
- doenças psiquiátricas, como ansiedade e depressão.
O diagnóstico deve ser realizado pelo gastroenterologista a partir do histórico do paciente (doenças prévias, uso de medicações, hábitos de vida), exame físico e exames anteriores.
São solicitados exames de acordo com o quadro do paciente, entre eles:
- exame de sangue e de fezes;
- endoscopia digestiva alta;
- ultrassonografia de abdômen;
- tomografia computadorizada.
Como tratar e prevenir as doenças gastrointestinais?
A adoção de algumas medidas pode ser útil na prevenção e no auxílio do tratamento de algumas das doenças que causam dor no estômago, tais como:
- manter dieta equilibrada, rica em fibras e pobre em gorduras;
- comer a cada três horas;
- parar de fumar;
- reduzir o consumo de café e refrigerantes;
- evitar alimentos ácidos, gordurosos e doces;
- fazer atividade física regularmente.
O tratamento vai depender da causa da doença, podendo ser feito com:
- terapia de supressão ácida (antiácidos, bloqueadores de bomba H2 e inibidores de bomba de prótons);
- procinéticos;
- antidepressivos;
- antibióticos para tratamento de H. pylori;
- tratamento de parasitoses;
- dieta sem lactose e reposição de lactose, em caso de intolerância à lactose;
- cirurgia, nos casos de colelitíase e câncer.
Enfim, a dor no estômago precisa ser tratada de maneira adequada, de acordo com as suas causas. Por isso, é fundamental procurar um médico logo que o sintoma começar. Depois do diagnóstico, o tratamento deve ser realizado conforme a indicação do profissional.
Caso sinta dor no estômago, procure um gastroenterologista agora mesmo! Confira a disponibilidade de um profissional próximo de você.