Conhecida como “pique” ou “corte”, a episiotomia é um procedimento realizado em alguns partos para aumentar a passagem de saída do bebê pelo canal vaginal.
Praticada desde o século XVIII, e bastante difundida a partir do século XX, a episiotomia passou a ser feita de forma muito frequente.
Atualmente, esse procedimento é bastante questionado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já recomendou que ela não deve acontecer sem que haja plena necessidade.
No entanto, o corte no parto normal ainda gera muitas dúvidas e opiniões contrárias, principalmente nas gestantes.
Então, continue acompanhando o texto e descubra o que é episiotomia, como esse procedimento é feito, quais os riscos para a mulher e as reais condições para sua utilização. Vamos lá? Boa leitura!
O que é episiotomia?
A episiotomia é um corte cirúrgico feito no períneo, durante o parto normal, no momento da expulsão do bebê. Esse procedimento é feito quando a cabeça do feto começa a sair para facilitar sua passagem e evitar as lacerações ou “rasgos” na região.
O períneo é a região localizada entre a vagina e o ânus. Ele dá sustentação aos órgãos pélvicos, como bexiga, útero, reto e intestino, assim como para toda a parte baixa do abdômen (pelve).
Na gestação, o períneo desempenha um esforço bem grande devido ao peso do bebê, e é essencial na hora do parto para sustentar a expulsão do bebê pelo canal vaginal.
Mas afinal, qual a história por trás da episiotomia?
Segundo pesquisa, a primeira aparição desse corte ocorreu em 1742, tornando-se procedimento rotineiro nos hospitais durante o século XX. Nesta época, acreditava-se que o período expulsivo do bebê precisava ser rápido, em cerca de 15 minutos, por motivos de segurança, para não haver laceração do períneo.
Para isso, vários métodos passaram a ser utilizados, como a ocitocina sintética, o rompimento da bolsa amniótica, a manobra de Kristeller e a episiotomia, que alcançou quase 70% dos partos normais.
Em 1983, depois, em 1993 e, novamente, em 2009, estudos demonstraram que fazer a episiotomia em todo o parto não trazia benefícios à mulher e nem ao bebê. Ou seja, aquilo que se acreditava ser uma ótima prática, já não era mais.
Com isso, a episiotomia não era mais justificada para a proteção do períneo, uma vez que evidências mostraram que, em partos normais, 70% dos períneos ficam íntegros e somente 30% apresentam lacerações, que podem ser dividas em:
- 1º grau: superficial, atingindo apenas a mucosa vaginal e o tecido subcutâneo, não precisa de pontos, pois cicatriza sozinha.
- 2º grau: um pouco mais profunda, atingindo as camadas musculares do períneo, precisando de pontos para se recuperar;
- 3º grau: é uma lesão que caminha em direção ao ânus, acometendo o esfincter anal, o anel muscular que mantém o ânus fechado;
- 4º grau: atinge o ânus e a mucosa retal, é o quadro mais grave de laceração.
Para evitar que elas ocorram, a mulher deve fazer atividades físicas de fortalecimento para a região pélvica, para que o períneo se fortaleça para hora do parto.
Fisioterapeutas especializados em gestação sabem como ativar essa musculatura, mas, também é imprescindível cuidar da saúde de forma geral.
Por exemplo, mulheres obesas, muito provavelmente terão a musculatura perineal enfraquecida. Isso porque, atividades físicas de intenso impacto, prisão de ventre e obesidade são algumas das condições que enfraquecem a região perineal.
Como esse procedimento é feito?
O corte na episiotomia é feito sob anestesia local. Para o procedimento, é utilizado uma tesoura cirúrgica. O corte tem de 3 a 4 centímetros e é feito no período expulsivo do trabalho de parto, após a dilatação total.
Depois da episiotomia, o corte é fechado com uma sutura de alguns pontos, formando a chamada episiorrafia.
O local fica normalmente inchado, a paciente sente dores e aparecem hematomas. A cicatrização costuma durar em média de 2 a 3 semanas.
Os pontos são absorvidos pelo organismo ou caem naturalmente.
Por fim, é comum algumas mulheres terem dúvidas sobre como fica a vagina após episiotomia, então vamos esclarecer: após o parto normal, é comum sentir a vagina e vulva um pouco mais flácidas e um peso na região íntima.
No entanto, a musculatura do assoalho pélvico, mesmo com episiotomia, volta ao normal, e a vagina e vulva recuperam seu aspecto original anterior à gestação.
Quais os riscos?
Mas afinal, quais são os riscos da episiotomia? Estudos já demonstraram que afirmar que a episiotomia previne laceração é um raciocínio errado. Isso porque, muitas vezes, o nascimento do bebê não causa nenhum tipo de corte no períneo.
Sem contar que o próprio procedimento aumenta o risco de uma laceração mais profunda, que talvez não fosse nem necessária.
A seguir, confira os riscos que a episiotomia oferece:
Sangramento e dor no local do corte
Esse é um dos riscos mais comuns e prováveis. Como o local é bastante sensível e úmido, a mulher ao sentar acaba forçando o corte e pode causar dor e sangramento de leve a moderado.
Incontinência urinária
Durante o processo de recuperação, as cicatrizes da episiotomia podem prender-se à parede frontal da bexiga, provocando incontinência de urgência, aquela forte necessidade de ir ao banheiro.
Infecção no local do corte
O local é bastante úmido e de difícil cicatrização. No total, pode demorar até 1 mês para total recuperação, que exige cuidados constantes, como manter a região limpa e seca, e utilizar calcinha de algodão ou descartáveis por todo o período.
Aumento no tempo de recuperação pós-parto
O tempo de cicatrização da episiotomia varia de mulher para mulher, dependendo do tamanho e da profundidade do corte. Isso aumenta o tempo de recuperação do pós-parto normal que, geralmente, é algo bastante simples e rápido, justamente por não haver cortes.
A episiotomia é mesmo necessária?
Atualmente, a Federação brasileira das associações de ginecologia e obstetrícia e a OMS, não incentivam a prática, já que não existem evidências científicas que definam a indicação do procedimento.
Sendo assim, a episiotomia é considerada um procedimento médico cujos riscos não compensam os benefícios, que deve ser praticado exclusivamente nos casos de sofrimento do bebê ou complicação no parto que coloque em risco a vida e a saúde da mãe e do bebê.
Assim como todos os procedimentos realizados, no caso de haver uma episiotomia, o médico deve registrar em prontuário que o procedimento foi realizado.P
Além do mais, é sugerido que a gestante consinta com a realização do procedimento para que ele possa ser realizado, após ter sido devidamente orientada e esclarecida.
A episiotomia pode ser indicada nos seguintes casos:
- Risco elevado de lacerações graves no períneo, que podem atingir o intestino;
- Sofrimento fetal;
- Bebê acima de 4kg;
- Falha no progresso do trabalho de parto;
- Se o bebê está demorando para nascer devido ao períneo.
É importante estar informada e buscar assistência médica em locais onde você se sinta segura. Também é fundamental tirar todas as suas dúvidas com o médico que estiver atendendo você.
A relação gestante-médico é importantíssima para que o momento do parto seja o mais tranquilo possível.
Para isso, a mamãe precisa ganhar confiança para acreditar na opinião do profissional e o médico precisa acatar as decisões da mulher, trazendo seus pontos de vista, mas sempre lembrando que ela é a protagonista.
Se você está grávida, ainda tem dúvidas sobre episiotomia ou deseja informações para programar seu parto, agende uma consulta com um de nossos ginecologistas ou obstetras, pelo site ou app, disponível tanto para Android quanto iOS).