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Etarismo: não deixe o preconceito (alheio) te definir

Mulher mais velha com cabelos brancos e camisa azul clara sentada em uma cama e segurando uma bengala. Na imagem também é possível ver uma mesa de cabeceira marrom com um vaso de planta.

Alguém já te falou que devido à sua idade você não pode ou não é capaz de realizar uma determinada tarefa? Essa atitude é uma das bases do etarismo, preconceito que afeta principalmente as pessoas idosas.

Segundo um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) feito na Europa um a cada dois indivíduos cometem o ageismo (outro nome para a mesma discriminação).

Aqui no Brasil, por exemplo, 16,8% da população acima de 50 anos relatou que já foi vítima de alguma intolerância relacionada ao seu processo de envelhecimento.

Enquanto isso, segundo a pesquisa Idosos no Brasil feita pelo Sesc São Paulo e Fundação Perseu Abramo, que contou com a opinião de 4.144 brasileiros, 81% dos entrevistados (sendo 2,3 mil deles acima dos 60 anos) indica que o etarismo é sim uma realidade no País, infelizmente. 

É fato que o preconceito etário está intrínseco em nossa sociedade, assim como diversos outros. É necessário, portanto, aprender mais a respeito para o conhecimento ser uma forma de combate.

A discriminação por idade existe?

Segundo os dados apresentados, é possível afirmar que sim. E é interessante trazer essa discussão para o cotidiano. Veja a lista de situações abaixo e reflita se você ou pessoas próximas já passaram por alguma delas:

Esses episódios são só alguns exemplos. A essência do etarismo é a concepção de que após certa idade uma pessoa não consegue e/ou não é capaz de aprender ou exercer novas atividades ou funções, seja no âmbito profissional ou pessoal.

Por essa ótica preconceituosa acredita-se que pessoas de mais idade perdem a capacidade de viver por si mesmas, trabalhar e fazer ações básicas do dia a dia.

Etarismo feminino

Durante toda a vida pessoas que se reconhecem no gênero feminino são cobradas por manter um padrão estético e de conduta, inclusive na velhice. Por exemplo: você já reparou como homens mais velhos são muitas vezes considerados mais charmosos enquanto isso geralmente não ocorre com as mulheres? 

Por conta dessa diferenciação, também nítida no viés profissional, existe uma subdivisão do ageismo chamada de etarismo feminino.

Nesse sentido, quando uma mulher decide abraçar as mudanças naturais do seu corpo e parar de responder às expectativas do que é considerado padrão para uma pessoa mais velha, comentários, olhares maldosos ou piadas constrangedoras começam a surgir.

E não são poucas as motivações para essa exposição negativa ao processo de envelhecimento. O aparecimento de cabelos brancos, uso ou não de maquiagem e roupas mais curtas, tamanho do cabelo, decisão de não se aposentar e até as rugas: todos são bons exemplos do que pode ser alvo de críticas.

Por outro lado, as mulheres que optam por procedimentos estéticos na velhice também estão sujeitas ao etarismo feminino, já que elas podem estar “tentando parecer mais jovens” ou “não aceitando sua realidade”.

Tudo é ainda mais crítico quando pensamos no mercado de trabalho. Segundo a Global Learner Survey, 74% das 6 mil entrevistadas afirmaram que a aversão pela idade é um empecilho também no momento de buscar novas oportunidades de emprego.

A verdade é que, quando pensamos no tema do envelhecimento feminino, parece não existir um caminho correto a ser seguido – ou com menos empecilhos. Por isso, o que realmente deve importar é se a felicidade e o bem-estar das mulheres existem, de fato, nessa fase da vida.

Como o etarismo impacta a saúde?

Imagem ilustrativa (iStock)

Ser alvo de rejeição por estar em uma etapa natural da vida já indica o quanto essa intolerância pode ser prejudicial de diversas formas.

Essa repulsa, associada à necessidade de corresponder a um padrão de envelhecimento e aos casos de comentários maldosos sobre a idade, pode afetar a saúde mental de forma permanente, causando ansiedade e depressão em alguns casos.

Outros impactos na qualidade de vida também podem ser notados, inclusive no quesito financeiro. Um exemplo disso é o valor de muitas aposentadorias que não é digno o suficiente para garantir qualidade de vida adequada. 

O que fazer para combatê-lo?

Todas as pessoas precisam estar atentas às situações, mesmo aquelas mais sutis, que promovem o preconceito etário. 

Mas como agir?

Pessoas mais novas

Imagem ilustrativa (iStock)

Pessoas jovens devem colaborar no processo de conscientização sobre esse tema e entender quais comentários e ações são discriminatórios para, assim, serem evitados.

A disseminação de informações úteis sobre o etarismo é uma ferramenta para isso, uma vez que pode promover discussões buscando ouvir o que pessoas com mais idade têm a dizer sobre como se sentem para estabelecimento de uma nova relação e do respeito.

Veja, por exemplo, algumas falas que devem ser evitadas no dia a dia:

Pessoas de mais idade

Pessoas com mais idade devem lembrar-se de que o etarismo não deve ser normalizado. Por isso, não há motivo de vergonha em iniciar diálogos sobre esse assunto com pessoas de confiança. 

Por outro lado, a discriminação etária é crime e deve ser tratada tão seriamente quanto qualquer outro preconceito, inclusive por meios legais.

Além disso, é fundamental focar no mais importante: cuidar do bem-estar, tanto físico – com exercícios, boa alimentação, sono regulado e check-ups médicos – quanto mental, com melhora na vida social e contato com aqueles que você ama. 

Para se curar das feridas 

O preconceito magoa, entristece e afeta o estado psicológico. Procurar ajuda de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem auxiliar neste momento. 

Etarismo é crime!

Segundo dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pirâmide demográfica brasileira já mostra um momento acentuado de envelhecimento da população.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua também evidencia que, de 2012 a 2022, o percentual de pessoas com mais de 60 anos no Brasil passou de 11,3% para 14,7%.

Para acrescentar, a estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é de que, em 2100, a população brasileira de idosos represente 40,3% do total.

Todos esses dados indicam o envelhecimento populacional e que a preocupação com o bem-estar mental e jurídico dessas pessoas se tornam cada vez mais relevantes e importantes. Uma prova disso é a inclusão do ageismo como crime na Constituição Federal. 

O artigo 3 proíbe qualquer tipo de preconceito em relação à origem, raça, sexo, cor e idade, com pena de reclusão de seis meses a um ano, além de multa.

O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003), inclusive, esclarece que é crime “discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade”

Além desse estatuto, dois outros recursos estão disponíveis para o combate ao etarismo:

O respeito é um direito de todos e não importa qual seja a idade.

Vale ressaltar que, apesar de ser um delito previsto por lei, atos preconceituosos continuam acontecendo. Assim, a qualquer sinal de discriminação, seja ela qual for, busque seus direitos legais.

Te convidamos a visitar nossos canais e conscientizar as pessoas próximas a você sobre esse tema. Estamos constantemente compartilhando informações para que as pessoas vivam bem nos aspectos físico, mental e social, em qualquer fase da vida. 

Fontes:

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