Desde meados de 2015 os cigarros eletrônicos (PODs e Vapes) começaram a se popularizar no Brasil, inicialmente como alternativa para fumantes regulares pararem com o vício, mas com o passar do tempo, a fama do aparelho subiu entre os jovens e foi surgindo muitos casos, da agora chamada, doença Evali.
O que é a doença Evali?
Evali é uma sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping.
A doença é uma lesão pulmonar associada ao uso dos aparelhos, descrita pela primeira vez em 2019, nos Estados Unidos, em usuários.
Acredita-se que tenha relação com um diluente utilizado nesses dispositivos que afetam o pulmão, causando um tipo de reação inflamatória.
Por meio da Lei de Acesso à informação, a The Intercept Brasil fez um levantamento e constatou que até agosto de 2020 haviam sido notificados sete casos de Evali no Brasil, porém desde então o número de usuários aumentou consideravelmente.
Quais são os sintomas da Evali?
Segundo especialistas, até o momento os principais sintomas apresentados são:
- Tosse;
- Falta de ar;
- Dor no peito;
- Dores na barriga, vômitos e diarreias;
- Febre e calafrios;
- Perda de peso.
Pelos sintomas da Evali, ela pode ser facilmente confundida com um quadro gripal, ou até mesmo Covid-19. A qualquer sinal da doença, a avaliação de um médico é imprescindível.
Além disso, a doença pode causar fibrose pulmonar, pneumonia e chegar à insuficiência respiratória, levando o paciente a necessitar de internação em uma UTI.
O cigarro eletrônico no Brasil:
Em abril de 2022, o relatório Covitel trouxe dados inéditos sobre o uso de cigarros eletrônicos no Brasil.
Segundo a pesquisa feita com nove mil pessoas pelo país, pelo menos 1 a cada 5 jovens de 18 a 24 anos usa cigarros eletrônicos no Brasil, ou seja, quase 20%.
O índice é de 10,1% entre os homens e 4,8% entre as mulheres. A região que mais usa cigarros eletrônicos é o Centro-Oeste (11,2% da população).
Mesmo com a popularização entre os jovens, vale lembrar que os cigarros eletrônicos são um produto de comercialização proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Qual é a principal diferença entre o cigarro normal e eletrônico?
O cigarro tradicional possui mais de 7 mil substâncias tóxicas para o organismo e gera fumaça a partir da queima do tabaco.
Este tipo de queima é extremamente perigoso para a saúde humana, já que essa fumaça gerada pode causar danos aos tecidos dos órgãos do corpo humano, além de possuir elementos inflamatórios.
O câncer de Traqueia, Brônquios e Pulmões é o câncer que mais mata homens e o segundo que mais mata mulheres no Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer).
Os cigarros eletrônicos são aparelhos mecânico-eletrônicos compostos por bateria de lítio e diferentes mecanismos de funcionamento.
Os mais comuns são os dispositivos eletrônicos com tabaco aquecido, neles não acontece a queima do tabaco, não é produzida uma fumaça, mas sim um vapor.
Embora os eletrônicos liberem menos substâncias ruins que as tradicionais, não quer dizer que sejam menos danosos.
De acordo com a OMS, os cigarros eletrônicos podem liberar mais de 80 substâncias e estão entre elas: nicotina, substâncias cancerígenas e com potencial explosivo, metais pesados, além de produtos utilizados na indústria alimentícia.
O que pode causar a doença de Evali?
Segundo especialistas, a composição dos cigarros eletrônicos contém, além de nicotina, muitos aditivos (provavelmente não regulamentados) que agem ao aquecer para “fabricar” a fumaça, se tornando muito difícil definir qual substância será no final, podendo causar diversos danos à saúde.
Outro estudo que podemos analisar é o publicado no periódico Thorax, onde foi revelado que o vapor emitido por cigarros eletrônicos pode ser responsável por desativar as principais células do sistema imunológico no pulmão e aumentar as inflamações no organismo.
Ainda não se sabe a exata substância ou circunstância que causa a doença, mas um dos meios de evitá-la é a suspensão imediata do cigarro eletrônico.
E como tratar?
Após o diagnóstico médico, pode ser necessária a internação do paciente para melhor tratamento. Em casos mais graves pode haver a necessidade de ventilação mecânica.
A pessoa com Evali pode ser (mediante a avaliação médica) encaminhada a um fisioterapeuta para normalizar a situação e retornar o mais rápido possível à sua rotina com o mínimo de sequelas possível.