Festa junina saudável: como curtir tendo intolerância alimentar?
Uma das épocas mais aguardadas do ano está chegando: a das festas juninas ou julinas. Essas comemorações, que têm relação com o catolicismo popular, já existiam na Península Ibérica (Espanha e Portugal) e foram trazidas para cá pelos portugueses no século XVI.
Atualmente, inclusive, é difícil falar desse tema sem lembrar das comidas típicas: pamonha, curau, pipoca, milho, pé de moleque, arroz-doce, canjica e etc. Porém, como ficam aqueles que têm condições de saúde ou restrições alimentares que impedem o consumo desse cardápio? É possível ter uma festa junina saudável mesmo assim?
No Brasil, por exemplo, cerca de 8% da população têm alguma limitação alimentícia, segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). E é claro que essa parcela também merece se divertir e se alimentar bem. Saiba como ter momentos proveitosos, sem abrir mão da sua saúde.
Antes de mais nada: o que é intolerância alimentar?
Quando comemos algo saboroso, sentimos prazer. No entanto, para alguns grupos, a ingestão de determinados alimentos provocam incômodos, como inchaço intestinal, cólicas e diarreias – o que é chamado de intolerância alimentar.
Segundo o Ministério da Saúde, essa condição faz com que o sistema gastrointestinal seja afetado com a fermentação que é desencadeada pela falta das enzimas que ajudam na digestão.
Um exemplo é a intolerância à lactose, que ocorre na falta da lactase, substância enzimática usada para digerir o leite. A pessoa com intolerância alimentar pode sentir:
- dor de cabeça;
- dor abdominal;
- sensação de queimação no estômago;
- excesso de gases.
Quais os tipos comuns?
Existem duas categorias de intolerância principais:
- intolerância à lactose: relacionada ao consumo de leites, queijos e os demais laticínios.
- ao glúten: pães, massas, bolos, biscoitos e tudo que contenha trigo está nessa categoria.
- intolerância ao milho: essas proteínas geram mal-estar quando são consumidas diretamente ou quando são utilizadas como ingrediente nas receitas.
- à castanha e amendoim: o mesmo acontece nesse caso, uma vez que as substâncias não são digeridas corretamente pelo organismo.
É o mesmo que alergia alimentar?
Não. Nas situações de alergias, segundo o Ministério da Saúde, a reação parte do sistema imunológico, que entende o alimento como algo perigoso e tenta “combatê-lo”.
Os sinais alérgicos podem ser imediatos ou demorar mais tempo para aparecer, porém, costumam ser mais graves que os da intolerância alimentar e estão relacionados a:
- coceiras na pele;
- erupções cutâneas;
- diarreia;
- vômitos;
- inchaços;
- dificuldade para respirar.
E como saber se tenho intolerância alimentar?
Mesmo que você tenha observado incômodos ao ingerir um ingrediente específico, a melhor escolha será sempre procurar ajuda profissional para receber uma avaliação correta.
Os especialistas que podem contribuir para o diagnóstico são os médicos gastroenterologistas (que cuidam do sistema digestivo), os alergistas e os nutricionistas.
Geralmente, o primeiro passo é a eliminação do alimento suspeito da rotina. Também podem ser solicitados testes de sangue que ajudam na verificação da presença de certos anticorpos.
Outro exame é o respiratório. Nele, a pessoa deve assoprar um equipamento para que sejam checados aspectos da digestão revelados pelo ar (hidrogênio expirado).
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Intolerância alimentar e festa junina
Caso você tenha descoberto essa condição, saiba que existem maneiras de controlar os desconfortos causados por ela. A primeira iniciativa, claro, é seguir o tratamento prescrito.
Para aproveitar as festas juninas, você também pode optar por recriar as comidas típicas ou simplesmente evitar o grupo alimentício em questão, substituindo por outros que possa comer e beber livremente.
Para quem tem restrição à lactose
Se estiver neste grupo você, normalmente, encontrará várias opções no cardápio que não levam leite e derivados, entre elas:
- milho-cozido;
- cuscuz;
- pipoca;
- caldo de mandioca;
- baião de dois.
Para quem tem restrição ao glúten
Evite tudo com trigo na composição, principalmente, os bolos, pães e biscoitos. Você pode buscar por versões sem glúten e aproveitar outras iguarias, como:
- milho-cozido;
- pipoca;
- caldo de mandioca;
- paçoquinha;
- curau;
- pé-de-moleque.
Atenção aos doces
Em relação às sobremesas, é interessante tomar uma atenção mais especial, uma vez que podem contar com vários itens na sua composição. Para facilitar:
- curau: tem milho, leite e, eventualmente, castanhas.
- pé de moleque: tem amendoim e certas versões levam leite ou leite condensado.
- cocada: pode conter leite condensado, milho, glúten ou castanhas.
- canjica com amendoim: intolerantes à lactose, milho e castanhas devem evitar.
- pipoca doce: a base é o milho.
- arroz-doce: leva leite e possui glúten.
- paçoca: com base no amendoim, não é indicada para os intolerantes ao amendoim e às castanhas.
- doce de abóbora: não costuma ter lactose.
- bolo de milho: além do próprio milho, tem leite e glúten.
- pudim de leite: como o próprio nome diz, possui leite e glúten.
Vale a pena conversar com o seu médico para verificar com mais precisão o que você pode ou não consumir. Além disso, caso coma algo que parecia seguro, mas que causou sintomas, procure ajuda especializada.
Importante: as pessoas sem intolerância ou alergia também precisam ter moderação nas comidas típicas de festas juninas. A maioria é produzida com muito açúcar, o que pode elevar o índice de glicose no sangue, especialmente em pré-diabéticos ou diabéticos.
3 dicas para ter uma festa junina saudável
As dicas para aproveitar as comemorações de forma tranquila ainda não acabaram! Com pequenos cuidados, você pode degustar vários petiscos e curtir o momento. Entenda:
1. Faça substituições
Quem tem restrição já está acostumado a fazer substituições no dia a dia. Portanto, durante as festas juninas, mantenha esse cuidado. Veja os pratos disponíveis, como foram feitos e quais você pode comer.
Por exemplo, talvez você não possa degustar a canjica (que tem leite), mas pode saborear uma pipoca. Já para quem não pode consumir milho, tem o cachorro-quente, bolos, carnes, caldos e outras alternativas tão deliciosas quanto.
2. Leve sua comida, se preferir
Para não correr nenhum risco, uma alternativa é preparar suas próprias refeições e levá-las de casa. Assim, é possível cozinhar de forma mais segura e, com uma simples busca na internet, receitas típicas com adaptações podem ser encontradas.
Faça do seu jeito, mas não deixe de se comer, beber e se divertir!
3. Pergunte sobre os ingredientes
Vai a uma quermesse ou a uma festa junina que não seja na casa de alguém ou em outro ambiente conhecido?
Também é interessante perguntar sobre os itens do cardápio aos vendedores das barraquinhas ou de food trucks. Lembre-se que estamos falando da sua saúde!
A boa notícia é que mais comerciantes estão atentos às necessidades alimentares de quem tem restrições e, por isso, é mais fácil encontrar opções.
Aproveite as comemorações sem medo
Como você percebeu, é possível ter uma festa junina saudável e saborosa mesmo quando é preciso evitar certos alimentos.
A culinária brasileira é muito rica e não faltam variedades para todos os gostos e necessidades. Assim, você pode explorar o que tem na festa junina de A a Z!
Na dúvida sobre como ter um cardápio mais balanceado e com tudo o que você precisa, no dia a dia e não somente nas festividades, consulte um nutricionista.
E depois de conhecer essas dicas para se divertir muito nesse mês de junho, confira os outros materiais que temos aqui em nosso blog e que também te ajudarão a aproveitar a vida com mais bem-estar!
Fontes:
- Alergias e intolerâncias alimentares: saiba o que são – Portal do IFSC;
- Caminhos da Reportagem traz relatos de intolerância alimentar | Agência Brasil;
- Entenda as diferenças entre alergia e intolerância alimentar — Ministério da Saúde;
- Intolerância à Lactose – SBP;
- Intolerância à lactose | Biblioteca Virtual em Saúde MS;
- Manual de orientações para restrições alimentares.
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