Hoje, no Brasil, apesar da proibição de alguns tipos de fumos, existe uma variedade quase que incontável de fumos legalizados.
Considerado um fator de risco importante para as doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismo está relacionado ao desenvolvimento de aproximadamente 50 doenças.
Entre elas, vários tipos de câncer, doenças do aparelho respiratório, como enfisema pulmonar, e doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial e acidente vascular cerebral.
Mas não é só o tabaco que pode ser o responsável por doenças graves desenvolvidas através do hábito de fumar.
Estudos apontam que o consumo de cigarro eletrônico, que utiliza substâncias que possuem nicotina, está concentrado em jovens acima de 15 anos, na maioria das vezes moradores de cidades maiores, em classes sociais com maior renda, indicando a vulnerabilidade dos grupos mais jovens para a dependência de nicotina.
De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, o percentual de fumantes no país passou de 16,2% para 14,8%.
Apesar da queda histórica – é a primeira vez que o percentual fica abaixo de 15% – é comum os fumantes largarem o cigarro industrializado e partirem para outras formas de consumo do tabaco, como charutos, cachimbos, narguilés, além dos famosos cigarros eletrônicos, que também são perigosos.
Fumos legalizados e seus riscos
Aproveite para entender mais sobre as diferenças entre os principais fumos legalizados no Brasil.
Cigarro convencional
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, todo componente do cigarro é nocivo à saúde.
Além disso, as concentrações de nicotina costumam ser menores que as de outras formas de consumo do tabaco, isso faz com que a pessoa fume mais cigarros para satisfazer o vício, tendo ainda mais contato com os componentes tóxicos.
Cigarros ditos mentolados, que são aqueles com sabor (como menta e cravo), também devem ser evitados.
Os aditivos presentes nos chamados cigarros mentolados não amenizam o efeito nocivo do tabaco. Entretanto, ainda não é possível medir as consequências diretas do consumo desses aditivos.
Cigarros eletrônicos
O cigarro eletrônico se popularizou, principalmente entre os jovens, inicialmente, como uma alternativa para os cigarros convencionais. Desde o seu surgimento, ainda não houve estudos que comprovassem a eficiência contra o tabagismo ou mesmo a segurança do seu uso.
Os cigarros eletrônicos – também conhecido como Vape – funcionam a partir do aquecimento do líquido, que produz o vapor inalado pelos usuários. É muito comum que esse líquido contenha outras substâncias além da nicotina.
E vale ressaltar: essas substâncias estão presentes mesmo nos cigarros eletrônicos que não contêm nicotina.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o vapor emitido pelos cigarros eletrônicos pode causar ou aumentar as chances de doenças pulmonares, como enfisema pulmonar.
O Instituto alerta que o risco de experimentar cigarro convencional pode ser três vezes maior para pessoas que usam o cigarro eletrônico, e ainda, o risco de que a pessoa se torne usuária do cigarro comum é quatro vezes maior.
O cigarro eletrônico pode tornar as artérias e veias mais suscetíveis à formação de placas ateroscleróticas, aumentando o risco para complicações como o acidente vascular cerebral (AVC), especialmente em mulheres que fazem uso de pílula anticoncepcional.
Além disso, em 2009, a Anvisa proibiu a venda, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos, devido à ausência de dados científicos que pudessem comprovar a segurança dos aparelhos.
A proibição também considera os riscos de doenças respiratórias e a possibilidade de explosão da bateria, que poderia causar queimaduras.
Narguilé
O narguilé se popularizou há alguns anos por sua praticidade de ser levado para diversos lugares e pela possibilidade de proporcionar um “lazer coletivo”, onde todos fumam juntos.
Um novo estudo publicado na revista americana Public Health Reports diz que o narguilé pode ser tão prejudicial, se não até mais, que o cigarro.
O problema, de acordo com os especialistas, é que a maioria dos usuários não sabem o quão prejudicial ele pode ser.
Você sabia que o narguilé não é capaz de filtrar fumaça, aumentando o consumo de algumas das substâncias nocivas contidas no tabaco?
Esses dados foram frutos da análise de mais de 542 artigos científicos sobre o tema. Estudos realizados pela Universidade de Brasília (UnB) indicam que uma única sessão de uso do narguilé equivale a inalar a fumaça de pelo menos 100 cigarros.
O dispositivo também apresenta 2,5 vezes a quantidade de nicotina no cigarro – e 10 vezes mais monóxido de carbono.
É importante conscientizar as pessoas de que mesmo se tratando de uma droga ou fumo legalizado, não quer dizer que oferece riscos ou fará menos mal que os proibidos.
Por isso, mais importante do que tentar decidir qual é pior, cigarro comum, eletrônico ou narguilé é estar informado e ciente dos riscos a que se está exposto quando se consome qualquer um deles.
Embora menos frequentes, vale lembrar que o efeito é o mesmo no caso do fumo passivo (entre as pessoas que estão em volta de quem está de fato fumando).
Cachimbo
A imagem do cachimbo é, para muitos, um símbolo de elegância e inteligência.
Fumantes de cachimbo podem achar que estão livres do perigos do tabagismo porque não estão tragando a fumaça.
Entretanto, há evidências científicas de que, mesmo sem a pessoa tragar, tanto o charuto quanto o cachimbo podem ser tão nocivos quanto o cigarro.
Mas o que poucas pessoas sabem é que o tabaco preto ou curado ao ar usado em cachimbos carrega um risco maior de câncer esofágico do que o tabaco usado nos cigarros.
Um estudo do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (National Cancer Institute) acompanhou 138.307 homens – sendo 15.000 fumantes de cachimbos – durante um período de 18 anos.
O estudo constatou que o consumo de cachimbo estava associado ao aumento da mortalidade causada por cânceres de pulmão, orofaringe, esôfago, laringe, pâncreas e colorretal, bem como doenças cardiovasculares, quando comparados aos não-fumantes do estudo.
Os pesquisadores relataram que fumar cachimbo confere um risco de doença associada ao tabaco semelhante ao tabagismo. As chances de a pessoa ficar viciada em cachimbo não são muito diferentes das do cigarro.
Charuto
Os charuteiros também acreditam que o charuto é mais ameno do que o cigarro, porque a fumaça não é tragada.
Um estudo realizado pela Sociedade Americana de Câncer aponta que o risco de infarto nos jovens charuteiros é maior que o risco em jovens que não fumam.
Você sabia que o tabaco do charuto contém as mesmas substâncias do tabaco do cigarro, das quais 40 são cancerígenas e 20 têm fortes indícios de ser?
O que o charuto não carrega são as outras mais de 4.000 substâncias químicas do cigarro.
Em contrapartida, durante o ato de fumar, o charuteiro absorve mais monóxido de carbono do que o fumante de cigarro, o que pode levar à isquemia no coração ou no cérebro – que é quando o fluxo de sangue é reduzido e o oxigênio não chega no órgão em quantidade suficiente.
O risco de desenvolver câncer de boca é muito maior para aqueles que costumam fumar charuto, do que para aqueles que fumam o cigarro convencional.
Isso acontece porque, segundo a Associação de Estudos sobre Álcool e Drogas, a folha usada no charuto é queimada ao sol, diferente dos cigarros industrializados, nos quais a folha é queimada em um forno a altas temperaturas, essa diferença faz com que ela seja absorvida pela mucosa da boca em vez do pulmão.
O charuto mantém as folhas do tabaco inteiras e não possui filtro, o que segundo especialistas intensifica os danos.
Então, qual destes fumos legalizados é o pior?
A verdade é que o tabaco fumado em qualquer uma de suas formas contribui de forma significativa para acidentes cerebrovasculares e infartos do coração.
O fato de constar ou não na lista de fumos legalizados não minimiza todas as consequências para a saúde.
Os produtos de tabaco que não produzem fumaça também estão associados ou são fatores de risco para o desenvolvimento de câncer além de muitas patologias buco-dentais.
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, que apresenta o panorama do uso atual de produtos derivados do tabaco, no Brasil, são mais de 160 mil mortes anuais atribuíveis ao tabaco, representando 443 mortes por dia.
O tabaco é responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano no mundo. A estimativa é que até 2030, o tabaco pode ser responsável por 10% do total de mortes globais.
Na dúvida sobre os demais malefícios dos fumos legalizados e de possíveis sintomas, procure um especialista.