Os principais componentes da saúde no trabalho
Não é de hoje que o local onde são desenvolvidas atividades profissionais de qualquer natureza é cercado de riscos. Por isso, a saúde no trabalho é indispensável para prevenir doenças ocupacionais, acidentes e outros agravos associados ao exercício de uma função.
Assim sendo, junto ao respeito às especificações necessárias para a preservação da integridade física e psicológica, tal aspecto deve ser visto sempre sob o olhar da prevenção e do cuidado coletivo, nos quais todos são responsáveis por evitar possíveis ameaças.
O conceito de saúde no trabalho (ou saúde ocupacional)
Esse termo leva em conta como a atuação profissional de um indivíduo interfere na chance de adoecimento ou de possíveis acidentes. Dessa forma, a Organização Mundial da Saúde reforça que para isso é fundamental:
- iniciativas que mantenham a saúde do trabalhador, incluindo sua capacidade de realizar a atividade laboral;
- a melhoria contínua em processos, garantindo que tudo o que cerca o trabalho seja seguro e saudável;
- o desenvolvimento de uma cultura interna com valores voltados a reforçar a segurança e a saúde.
Nesse sentido, parte dessas preocupações tem foco na atuação da especialidade denominada medicina do trabalho. Na prática, essa área busca avaliar a relação entre os indivíduos e o ambiente e atua para prevenir e tratar complicações.
As consequências das deficiências na saúde do trabalho
Determinadas ocupações laborais, ou seja, as atribuições exercidas no dia a dia, podem causar danos ao corpo ou à mente do profissional de várias maneiras, a curto, médio e longo prazo.
Para ilustrar com um exemplo, basta considerar que quem trabalha manipulando produtos químicos está exposto a riscos diferentes das pessoas que atuam em um escritório corporativo. Tanto o ambiente, quanto as condições são distintas.
Seja como for, os impactos sobre o bem-estar físico e mental são agrupados em três categorias:
- acidentes;
- doenças ocupacionais (ou seja, relacionadas ao trabalho);
- comprometimento psíquico.
1 – Acidentes
De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, o acidente de trabalho é aquele que ocorre em razão do exercício profissional. Normalmente, causa lesões ou perturbações que reduzem a capacidade funcional do indivíduo, temporária ou permanentemente.
Na lista de fatores que contribuem para um incidente do tipo estão desde o uso indevido dos equipamentos de proteção individual (EPIs) até jornadas extenuantes, que elevam o risco de erros.
Os dados do Observatório de Saúde e Segurança no Trabalho indicam que em 2022 foram notificados mais de 612 mil acidentes laborais no Brasil. O número considera apenas trabalhadores regulares.
2 – Doenças ocupacionais (ou seja, relacionadas ao trabalho)
Como o nome sugere, entram nessa classificação as enfermidades provocadas pela função profissional. Elas têm uma diferença fundamental com relação aos acidentes.
Enquanto o primeiro é um incidente agudo (ou seja, acontece de uma hora para outra), o adoecimento geralmente é um processo bastante lento.
Em outras palavras, isso significa que ele é resultado do acúmulo da exposição a determinado risco ao longo de meses ou de anos.
Um exemplo são as Lesões Por Esforço Repetitivo (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Essas condições surgem sobretudo pela falta de ergonomia em determinadas atuações, atingindo a coluna, o pescoço e os punhos.
3 – Comprometimento Psíquico
O trabalho é também um forte componente para implicações na saúde mental. Não por menos, essa é uma preocupação crescente para empresas e colaboradores.
Em geral, esse adoecimento se dá com base na interação entre o indivíduo e as circunstâncias profissionais. Nem toda pessoa responde igualmente a situações de estresse, por exemplo. Além disso, tal espaço pode amplificar situações de violência psicológica (bullying ou assédio). Alguns dos sinais que sugerem a evolução de um distúrbio do gênero são:
- queda de rendimento;
- oscilações de humor;
- sensação permanente de esgotamento;
- alterações no sono e na alimentação;
- abuso de álcool e de outras substâncias lícitas ou ilícitas;
- aumento da agressividade e da irritação;
- absenteísmo e presenteísmo;
- somatizações, com sintomas físicos em diferentes partes do corpo.
O processo de fragilização do bem-estar psicológico frequentemente ainda é encarado como fraqueza, falta de disciplina ou incapacidade.
No entanto, a OMS reforça que 15% dos adultos em idade para trabalhar provavelmente apresentam um quadro psiquiátrico. Tais condições, vale lembrar, são diagnosticadas e tratadas pelo psiquiatra.
No fim, estima-se que há uma perda de 12 bilhões de dias de trabalho por ano, de acordo com a Organização. Em termos monetários, o custo dessas faltas para a economia como um todo alcança 1 trilhão de dólares, conforme indica a entidade internacional.
A importância de se investir na prevenção e no cuidado
Toda iniciativa e esforços em prol de locais de trabalho mais saudáveis e que promovam mais bem-estar aos trabalhadores gera benefícios em mais de um nível.
De um lado, o trabalhador tem à disposição um local apropriado para demonstrar suas potencialidades, sem abrir mão do próprio bem-estar. Já para as empresas, isso se reflete em:
- ganhos de produtividade;
- aumento da satisfação, refletidos em melhores indicadores de engajamento;
- redução dos custos (como aqueles associados a faltas e afastamentos);
- diminuição da rotatividade com a melhora ou acompanhamento mais próximo e contínuo da saúde;
- manutenção da conformidade com a legislação trabalhista;
- maior eficiência no controle de índices de absenteísmo e de presenteísmo;
- atração e retenção de profissionais mais qualificados;
- fortalecimento da reputação do negócio.
Junto das obrigações legais, a valorização da saúde do trabalho tende a se transformar em um diferencial para organizações verdadeiramente preocupadas.
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Mapeamento dos riscos
Toda ação deve ter como norte o investimento na evitação de aspectos que possam representar uma perturbação à integridade.
Logo, é preciso adotar ferramentas e estratégias que mapeiem, comuniquem e eduquem sobre os riscos mais nítidos. Devem entrar nesse planejamento itens a resolução de questões envolvendo:
- componentes ambientais (físicos, químicos ou biológicos);
- disfunções ergonômicas, conforme as normas regulamentadoras;
- aspectos que possam favorecer um acidente;
- questões psicossociais, que interfiram na saúde mental.
A partir disso, cabe considerar ainda que promover a saúde no trabalho é algo que se dá em várias frentes.
A primeira delas, claro, é a consciência individual no uso de equipamentos de proteção individual e respeito às regras de organização.
Ao mesmo tempo, o autocuidado é indispensável para a preservação da aptidão física e psicológica. Assim, empresas e colaboradores precisam agir em torno de iniciativas que busquem ampliar hábitos saudáveis (exercícios físicos, alimentação equilibrada etc.).
Por fim, o suporte capacitado de profissionais de diversas áreas é relevante não apenas para fornecer orientações personalizadas. Eles também podem atuar na prevenção, no controle e no acompanhamento de qualquer alteração em estágio inicial. Com isso, é possível atenuar complicações mais graves e demais reflexos indesejados.
Fontes:
