Entre as complicações do diabetes, as que prejudicam a visão do paciente estão entre as mais comuns.
Denominada retinopatia diabética, a condição é determinada pela presença de lesões nos vasos sanguíneos que irrigam a retina e as estruturas do fundo do olho, responsável por captar e transmitir imagens ao cérebro.
Estima-se que até 39% da população brasileira com diabetes desenvolve essa complicação, de acordo com o Ministério da Saúde.
Por isso, é importante conhecer os sintomas, os fatores que contribuem para o seu desenvolvimento e quais exames e condutas ajudam a retardar complicações como a perda da visão.
Causas, tipos e incidência da retinopatia diabética
O quadro de hiperglicemia, níveis elevados de açúcar no sangue característico de pacientes com diabetes, é uma das causas da complicação, segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Quando em excesso, a glicose se liga a outras substâncias e contribui para que os vasos sanguíneos se tornam mais espessos e frágeis.
Isso aumenta a probabilidade de formação de coágulos, edema macular diabético (acúmulo de líquido na mácula, área central da retina) e de formação de vasos sanguíneos anormais (neovascularização), o que prejudica a visão do paciente e, com o tempo, pode levar à cegueira.
Existem, pelo menos, dois tipos da condição, como aponta estudo publicado na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação:
- retinopatia não proliferativa: ocorre quando há hemorragias e secreção de líquidos na retina, podendo ser de grau leve a grave;
- retinopatia diabética proliferativa: desenvolvimento de vasos anormais, que se caracterizam por ser extremamente frágeis e suscetíveis a hemorragias. Em casos mais graves, pode ocorrer o descolamento de retina e, consequentemente, o comprometimento da visão.
Segundo o Ministério da Saúde, 90% dos pacientes com diabetes tipo 1 terão algum grau de retinopatia diabética 20 anos após o diagnóstico do distúrbio metabólico; para os que convivem com o tipo 2, a taxa é de 60%.
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) ainda aponta o quadro como a principal causa de cegueira em pessoas de 20 a 74 anos.
Sintomas não aparecem logo de início
Em sua fase inicial, a retinopatia diabética não provoca sinais. Nesse sentido, a recomendação do Ministério da Saúde, da SBD e de outras entidades de saúde é que o paciente não espere até apresentar sintomas (visão turva, manchas escuras, flashes e/ou perda progressiva da capacidade de enxergar) e realize exames de rastreamento para que a detecção dessa complicação seja feita, o quanto antes.
Quando a detecção e o tratamento são iniciados precocemente, o risco de cegueira reduz em 95%, de conforme divulgado pela SBD. Para isso, é importante manter consultas regulares ao oftalmologista e verificar quais exames oculares devem ser realizados.
Segundo o Ministério da Saúde, as consultas devem ser realizadas anualmente. Com o Cartão dr.consulta, é possível acessar diferentes exames e especialidades médicas que auxiliam na investigação e no diagnóstico da retinopatia diabética. Além disso, por meio do programa Viva Bem, o paciente recebe suporte e orientações ao longo do tratamento de diabetes, hipertensão e colesterol alto (dislipidemia).
É possível a prevenção?
Além do rastreamento, é importante pensar em formas de prevenção da retinopatia diabética. Para isso, é preciso o controle da glicemia e os cuidados para que a pressão arterial se mantenha em níveis normais, informa o estudo da Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação.
Neste momento, vale lembrar os valores de referência considerados ideais tanto para a glicemia quanto para a pressão: 70 a 99mg/dL (em jejum) e 120/80 mmHg, respectivamente. Os parâmetros são da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica e da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
É preciso estar atento e evitar também os fatores de risco associados à retinopatia diabética, como tabagismo, alimentação inadequada, nefropatia diabética e colesterol alto.
Com essas informações e o manejo correto do diabetes, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida de quem convive com o distúrbio metabólico, além de diminuir o risco de complicações graves, como a perda da visão.
Fontes: