Orquite pode levar à infertilidade: entenda o que é a condição
Essa inflamação afeta um ou ambos os testículos – responsáveis pela produção de espermatozoides e de hormônios masculinos como a testosterona.
Pode ocorrer de forma isolada ou associada ao epidídimo (canal localizado atrás das estruturas), quadro chamado de orquiepididimite.
Embora não seja muito comum, a orquite gera sintomas dolorosos e, em alguns casos, pode comprometer até a capacidade reprodutiva, como destaca uma dissertação de mestrado da Universidade de São Paulo (USP).
Principais causas da orquite
A condição tem origem infecciosa, sendo desencadeada por diferentes agentes virais ou bacterianos. Entre eles:
- caxumba;
- Covid-19;
- infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Caxumba
Clinicamente chamada de parotidite infecciosa, é uma patologia viral sistêmica que atinge principalmente as glândulas salivares.
O vírus, transmitido por gotículas respiratórias, porém, pode circular pela corrente sanguínea e chegar à região, provocando dores intensas.
Segundo revisão publicada no Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, a complicação testicular é mais comum em adolescentes e adultos jovens, podendo levar à infertilidade em determinadas situações.
Covid-19
Pesquisas recentes apontam que o SARS-CoV-2 também é um agente que merece atenção. Uma revisão publicada no Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, por exemplo, revelou a presença da enzima ECA2 nos testículos.
Ela funciona como uma espécie de “fechadura” existente na superfície das células. Já o coronavírus, por meio de sua proteína Spike, atua como a “chave” que se encaixa nela, permitindo que o vírus adentre e inicie processos infecciosos.
Outro estudo de revisão integrativa, dessa vez publicado na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, concluiu que os resultados podem ser desequilíbrios hormonais, baixa qualidade seminal e disfunção erétil, contribuindo para a esterilidade.
Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)
Condições como clamídia e gonorreia estão entre as principais causas de inflamação testicular em homens jovens.
Quando não tratadas, podem evoluir para uretrite, epididimite e orquite, destaca o Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde.
Além disso, estudo realizado na USP mostrou que elas podem influenciar negativamente a espermatogênese e aumentar marcadores inflamatórios no sêmen, prejudicando a fertilidade.

Sintomas mais comuns da orquite
Muitas vezes o quadro aparece de forma súbita, apresentando:
- dor intensa na bolsa escrotal;
- inchaço e vermelhidão;
- febre e calafrios;
- desconforto ao urinar ou durante a relação sexual;
- sensação de peso no baixo abdômen;
- secreção uretral (nos casos relacionados a ISTs).
Esses sintomas podem ser confundidos com os de outras enfermidades, segundo protocolos clínicos do Ministério da Saúde, como a torção testicular. Por isso, é fundamental a avaliação médica imediata ao notar qualquer alteração.
Diagnóstico é feito em consulta e com exames
O urologista analisa as manifestações e realiza exame físico. Para confirmar a origem, pode ainda solicitar:
- ultrassonografia com Doppler, para averiguar a circulação testicular;
- exames de sangue e urina, que identifica infecções;
- testes de ISTs, quando há suspeita de transmissão sexual.
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Tratamento depende da causa identificada
Normalmente, ele envolve repouso, medidas medicamentosas e de suporte. Quando a origem é bacteriana, são recomendados antibióticos associados ao uso de anti-inflamatórios. Já nos quadros virais, o manejo é sintomático, incluindo analgésicos e compressas frias.
Em situações mais graves, especialmente ligadas à Covid-19, pode ser necessária a hospitalização para controle geral, conforme destacam revisões recentes.
Possíveis complicações
Se não tratada adequadamente, a orquite pode causar:
- atrofia testicular (redução de tamanho e função);
- abscesso escrotal (acúmulo de pus);
- infertilidade, devido a danos na produção e qualidade dos espermatozoides.
O atendimento precoce, segundo protocolos clínicos nacionais, reduz riscos de complicações e preserva a saúde reprodutiva.
Fontes: