A peniscopia e a infecção por HPV em homens
Embora muitas vezes seja negligenciada, a saúde masculina, do mesmo modo que a feminina, também depende de uma série de avaliações para garantir que tudo está bem. Exemplo disso é a chamada peniscopia.
Acima de tudo, cabe ressaltar que esse é um exame relativamente simples. Assim sendo, é sempre importante esclarecer os principais pontos sobre como ele é efeito e em que situações há essa solicitação.
Como sempre, toda informação é importante para reduzir estigmas e garantir que os homens reforcem o cuidado com a própria saúde.
No que consiste esse tipo de avaliação do órgão genital masculino?
Em resumo, a peniscopia é um exame que permite ao médico analisar em detalhes possíveis alterações na pele do pênis, do saco escrotal (ou seja, a região dos testículos) e da região ao redor do ânus.
Para isso, o equipamento utilizado é o colposcópio. Esse é o mesmo dispositivo utilizado em exames ginecológicos que avaliam a vulva e a vagina das mulheres, nos procedimentos conhecidos como colposcopia e vulvoscopia.
Na prática, ele consiste em uma espécie de lente de aumento, que pode amplificar dezenas de vezes as imagens capturadas. Assim, o profissional responsável pela análise consegue perceber até mesmo lesões invisíveis a olho nu.
Situações em que uma peniscopia é necessária
Quase sempre esse tipo de exame é solicitado para investigar possíveis infecções pelo papilomavírus humano conhecido como HPV. Isso pode acontecer quando:
- há lesões visíveis no pênis ou região anal;
- o homem mantém relações sexuais com um (a) parceiro (a) com diagnóstico de lesões que possam indicar a presença da infecção pelo HPV ou câncer do colo do útero;
- em caso de interações sexuais com múltiplos parceiros.
A infecção por este microrganismo se dá, sobretudo, a partir de contato sexual desprotegido (ou seja, sem o uso de preservativos). Ainda que seja muito comum, a maioria das pessoas não manifesta qualquer sintoma.
Enquanto isso, uma pequena fatia dos infectados desenvolvem lesões na forma de verrugas nos órgãos genitais. Elas podem ser clínicas (visíveis a olho nu) ou subclínicas (que não podem ser visualizadas sem equipamento específico).
A partir do momento do diagnóstico pela infecção do HPV, o médico pode prescrever o tratamento adequado para lidar com essas alterações. Todavia, há que se ressaltar que tais formações, sobretudo quando são imperceptíveis, são algumas causas mais comuns de tumores no colo do útero e no pênis.
Outras situações em que a peniscopia pode ser exigida
Junto das possíveis infecções pelo HPV, este exame também costuma ser útil nos seguintes casos:
- suspeita de outras infecções sexualmente transmissíveis (como a sífilis, por exemplo);
- alterações dermatológicas no pênis;
- investigação de casos de câncer peniano.
Na grande maioria dos casos, a peniscopia é solicitada por um urologista, o especialista que cuida do órgão reprodutor masculino. Além disso, a indicação pode partir também de um ginecologista de uma parceira diagnosticada com determinado tipo de alteração transmissível via contato sexual.
Como se preparar e o que esperar do exame
A peniscopia pode ser feita no próprio consultório médico. Ela é indolor e não precisa de cortes ou agulhas. Ainda assim, deve-se observar alguns cuidados nos dias anteriores à avaliação. Eles são fundamentais para evitar resultados equivocados:
- se abster de relações sexuais, com camisinha ou não, nas 72 horas anteriores;
- aparar os pelos da região pubiana, mas não os remover por completo com auxílio de lâminas ou qualquer outro método;
- manter a higiene normal da área, mas não aplicar nenhum produto ou medicamento sobre a pele;
- não lavar o pênis imediatamente antes da avaliação.
No dia do exame em si, o médico responsável pelo procedimento solicitará que o indivíduo se deite sem as roupas da parte de baixo do corpo. Em seguida, o primeiro passo da avaliação envolve a aplicação de uma solução de ácido acético (que apesar do nome, não causa nenhum incômodo) na região íntima.
O líquido deve ficar reagindo por alguns minutos. Sua ação faz com que possíveis lesões, mesmo que minúsculas, fiquem esbranquiçadas, facilitando a visualização.
Encerrada essa etapa, o colposcópio é utilizado para conferir de perto a condição da pele que recobre o pênis e as áreas próximas. Esse processo tende a durar no máximo 20 minutos.
Na maioria dos casos, não é necessário manter nenhum cuidado depois do exame. Assim, o homem pode retomar suas atividades naturalmente.
A necessidade de uma biópsia peniana
É possível que esse exame identifique algum tipo de lesão no pênis, nos testículos ou outro ponto da região íntima masculina.
Nessas circunstâncias, o médico responsável pela avaliação pode entender que talvez seja melhor investigar essa formação a partir de uma biópsia. Ela é feita por meio de aplicação de anestesia local e a posterior remoção de um pequeno fragmento da pele lesionada (ainda que de forma imperceptível a olho nu).
O material coletado é enviado para um médico patologista. Ele é capaz de analisar com cuidado as células daquele tecido e determinar a causa por detrás da lesão (incluindo infecções por HPV ou mesmo um câncer).
Homens que passam pela biópsia precisam respeitar cuidados adicionais após o procedimento. Em geral, eles devem se abster de qualquer relação sexual por alguns dias até que haja a cicatrização do local em que houve a remoção do fragmento.
Vale sempre considerar que esse é um segundo exame, ainda que complementar à peniscopia. Dessa forma, é normalmente cobrado à parte. Na dúvida, fale com seu médico ou o local em que se está realizando a intervenção.
Como ampliar a proteção contra o HPV?
Como ressaltado, a infecção pelo HPV tende a ser a causa mais frequente para a necessidade de uma peniscopia. Dessa forma, homens também podem adotar medidas adicionais para evitar a disseminação desse vírus, principal responsável por certos tipos de câncer. Para isso, é essencial:
- utilizar camisinha em toda forma de contato sexual;
- conversar com os parceiros(as) sexuais sobre a proteção contra essa e outras infecções sexualmente transmissíveis;
- realizar exames periódicos, mesmo que não haja nenhum sintoma aparente.
Essas avaliações ajudam na identificação das chamadas lesões precursoras de um câncer. Isso significa que, em um primeiro momento, elas são inofensivas, mas podem evoluir até formar um tumor. Nesses casos, o acompanhamento profissional costuma ser uma recomendação básica. Eventualmente, algum tipo de tratamento pode ser necessário.
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Homens podem tomar a vacina contra o HPV?
Ainda que, na rede pública, a imunização contra esse vírus só esteja disponível para meninos e meninas entre 9 e 14 anos e outros grupos dentro de circunstâncias específicas, homens até os 45 anos se beneficiam da aplicação das doses recomendadas.
Fora desse recorte de idade, a indicação prévia de um médico para a vacinação se faz necessária para orientar sobre as dosagens.
O esquema adequado varia de acordo com a idade da primeira dose, mas no geral dependem de duas ou três aplicações, geralmente dentro do intervalo de um ano. Atualmente, é possível encontrar na rede privada a versão nonavalente do imunizante, que protege contra nove subtipos do HPV, que são os responsáveis pela maioria das lesões genitais.
Com tudo isso, a peniscopia é mais um importante exame para à atenção saúde masculina. Quem recebe a indicação do exame deve manter a calma e conversar com o médico sobre a utilização dessa técnica e as consequências dos possíveis resultados.
Fontes: