Em 2022, o apresentador Tiago Leifert e a esposa, a jornalista Daiana Garbin, anunciaram ao público que sua filha Lua estava com retinoblastoma, tipo raro de câncer nos olhos. No próprio vídeo os pais já dão uma breve explicação e contam o porquê decidiram compartilhar o diagnóstico:
“É um câncer que acontece nas células da retina. Elas acabam tendo um crescimento desordenado e formando tumores. No caso da nossa filha, é bilateral. É muito difícil descobrir esse câncer e é por isso que estamos gravando esse vídeo”, explicou Daiana.
Confira o relato completo:
O que é retinoblastoma?
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), retinoblastoma é um tumor maligno (câncer) originário das células da retina, que acabam tendo um crescimento desordenado e formando tumores.
Essa é a parte do olho responsável pela visão, portanto, pode afetar um dos olhos, ou ambos, podendo causar a perda da visão, estrabismo (olhos vesgos) e a necessidade de remoção do globo ocular. A doença ocorre, geralmente, antes dos 5 anos de idade.
A raridade do retinoblastoma
O retinoblastoma é raro, mas é o tumor ocular mais comum na infância; com cerca de 400 novos casos todos os anos no Brasil, responde por 3% dos cânceres infantis. Dois terços dos casos são diagnosticados antes dos 2 anos de idade e 95% antes dos 5 anos.
Causas e tipos da doença
A causa do retinoblastoma pode ser:
- esporádico, ou seja, uma célula da retina sofre mutação (alteração genética) e passa a se multiplicar descontroladamente;
- hereditário: quando criança herda de um dos pais a alteração genética que predispõe à doença.
De acordo com profissionais da área, quando é hereditária, existe a chance de acontecer novamente em uma segunda gravidez.
A causa, normalmente, está ligada ao tipo de câncer, que é dividido em três classificações:
- unilateral: o tumor intraocular se desenvolve em apenas um olho. Aqui, 85% dos casos são esporádicos e 15% hereditários;
- bilateral: os dois olhos são afetados e é quase sempre hereditário;
- retinoblastoma PNET: também conhecido como retinoblastoma trilateral, este é o tipo mais raro da doença. Neste caso, além de atingir os dois olhos, o tumor também acomete os tecidos nervosos primitivos do cérebro.
Sintomas do retinoblastoma
Por ser uma doença rara, o número de especialistas no assunto é reduzido e ainda há falta de conhecimento desse tipo de câncer, o que pode atrapalhar a identificação dos sintomas.
É muito importante ficar alerta, já que um diagnóstico precoce faz toda diferença no tratamento. Leve a criança a um oftalmologista, se qualquer um dos sinais abaixo estiver presente:
- “Olho de gato”: crianças com retinoblastoma desenvolvem uma área branca e opaca na pupila, que se chama leucocoria, causada pela reflexão da luz provocada pela doença. No Brasil, essa condição é popularmente conhecida como “olho de gato” e é facilmente visível em fotos tiradas com flash;
- estrabismo (olho vesgo);
- Redução da visão em um olho;
- Dor no olho;
- Globo ocular maior que o normal;
- Olho preguiçoso ou desviado (ambliopia).
A importância do diagnóstico precoce do retinoblastoma
Assim como em outros tipos de câncer, o diagnóstico tardio reduz as chances de sobrevivência mas, se diagnosticado precocemente, a cura pode ocorrer em até 90% dos casos, de acordo com a TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer).
Sabendo dessa importância, foi criado um documento de Diretrizes de Atenção à Saúde Ocular na Infância que fala que já na maternidade, antes da alta, todos os recém-nascidos devem realizar o teste do reflexo vermelho (conhecido também como teste do olhinho).
Além do retinoblastoma, o exame é capaz de detectar catarata, glaucoma e toxoplasmose, e deve ser feito, pelo menos, de 2 a 3 vezes por ano nos três primeiros anos de vida. Por isso, a importância de levar a criança ao oftalmologista, como ressaltaram Leifert e Garbin no vídeo.
O profissional pode ainda solicitar outros exames, como o fundo de olho, ultrassonografia do globo ocular e ressonância magnética das órbitas oculares, para confirmar ou descartar o diagnóstico.
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Se a doença for confirmada, é feito o estadiamento para medir a extensão do tumor e seguir com o tratamento adequado.
Como é feito o tratamento do retinoblastoma?
Em centros especializados, nove em cada dez crianças com retinoblastoma são curadas. O tratamento tem como foco principal eliminar o câncer e salvar a vida da criança, preservar o olho, se possível, e limitar ao máximo os riscos de aparecimento de um segundo câncer mais tarde, especialmente nas crianças com retinoblastoma hereditário.
O tratamento vai depender se são os dois olhos afetados ou apenas um, do grau de visão que a criança apresenta e da avaliação se o tumor se disseminou ou não. A enucleação (retirada do globo ocular) ocorre apenas nos casos de tumores muito grandes e com ausência de visão no olho comprometido.
O tratamento do retinoblastoma busca destruir o tumor combinando diferentes terapias como laser, radio e quimioterapia, além de técnicas de congelamento do tumor, chamada de crioterapia.
De olho nos olhinhos
Ainda em 2022, Leifert e Garbin criaram a campanha “De olho nos olhinhos” com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre o retinoblastoma.
Em 2023, durante os dias 16 e 17 de setembro, a ação esteve presente em 9 shoppings nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Manaus, Belém e Curitiba. Na data, tinham atividades especiais para as crianças que iam até o local, além de especialistas para conversar com os pais e responsáveis sobre os principais sintomas e riscos da doença.
Leia também: saiba como descobrir sintomas de problema de visão em crianças e bebês.
Fontes:
Retinoblastoma: o tumor ocular mais comum em crianças | Fiocruz
O que é retinoblastoma | Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer