Erradicada das Américas desde 1990, a poliomielite ficou restrita ao Afeganistão e Paquistão por mais de 30 anos. Infelizmente, a doença voltou ao continente após uma pessoa apresentar sintomas da poliomielite em Nova York, nos Estados Unidos, em setembro de 2022.
Apesar de ser amplamente conhecida como paralisia infantil, a poliomielite não infecta apenas crianças, mas também adultos de todas as idades. Além disso, apesar de grave, não necessariamente todos os afetados pela doença ficarão paralisados.
Despertou o interesse sobre esse tema por aí? Então, você está no lugar certo. Continue acompanhando a leitura para aprender mais sobre esse tema tão importante para todos nós.
Nesse texto, vamos falar o que é, como se dá o seu contágio, quais as sequelas e sintomas da poliomielite. Além disso, vamos reforçar porque a vacinação é tão importante para erradicarmos essa doença, sendo a única forma de prevenção. Vamos lá?
Entendendo a poliomielite
A poliomielite, também chamada de paralisia infantil, pólio ou doença de Heine-Medin, é uma infecção viral aguda causada por um dos três poliovírus existentes. Essa doença contagiosa ataca o sistema neurológico e afeta o corpo inteiro, podendo, em alguns casos, causar paralisia dos movimentos musculares.
Inicialmente, o vírus se multiplica nos locais por onde ele entra no organismo, como boca, garganta e intestinos. Em seguida, cai na corrente sanguínea e pode chegar ao sistema nervoso, causando o tipo mais grave da doença, a paralisia dos membros.
Essa paralisia pode ser parcial, ou seja, somente membros inferiores ou superiores ou total, acometendo os membros inferiores e superiores.
A poliomielite frequentemente ocorre em crianças menores de quatro anos, mas também pode adoecer os adultos.
Existem três tipos de poliomielite, sendo eles:
- Poliomielite abortiva: trata-se de uma infecção com poucos ou nenhum sintoma. Tem um quadro muito parecido com outras doenças virais, dificultando o diagnóstico, já que a poliomielite não é facilmente vista na população. A maioria das infecções são desse tipo e acometem principalmente crianças pequenas. Quando apresentam sintomas, duram de 1 a 3 dias.
- Poliomielite não paralítica: cerca de 4% dos pacientes com infecção por poliovírus apresentam comprometimento não paralítico do sistema nervoso central As manifestações duram de 2 a 10 dias.
- Forma paralítica: é a forma mais grave da doença e atinge cerca de 1% dos infectados pelo vírus da poliomielite. Deixa sequelas permanentes e pode levar à insuficiência respiratória e até à morte. A paralisia causada nesses casos, geralmente afeta os membros inferiores de forma assimétrica, ou seja, apenas um dos membros. A perna perde a força e os movimentos, mas mantém a sensibilidade ao toque e dor.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 200 pessoas com poliomielite vai sofrer a chamada paralisia irreversível, que geralmente atinge as pernas. Dentro desse grupo, estima-se que de 5% a 10% dos pacientes vão a óbito devido à paralisia dos músculos respiratórios.
Infelizmente, não existe tratamento para esta doença. Os pacientes devem ser hospitalizados para receberem o tratamento adequado para os sintomas da poliomielite, conforme o seu quadro clínico.
Como é a transmissão?
Para entender como o contágio acontece, é necessário responder à seguinte pergunta: como age a poliomielite no corpo?
Você viu que as pessoas podem ou não apresentar os sintomas da poliomielite, já que isso depende se o vírus vai ou não chegar ao sistema nervoso.
No entanto, mesmo em indivíduos que não apresentam nenhum dos sintomas da poliomielite, os vírus são eliminados pelas fezes ou saliva, e é aí que mora o perigo. Sem saber que estão infectados, a transmissão acontece silenciosamente, seja por gotículas de saliva ou por maus hábitos de higiene, por exemplo.
Conheça a seguir às três formas de transmissão da paralisia infantil:
1- Contaminação fecal-oral
Esse é o meio de contágio mais frequente. As fezes contaminadas com o vírus entram em contato com a boca causando a doença. Esse tipo de transmissão acontece em lugares onde as condições sanitárias e de higiene são muito precárias ou entre crianças muito novas que ainda não dominam os hábitos de higiene.
2 – Contaminação pela água, mãos e alimentos
As mãos, água ou alimentos podem estar contaminados pelo poliovírus e, ao serem colocados em contato com a boca ou ingeridos, o vírus é transmitido.
Por isso, é muito importante desinfetar os alimentos, como verduras, frutas e legumes, além de beber apenas água filtrada e manter as mãos limpas, principalmente após utilizar o banheiro.
3 – Contaminação oral-oral
Nesse tipo de transmissão, as pessoas são contaminadas por gotículas expelidas pelo indivíduo doente durante a fala, tosse ou espirro.
Mediante qualquer suspeita ou presença de sintomas da poliomielite, procure ajuda médica, se isole e utilize máscara.
Quais os sintomas da poliomielite?
Segundo o Manual MSD, a paralisia infantil não provoca sintomas em 70 a 75% dos casos. Quando os sintomas da poliomielite aparecem, eles variam conforme a gravidade da infecção e o tipo e incluem:
Sintomas da poliomielite abortiva
- Febre baixa;
- Mal-estar;
- Dor de cabeça;
- Faringite;
- Vômitos;
- Diarreia.
Sintomas da poliomielite não paralítica
- Dor de cabeça;
- Rigidez na nuca;
- Dor lombar.
Sintomas da poliomielite paralítica
- Dor muscular profunda;
- Espasmos musculares;
- Fraqueza muscular aumentada e progressiva;
- Diminuição da velocidade dos reflexos do corpo;
- Resposta anormal aos estímulos;
- Sensação de formigamento;
- Dificuldade para engolir e respirar;
- Insuficiência respiratória;
- Membros paralisados.
Como a maior parte das infecções virais, há um período de incubação, que varia de 5 a 35 dias. A maior frequência está entre 7 e 14 dias.
Deve-se suspeitar de poliomielite principalmente em crianças não vacinadas ou parcialmente vacinadas, quando estas apresentarem sintomas semelhantes aos da gripe que parecem estar melhorando, mas após 2 a 5 dias apresentam alguns dos sintomas.
Os sintomas da poliomielite são muito parecido com o de outras doenças também causadas por vírus. A diferença, nesse caso, é a perda de força muscular, mantendo a musculatura não contraída, com diminuição ou ausência de reflexos profundos em menores de 15 anos.
Para se ter certeza do diagnóstico, uma amostra de fezes deve ser coletada em até 14 dias do início da paralisia para ser analisada em laboratório a fim de identificar um dos poliovírus.
Exames de líquor (punção realizada na região lombar para retirar um pouco do líquido presente no sistema nervoso) e a eletromiografia (aparelho que mede a atividade elétrica nos músculos) também são recursos diagnósticos importantes.
Pode deixar sequelas?
A poliomielite pode deixar sequelas. Elas acontecem quando a infecção atinge a medula e o cérebro. As principais são:
- Problemas e dores nas articulações;
- Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
- Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
- Osteoporose;
- Paralisia de um dos membros;
- Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
- Dificuldade de falar;
- Atrofia muscular;
- Hipersensibilidade ao toque.
As sequelas da poliomielite, relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente são motoras e não têm cura.
Elas podem ser acompanhadas por fisioterapeutas que propõem exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo o desconforto do paciente.
Prevenção é a melhor saída
A poliomielite não tem tratamento, logo a prevenção é a melhor solução.
Políticas de saneamento básico são essenciais para isso, pois a partir delas é possível garantir que a população possua os meios necessários para cuidar da sua higiene e da higiene dos espaços em que vivem.
Além disso, o melhor meio de prevenção contra a poliomielite é a vacinação. Sendo assim, todas as crianças menores de 5 anos devem ser vacinadas conforme o esquema de vacinação de rotina.
Conheça a seguir as vacinas existentes para o combate à poliomielite:
- Vacina Oral Poliomielite (VOP) – É uma vacina oral atenuada bivalente, ou seja, é composta pelos vírus da pólio tipos 1 e 3, vivos, porém enfraquecidos. A famosa gotinha é aplicada nas doses de reforço dos 15 meses e dos 4 anos e em campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos.
- Vacina Inativada Poliomielite (VIP) – É uma vacina trivalente e injetável, composta por partículas dos vírus da pólio dos tipos 1, 2 e 3. É aplicada na rotina de vacinação infantil aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos.
Esse esquema vacinal utilizado no Brasil é muito seguro, porque inicia as doses com a vacina de vírus inativado e só os reforços são de via oral, com o vírus atenuado. Assim, a imunidade recebe um reforço sem oferecer riscos.
Os responsáveis que ainda não vacinaram as crianças conforme o esquema vacinal, devem, o quanto antes, colocar em dia a carteira de vacinação. Os adultos também precisam conferir se todas as doses foram tomadas, já que o vírus não escolhe idade.
Caso esteja com alguém que apresente qualquer um dos sintomas da poliomielite, no dr.consulta você pode realizar consulta com médicos e ainda realizar os exames necessários.
Agende hoje mesmo a sua vacina pelo site ou app, disponível para Android e iOS e proteja-se!