Um sono de qualidade é fundamental em todas as fases da vida. Para os pequenos, as horas de descanso são essenciais para o crescimento e a consolidação do aprendizado. No entanto, o que acontece quando o chamado terror noturno infantil interfere nesse momento?
Para pais, mães e cuidadores, pode ser bastante angustiante presenciar essa manifestação, especialmente quando se torna constante. Dessa forma, vale a pena rever algumas informações que ajudam a identificar a alteração e, acima de tudo, orientar na busca por ajuda especializada.
As características da parassonia em crianças
Esse quadro é o que especialistas em medicina do sono costumam classificar dentro das chamadas parassonias, termo que se refere a uma combinação de desajustes cujo principal ponto em comum é a interrupção do descanso, ocorrendo em diferentes momentos do repouso, como ao adormecer, ao longo das fases de repouso profundo ou ao despertar.
No caso do terror noturno (que, apesar do nome, pode ocorrer durante sonecas diurnas), o indivíduo afetado experimenta uma sensação de que está parcialmente acordado, acompanhada de um medo ou pânico intenso.
A condição pode ser identificada quando quem convive com a pessoa observa:
- movimentos bruscos e repentinos;
- gritos ou choro intenso;
- aceleração dos batimentos cardíacos;
- respiração curta e ofegante, acompanhada de transpiração excessiva;
- dilatação das pupilas;
- aumento da rigidez muscular, gerando a impressão de corpo travado;
- saídas da cama sem justificativa, assim como caminhadas;
- falta de resposta a contatos externos, como toques ou vozes.
Em geral, essas manifestações duram por um período que pode variar entre 10 e 30 minutos, em média.
Os índices de prevalência desse tipo de parassonia, conforme dados reunidos e publicados no jornal Current Pediatric Reviews, indicam que ele atinge entre 1% e 6% daqueles com idade inferior a 12 anos. Além disso, ele é mais comum na faixa etária que vai dos 4 aos 12 anos.
À medida que a puberdade chega, a condição tende a se tornar mais rara. Na vida adulta, manifestações semelhantes são menos comuns e estão geralmente associadas a desordens de saúde mental (transtorno de estresse pós-traumático, por exemplo) ou a disfunções neurológicas.
Diferenças entre terror noturno e pesadelos infantis
Ambos os termos são frequentemente associados quando se discutem desconfortos notados durante o adormecimento. Contudo, o terror noturno acontece com um despertar em que não existe a consciência do que está acontecendo, muito menos lembranças do ocorrido.
Já os pesadelos envolvem a noção de uma experiência desagradável enquanto se está dormindo completamente, mas que pode ser relembrada (em partes ou por completo) depois que se acorda.
Quando e como buscar ajuda especializada
A avaliação especializada deve ser considerada sobretudo quando essas crises noturnas se tornam recorrentes, repetindo-se várias vezes ao longo de semanas ou de meses.
Neste cenário, ter um aliado no cuidado com a saúde pode ser um grande alívio. Foi pensando nessa e em outras situações de cuidado com a saúde que o Cartão dr.consulta foi criado. Por meio de uma assinatura única, válida para o assinante e até mais 4 dependentes, é possível ter descontos em consultas e exames, entre outros benefícios que fazem toda a diferença na manutenção de uma rotina saudável.
O pediatra é um dos especialistas a quem os responsáveis podem recorrer em um primeiro momento. No entanto, neurologistas com especialização no cuidado infantil são capazes de fornecer um suporte mais específico. A conversa com os responsáveis, o relato de casos semelhantes na família, além de imagens que demonstrem o comportamento são úteis para ajudar no diagnóstico.
Adicionalmente, o profissional consultado pode recomendar a realização de uma polissonografia. Nesse exame, são registrados os sinais vitais, a atividade cerebral e outras informações durante o período de repouso.
Essa avaliação é valiosa para confirmar a presença do terror noturno infantil ou para descartar condições que possam explicar melhor os sintomas. Sonambulismo, convulsões, apneia (onde ocorre bloqueio da respiração) são algumas possibilidades.
As principais recomendações para lidar com as crises noturnas
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a principal recomendação nessas situações, assim como outras parassonias, é a adoção de hábitos saudáveis. Dessa forma, é importante:
- ter um tempo adequado de descanso, compatível com a idade, lembrando sempre que as crianças precisam dormir mais horas do que os adultos;
- garantir a manutenção de uma rotina regular, com horários semelhantes para acordar e ir para a cama todos os dias;
- manter o ambiente fresco, escuro e silencioso no quarto;
- evitar interrupções bruscas no sono, inclusive abordando outros quadros que gerem isso, como apneia ou síndrome das pernas inquietas.
Uma vez que o terror noturno provoca movimentos incontroláveis e intensos, é recomendável remover objetos próximos ao leito que possam representar riscos, como móveis ou luminárias no criado-mudo. Além disso, janelas e portas devem ser mantidas fechadas.
Esses cuidados devem ser redobrados quando for necessário passar a noite fora de casa, como em visitas a familiares ou amigos. Mudanças no ambiente e na rotina também costumam ser gatilhos potenciais para crises.
O uso de medicamentos nessas circunstâncias é raro. A prescrição de remédios tende a ser realizada apenas quando o despertar indesejado é tão intenso que apresenta risco de lesões ou afeta de forma significativa a qualidade de vida do indivíduo e daqueles ao seu redor no ambiente doméstico.
Ao longo de todo o acompanhamento, o suporte de um psicólogo é relevante tanto para identificar possíveis gatilhos e para fornecer aos pais e cuidadores orientações específicas do que pode ser feito para garantir noites mais tranquilas.
O que não fazer durante um episódio do tipo
Não se deve tentar acordar ninguém experienciando o terror noturno. Além de ser uma tarefa bastante difícil, esse movimento pode aumentar a intensidade do pânico experimentado, agravando a situação.
Uma recomendação adicional para depois do despertar é não insistir para que a criança tente se lembrar do ocorrido ou contá-la o que aconteceu. Mesmo sem nenhuma memória, os relatos feitos pelos pais podem gerar angústia desnecessária e atrapalhar as noites seguintes.
Fontes: