Meu filho não fala e agora? Entenda o que é atraso na fala

Muitos pontos precisam ser observados para entender se a criança está se desenvolvendo dentro do seu próprio tempo, ou se está passando por dificuldades que podem estar levando ao atraso na fala.

Dentre eles, temos os estímulos que são muito importantes para que o bebê comece a falar, pois é através deles que ele adquire o modelo e a confiança para desenvolver as suas capacidades; por isso, é preciso estar atento a quantidade e qualidade dos estímulos oferecidos. 

Além disso, é preciso um pediatra para acompanhamento da saúde, dando orientações para que a criança tenha acesso às vacinas, exames de rotina, alimentação adequada e saudável para que o desenvolvimento global aconteça.

Se você percebeu que seu filho está apresentando atraso na fala, é preciso investigar para garantir que não haja nenhuma alteração secundária que atrapalhe o desenvolvimento da linguagem.

Acompanhe este conteúdo e entenda mais sobre o assunto. Por aqui, vamos explicar o que é e quando é considerado atraso na fala, seus sinais, como identificar e possíveis tratamentos. Vamos lá?

Como é o desenvolvimento da linguagem infantil?

A linguagem é um conceito amplo da comunicação. É a capacidade do indivíduo expressar suas ideias, suas vontades, suas emoções. Isso pode ser feito através da fala, mas também com gestos, olhares, sons e escrita. 

Por isso, o desenvolvimento da linguagem começa muito antes do aprendizado da fala, através do choro, sorriso e outros gestos, como sinais de fome, tristeza, contentamento ou solidão.

Aproximadamente aos 6 meses os bebês já compreendem que a fala dos pais e de outras pessoas do seu convívio é um canal de comunicação. Apesar disso, cada criança tem seu ritmo próprio na aprendizagem da fala e da linguagem. 

Nesse sentido, o importante é observar se o desenvolvimento da linguagem está seguindo o seu rumo natural ou se realmente está ocorrendo o atraso na fala.

Esse desenvolvimento pode ser dividido em 5 etapas, sendo elas:

1. Comunicação não-verbal: os bebês se comunicam desde o nascimento utilizando a linguagem não-verbal, por meio de contrações musculares, olhares e expressões faciais. Aproximadamente aos 11 meses, o gesto comum de apontar aparece como marco no desenvolvimento. 
2. Produção de sons: os primeiros sons emitidos pelos bebês são labiais (produzidos com os lábios). Com o desenvolvimento, as crianças aprendem a produzir sons mais elaborados até que aprendem a combinar os fonemas das sílabas.
3. Estrutura das sílabas: a formação das sílabas – consoante e vogal – é a mais simples, enquanto as maiores, são mais difíceis. Por isso, os bebês geralmente começam com sílabas como “dada” ou similares. 
4. Estrutura das frases: as crianças aprendem uma única palavra e a usam como frase. Com o tempo, aprendem a combinar duas palavras até que as frases vão ganhando mais elementos.
5. Diálogo: até conseguir elaborar um diálogo, a criança depende do adulto para adivinhar o que ela quer dizer, já que sua fala ainda é pouco compreensível, com sons e sílabas soltas. À medida que aprendem a falar mais e o vocabulário aumenta, a fala fica mais fácil de ser entendida. 

Para orientar e esclarecer os pais, confira abaixo como é, segundo o Instituto Neurosaber, o desenvolvimento da linguagem até os 5 anos, na prática.

De 0 a 6 meses

• A criança vira para os pais quando falam com ela;
• Sorri ao ouvir a voz da mãe, pai ou cuidador(a);
• Responde a estimulos produzidos não só pela fala, como brinquedos sonoros, por exemplo.
• Gosta de música e ritmo;
• Repete os mesmos sons;
• Emite sons diferentes para cada situação;
• Começa o balbucio (4 a 6 meses).

De 6 a 12 meses

• Vira para olhar quando seu nome é chamado;
• Gosta de brincadeiras e jogos sonoros;
• Começa a responder solicitações;
• O som do balbucio muda;
• As primeiras palavras podem começar a aparecer.

De 1 a 2 anos

• Aponta para imagens em um livro;
• Pode querer a mesma história repetidas vezes;
• Pode seguir comandos simples;
• Compreende perguntas simples;
• Aprende mais palavras a cada mês que passa;
• Pode fazer perguntas com a pronúncia de 2 palavras;
• As palavras ficam mais claras.

De 2 a 4 anos

• Compreende os comandos mais complexos;
• Começa a entender palavras opostas ao que já sabe;
• O vocabulário aumenta;
• A linguagem se torna mais clara;
• As sentenças são mais longas;
• Consegue contar sobre experiências interessantes.

De 4 a 5 anos 

• Gosta de histórias e pode responder a perguntas simples;
• Entende quase tudo que falam com elas;
• Fala com mais clareza e fluência;
• Pode usar frases longas e com detalhes;
• Envolve estranhos na conversa;
• A maioria dos sons são pronunciados corretamente.

O que é atraso na fala?

O atraso na fala acontece quando uma criança não apresenta o desenvolvimento da fala de modo satisfatório ou esperado para aquela determinada fase da vida. 

Esse atraso está relacionado à capacidade da criança de dar e obter informações de maneira significativa. Se uma criança apresenta atraso de linguagem, ela pode pronunciar as palavras corretamente, mas apresenta dificuldade em se expressar ou entender os outros. 

O desenvolvimento infantil tem um período crítico que vai do nascimento aos 3 anos. Nessa fase, as áreas do cérebro da criança responsáveis pela linguagem e fala estão em formação. 

Portanto, esse período deve ser de intensa estimulação comunicativa, com ambientes ricos em sons, imagens e acesso à fala e à linguagem humana.

A falta de estimulação cerebral na hora certa pode prejudicar de maneira definitiva a futura habilidade linguística da criança. 

E, quando a criança começa a falar, os estímulos não devem ser interrompidos. Cabe aos pais, em conjunto com as creches e escolas, estimularem as crianças na ampliação do vocabulário, e pronúncia correta dos sons. 

Por fim, é importante lembrar que cada criança tem seu tempo de desenvolvimento e há de se considerar a encorajamento e incentivo suficiente antes de concluir que uma criança tem ou não atraso na fala. 

Observe se seu filho se enquadra no desenvolvimento da fala conforme o esperado para a idade, e procure uma fonoaudióloga para tirar suas dúvidas.

Causas do atraso na fala

Diversos fatores podem causar atraso na fala ou linguagem nas crianças, desde dificuldade sensorial (falha na audição), passando por alterações do neurodesenvolvimento, como deficiência intelectual e autismo, até distúrbios específicos de linguagem. 

As causas mais comuns são:

Perda de audição

A audição é muito importante para o desenvolvimento da fala e podemos não perceber uma perda auditiva leve, suficiente para atrasar a fala nas crianças. 

Lesão neurológica

A afasia é a perda parcial ou total da capacidade de expressar, ou compreender a linguagem falada, ou escrita. 

É o resultado de danos às áreas do cérebro que controlam a linguagem, no sistema nervoso central. As crianças com esse tipo de dano cerebral podem ter dificuldade de ler, escrever, falar, compreender ou repetir a linguagem.

Falta de estímulos

A falta de incentivos adequados, como conversar, brincar, cantar, fazer mímicas, contar histórias pode causar atraso na fala, já que a criança não recebeu o insumo necessário para o desenvolvimento.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

A criança no transtorno do espectro autista pode ter  dificuldade na fala e na linguagem, isso porque esse transtorno afeta a comunicação verbal e não-verbal. Alguns graus de autismo podem ser difíceis de serem percebidos, mas suficientes para dificultar o desenvolvimento da linguagem. 

Mutismo eletivo

Trata-se de um transtorno psicológico no qual a criança se recusa a falar em determinadas situações, mas consegue falar em outras. Nesse sentido, apesar dela não apresentar dificuldades em se expressar, fatores psicológicos fazem com que ela não se comunique. 

Como identificar?

Existem sinais de alerta que devem ser observados e podem indicar sinais de atraso na fala. Em qualquer idade, fique atento quando crianças não reagem aos sons e não balbuciam ou produzem sons com a voz.

Entre 1 e 2 anos, atente-se quando:

• Há dificuldade de compreender frases ou solicitações;
• A criança não tenta imitar sons ou palavras;
• Há preferência por gestos do que por palavras.

Após os 2 anos, atente-se quando:

• A criança não produzir espontaneamente palavras ou frases;
• Há repetição de palavras sem sentido para a comunicação;
• O tom de voz é anormal ou anasalado;
• Existe dificuldade de compreender o que a criança diz na maior parte das vezes.

Quando é necessário buscar ajuda médica?

Papais e mamães, se seu filho tem 18 meses e ainda não fala ou se passou dos 2 anos e fala poucas palavras, converse com o pediatra e busque por uma opinião profissional de uma fonoaudióloga. 

Mesmo sabendo que cada criança se desenvolve no seu tempo, um atraso na fala real não diagnosticado pode gerar outros desafios e a demora para iniciar o tratamento adequado pode afetar para sempre a capacidade da criança se comunicar. 

E depois dessas dicas, se você ainda tiver dúvidas em relação ao desenvolvimento da fala de seu filho, procure um pediatra aqui do dr.consulta para saber  mais sobre atraso na fala. Você pode entrar em contato conosco para agendar a sua consulta pelo site ou app, é só baixar no seu Android ou iOS.

Fontes:

Atraso na fala de crianças: quando buscar ajuda médica

Etapas do desenvolvimento da linguagem até os 5 anos 

Quando o bebê começa a falar?

5 dicas para ajudar no desenvolvimento da fala do seu bebê

Como saber se seu pequeno tem atraso de fala?

Atrasos no desenvolvimento da fala: como notar e contornar