Você sabia que a catarata é uma das doenças que mais causam cegueira no mundo? Devido a sua recorrência entre os brasileiros, convidamos o dr. Fabio Ribeiro Colombo, oftalmologista do dr.consulta, para uma conversa sobre o assunto.
Saiba como identificar os sinais da catarata e os perigos da doença quando não diagnosticada precocemente. Confira a entrevista:
1. O que é a catarata?
“Catarata é o termo dado a qualquer perda de transparência do cristalino, a lente natural dos olhos, situada atrás da íris. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a catarata é responsável por 47,8% dos casos de cegueira no mundo. No Brasil estima-se o surgimento de 550.000 novos casos por ano.
Acomete sobretudo a população idosa, e a piora na qualidade de vida secundária à baixa visual, provocada pela doença, diminui progressivamente sua produtividade. Com o aumento da expectativa de vida nos países em desenvolvimento, a prevalência da catarata tem aumentado nas últimas décadas.”
2. Quais são os perigos de uma catarata não diagnosticada precocemente?
Dr. Fabio: “A catarata ocorre em todas as idades, podendo acometer desde o recém-nascido e crianças até a terceira idade, sendo, porém, muito mais frequente na fase senil. Um maior cuidado no sentido de acompanhar o surgimento de catarata inicia-se por volta dos 50 anos, sendo bastante importante por volta dos 70 anos.
Neste sentido, a falta de diagnóstico e tratamento adequados na população infantil poderá levar ao desenvolvimento incompleto permanente da visão, a chamada ambliopia, com graves repercussões na qualidade de vida. Na população idosa, a falta de diagnóstico adequado leva a baixa de visão progressiva e suas repercussões para as atividades de vida diária, principalmente no tocante a independência em geral, segurança para mobilidade, interação social e bem-estar.”
3. Quais são os fatores de risco da doença?
Dr. Fabio: “A catarata é uma doença multifatorial e pode ser congênita ou adquirida. A causa mais comum da catarata é o envelhecimento do cristalino que ocorre pela idade, denominada de catarata senil.
Porém, também poderá estar associada a alterações metabólicas que ocorrem em certas doenças sistêmicas (ex. diabetes), oculares (ex. uveíte), tabagismo, alcoolismo, secundária ao uso de certos medicamentos (ex. corticóides) ou a traumas oculares (contuso, perfurante, por infravermelho, descarga elétrica, radiação ultravioleta, raios X, betaterapia ou queimaduras químicas graves).”
4. Como identificar a catarata?
Dr. Fabio: “Fazer consultas oftalmológicas anualmente é de forma geral uma forma segura de acompanhamento, principalmente após os 40 anos. Porém, o cuidado com a saúde dos olhos inicia-se com o pré-natal. Nesta fase é possível detectar doenças na mãe que podem causar cegueira nos fetos, como a rubéola, toxoplasmose e sífilis.
A catarata congênita é a terceira causa de cegueira na infância e estima-se que 1 em cada 250 nascidos vivos apresente algum grau de opacidade do cristalino. Todo neonato deve ser submetido ao teste do reflexo vermelho (teste do olhinho) para detecção precoce de opacidade do cristalino.”
5. Existem maneiras de prevenir a catarata?
Dr. Fabio: “Não há como evitar a predisposição genética e nem o envelhecimento do cristalino. Porém, algumas medidas preventivas podem ser realizadas visando reduzir alguns fatores de risco para o desenvolvimento da catarata.
A exposição à radiação ultravioleta (UV), principalmente os raios B, é fator de risco consistente para a catarata senil. Sendo assim, sob exposição solar preconiza-se o uso de óculos escuros de boa qualidade com filtro adequado que ofereça proteção real aos raios UV.
São importantes também o controle do diabetes, evitar o uso de corticóides e a proteção contra traumas.
O estado nutricional e o uso de suplementos vêm sendo considerados para a prevenção da formação de catarata. Sabe-se que o estresse oxidativo é cataratogênico. Neste sentido, o tabagismo e o etilismo tem sido associados a maior prevalência de catarata, e a vitamina C a um fator protetor. Estudos também relacionaram o Índice de Massa Corpórea (IMC) e o consumo de gordura ao desenvolvimento e progressão de catarata.”
6. Como diagnosticar a doença?
Dr. Fabio: “Na grande parte das vezes a catarata não pode ser diagnosticada a olho nu. Em fases iniciais a catarata dificilmente é percebida pelos seus portadores. Os principais sintomas da catarata são: embaçamento visual, maior sensibilidade à luz e ofuscamento, diminuição do contraste e da percepção das cores. Geralmente pode-se observar uma piora da miopia com a evolução da catarata.
O diagnóstico propriamente dito deverá ser realizado através de uma consulta com médico oftalmologista.”
7. Como funciona o tratamento da catarata?
Dr. Fabio: “A deficiência visual causada pela opacificação do cristalino pode ser revertida com tratamento cirúrgico, no qual a lente natural opaca é removida e substituída por uma lente artificial transparente, chamada de lente intraocular. Não há nenhuma forma de tratamento clínico para a catarata.
A cirurgia de catarata é a cirurgia mais realizada na oftalmologia e foi uma das técnicas cirúrgicas que mais evoluiu nas últimas décadas. É realizada sob anestesia local e geralmente se realiza uma sedação para proporcionar maior conforto ao paciente
A restauração da visão pela cirurgia produz benefícios econômicos e sociais para o indivíduo, sua família e a comunidade.”