Vermelhidão, irritação ou lesões de pele são extremamente comuns nos primeiros meses de vida de uma criança. Segundo artigo de revisão publicado nos Anais Brasileiro de Dermatologia, estima-se que pelo menos 50% delas apresentem queixas do tipo, que com frequência levam pais preocupados ao consultório médico devido às alterações dermatológicas nas circunstâncias mais graves.
Embora frequentes, existem medidas para reduzir o desconforto ou mesmo evitar que a temida assadura em bebês ocorra, enquanto as fraldas forem necessárias.
A evolução esperada da assadura em bebês
Conhecidas também como eritema, dermatite ou rash das fraldas, essas lesões formam-se nas áreas dos genitais cobertas pelo tecido ou material usado para reter as fezes e a urina.
A explicação envolve o ambiente propício (que combina umidade e calor) proporcionado pela peça e a presença sucessivas dos resíduos eliminados pelo bebê. Além disso, o movimento do tecido/produto causa atrito, ocasionando pequenos danos à pele. Nesse contexto, a superfície pode reagir apresentando inflamação, com intensidade variada:
- nos casos leves, a área fica avermelhada e quente ao toque na região, sobretudo nos genitais, no ânus e nas proximidades;
- nos quadros mais graves, podem surgir descamação, bolhas e feridas, inclusive com indícios de infecção, causando dor no bebê. Isso é geralmente percebido pelo choro constante e agitação, que se acentuam durante a higienização da área.
Ademais, o contato da pele do bebê com substâncias irritantes (como aquelas presentes em lenços umedecidos, sabonetes ou no plástico das fraldas descartáveis) também pode provocar alterações dermatológicas que intensificam as assaduras.
Presença de fungos e bactérias
Paralelamente à presença de fezes e de urina, a inflamação causada pode evoluir com a proliferação de certos fungos e bactérias.
O mais conhecido desses microrganismos é o Candida albicans (que também causa o sapinho oral e a candidíase). Ele se aproveita do calor e da umidade para se disseminar rapidamente na pele, provocando também vermelhidão intensa e o aparecimento de pequenas bolhas brilhantes.
Regularmente, várias das causas mencionadas se combinam, contribuindo para o agravamento das assaduras. Assim, uma dermatite na região das fraldas pode se prolongar até que uma infecção por fungos se instale.
Dicas práticas para amenizar as irritações
Mesmo os casos mais simples de assaduras são identificáveis pelos responsáveis, principalmente no momento da substituição das fraldas. Quando a gravidade é baixa, o tratamento pode ser feito em casa.
Para isso, é fundamental garantir o cuidado para a cicatrização e, claro, evitar que a condição se repita. As medidas essenciais incluem:
- manter a área afetada sempre limpa, com trocas mais frequentes a cada evacuação ou micção (xixi e cocô), nunca ultrapassando um intervalo de três ou quatro horas;
- realizar a limpeza de forma suave e delicada, deixando o local sempre bem seco.
- evitar o uso de produtos químicos nesse período e optar pela combinação de água e um pano macio;
- lavar bem as mãos a cada higienização;
- remover as fezes sempre na direção do períneo (a área entre o órgão genital e o ânus) de frente para trás;
- utilizar cremes específicos para o tratamento desse tipo de ocorrência. Eles geralmente contêm óxido de zinco e outras substâncias que reduzem a inflamação e auxiliam no processo de cicatrização.
O uso correto das pomadas para assadura
É importante que os produtos escolhidos tenham efetivamente essa finalidade e sejam hipoalergênicos e dermatologicamente testados. Embora não seja necessária prescrição médica para adquiri-los, os pais e responsáveis podem tirar dúvidas sobre o modo de usar consultando a embalagem ou um farmacêutico de confiança.
A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que as pomadas ou cremes devem ser espalhados sobre as lesões para que se forme uma barreira no local. Ela não precisa ser removida na próxima troca caso a região permaneça limpa no período.
Qualquer outra substância ou medicamento só deve ser aplicado com a devida orientação profissional de um pediatra ou dermatologista.
Garanta o melhor atendimento e pague menos em consultas com especialistas e diversos exames sempre que necessário com o Cartão dr.consulta. Além disso, é possível aproveitar uma série de outros benefícios por meio de uma assinatura mensal.
Situações que podem exigir ajuda médica
Com os cuidados descritos, é provável que uma assadura em bebê melhore e desapareça completamente após alguns dias. No entanto, pais, mães e cuidadores devem ficar atentos e procurar atendimento médico (de um clínico geral, pediatra ou dermatologista especializado em atender crianças) quando:
- a dermatite não regride mesmo com a prática das orientações adequadas;
- surgem bolhas, há descamação ou formação de feridas;
- há traços de sangramento;
- aparecem sinais como febre, cansaço ou dor;
- as lesões surgem em outras partes do corpo.
Com esses indicativos, o profissional costuma investigar a presença de uma infecção por fungos ou bactérias. Nesses casos, podem ser necessários medicamentos capazes de combater os microrganismos e reduzir a inflamação local.
Quando mesmo assim não houver regressão dos sintomas, talvez haja a suspeita de outros diagnósticos dermatológicos. Entre algumas dessas possibilidades estão a dermatite seborreica (uma inflamação da pele cujas causas são variadas) ou a psoríase, outra condição inflamatória de caráter crônico.
Cuidados para evitar que a assadura retorne
Parte das recomendações para prevenir que as assaduras voltem a incomodar o bebê é a mesma para o tratamento das lesões: manutenção da região seca e limpa, com trocas frequentes da fralda. Além disso, faz toda a diferença:
- usar materiais com boa capacidade de absorção dos excrementos eliminados pela criança;
- dar sempre preferência às fraldas bem ajustadas, sobretudo na região da barriga e das coxas;
- lavar, enxaguar e secar muito bem as fraldas de pano para evitar a presença de resíduos de produtos de limpeza e umidade;
- optar sempre por sabonetes neutros e cremes e lenços umedecidos sem fragrâncias fortes;
- permitir que a pele do bebê respire, deixando-a descoberta em alguns intervalos;
- avaliar a região a cada troca, em busca de indicativos que possam sugerir a formação da condição.
Esse desconforto é quase sempre resultado de circunstâncias normais da idade, que podem ser minimizadas por meio de ações relativamente simples. No entanto, cabe sempre ressaltar que a presença de assadura em um bebê não representa negligência dos seus responsáveis e pode ser revertida com ações acessíveis.
Fontes: