Entenda como o daltonismo afeta o dia a dia
A percepção da cor vermelha não é igual para todas as pessoas. Aquelas que têm alguma das formas do daltonismo, por exemplo, experienciam diferenças significativas na maneira como enxergam essa e outras tonalidades.
Além da cor do sangue, o daltônico (nome dado a quem tem a condição) pode enfrentar desafios para captar tons de azul e de verde. Ainda assim, existem diferentes níveis desse comprometimento, que podem ser amenizados a partir de algumas estratégias orientadas por um especialista.
O processamento das cores nos olhos da pessoa daltônica
O termo daltonismo, cuja definição técnica é discromatopsia, ficou famoso por conta do químico inglês John Dalton. Ele vivia na Inglaterra no século 18 e foi o primeiro a estudar com mais detalhes porque alguns enxergam as colorações de maneira diferente (o que era também o caso dele).
Na prática, as distorções do colorido das imagens percebidas pelo olho humano ocorrem no nível celular. Na visão convencional, a luz que atinge os olhos ativa as células (sobretudo os chamados cones, por conta da similaridade da estrutura) capazes de reproduzir todas as cores visíveis a partir de três tonalidades: vermelha, verde e azul. Depois, o estímulo percebido é enviado para o cérebro, formando as imagens visualizadas.
Porém, na pessoa com daltonismo, os cones têm uma menor variedade ou não funcionam adequadamente. Isso não significa ver totalmente em preto e branco, mas atrapalha o colorido percebido conforme cada caso.
Em geral, a condição é congênita, ou seja, se apresenta desde o nascimento, herdada dos pais. Por consequência, genitores daltônicos aumentam a chance de terem filhos com igual percepção das tonalidades.
De modo menos frequente, ela pode aparecer ao longo da vida por danos aos nervos dos olhos ou à retina, efeitos colaterais de certos medicamentos ou prejuízos neurológicos de determinados quadros.
Os 3 tipos de daltonismo
Por conta das diferenciações de como as pessoas enxergam as cores, existem classificações para as manifestações mais comuns dessa deficiência. As palavras utilizadas são complexas, mas ajudam a entender as características de cada um dos quadros:
- protanomalia, em que há obstáculos para distinguir o vermelho, sendo a forma mais comum. Quando a falta de percepção do tom é completa, ele recebe o nome de protanopia.
- deuteranomalia, que reúne desajustes no verde. Diante da ausência total dessa visualização, ele é denominado como deuteranopia.
- tritanomalia, uma manifestação mais rara, em que há dificuldade com o azul. A perda integral é chamada de tritanopia.
Nas circunstâncias em que não é possível perceber nenhuma cor, o quadro é classificado como acromatia. Nesse estágio o indivíduo é afetado em paralelo por baixa capacidade visual, movimentos involuntários dos olhos (nistagmo) ou sensibilidade à luz.
Os reflexos dessa alteração na rotina
Sem a atenção necessária, é normal ignorar que boa parte da comunicação visual nas ruas, nos dispositivos eletrônicos ou até mesmo no dia a dia de determinadas profissões é feita com o uso de cores.
O farol vermelho do semáforo (o que não impede a habilitação dos daltônicos, desde que eles reconheçam as posições das luzes) é o exemplo mais cotidiano disso.
Pode ser difícil também se localizar em mapas, fazer compras ou preparar as próprias refeições. Como saber qual fruta está madura ou se um alimento está cozido?
Por outro lado, vale sempre reforçar, essas pessoas não apresentam nenhum atraso de aprendizado, desde que respeitados os devidos limites e feitas certas adaptações.
De forma geral, uma limitação mais relevante é a profissão a ser seguida. Pode ser complexo seguir uma carreira de designer, eletricista ou de piloto de avião ou embarcações, entre outros exemplos. Esses segmentos dependem, em maior ou menor grau, de uma diferenciação eficiente das tonalidades.
A identificação da dificuldade com as cores
Assim como outras queixas que atingem os olhos, o oftalmologista é o especialista dedicado à identificação da queixa relacionada a esse fenômeno.
Quadros mais acentuados são percebidos ainda na infância, por conta da confusão constante com as cores em brincadeiras ou na escola.
Contudo, aqueles mais sutis passam despercebidos por anos. A visualização de pigmentos é uma experiência tão subjetiva que quem está acostumado com aquela visão não reclama da distorção ou mesmo nem a percebe.
Seja qual for a idade da suspeita, o processo de avaliação é feito a partir de alguns procedimentos relativamente simples. O mais conhecido deles é o Teste de Ishihara, principalmente para alterações relacionadas aos tons de verde e vermelho, os tipos mais comuns de daltonismo.
Esse exame consiste em uma série de imagens compostas por inúmeros pontos coloridos, que juntos unem símbolos fáceis de distinguir se as cores são percebidas normalmente. Mas com o comprometimento em questão, a tarefa se torna bem mais difícil ou até impossível.
Daltonismo em homens e em mulheres
É um mito bastante comum que as alterações visuais na distinção de cores atinjam apenas os indivíduos do sexo masculino.
O que é verdade é que mulheres daltônicas são muito mais raras que homens daltônicos. De acordo com o British Journal of General Practice, a estimativa é de que 8% deles apresentam alguma disfunção do tipo. Enquanto isso, elas reúnem somente 0,4% dos registros.
Em uma conta simples, isso significa que um em cada oito indivíduos do sexo masculino é daltônico. Já entre as representantes do sexo feminino, a proporção não ultrapassa uma a cada 250.
As razões por trás disso são genéticas, pelo fato de que o daltonismo está relacionado ao cromossomo X (que compõe a atribuição do sexo biológico feminino ou masculino ao nascer).
Os homens precisam que só um dos pais apresente a mudança no DNA, uma vez que eles possuem um único cromossomo X. Enquanto isso, mulheres carregam dois cromossomos X. Assim, a disfunção só se desenvolve quando pai e mãe levam consigo a mutação.
As alternativas para devolver às cores mais próximas da realidade
Nos pacientes congênitos, a percepção diferente dos tons de tudo permanece inalterada ao longo da vida, sem cura definitiva.
No contexto escolar e profissional, acomodações são feitas para adequar as tarefas às necessidades impostas.
No mais, óculos e lentes de contato com filtros eventualmente ajudam no ajuste da luz, melhorando a visualização dos tons em que há o prejuízo identificado. Dependendo do grau de distorção, os resultados alcançados são bons.
Quando existe uma causa externa, ela deve ser avaliada e eventualmente tratada com o objetivo de revertê-la, devolvendo tal capacidade visual dentro do possível.
O acompanhamento periódico do oftalmologista pode ainda ajudar na correção de outras dificuldades de visão, como a redução do potencial de enxergar adequadamente o que está perto ou o que está longe, assim como qualquer desequilíbrio capaz de prejudicar a integridade dos olhos.
Fontes: