Como identificar e tratar o estrabismo antes que afete a visão

Caracterizado pelo desalinhamento dos olhos, o distúrbio faz com que cada um aponte para um lugar diferente, dificultando o foco simultâneo em um mesmo objeto.
Embora o estrabismo possa surgir em qualquer fase da vida, é mais comum na infância — o que pode gerar desconfortos e afetar profundamente a autoconfiança. O diagnóstico precoce ajuda a evitar consequências duradouras.
O que causa o estrabismo
Um funcionamento adequado da visão depende da ação coordenada dos músculos ao redor de cada globo ocular, controlados por sinais neurológicos.
Qualquer interferência nesse processo (seja por causas musculares ou cerebrais) pode levar ao quadro. Entre os principais fatores associados estão:
- alterações congênitas;
- síndrome de Down;
- paralisia ou tumores cerebrais;
- miopia ou hipermetropia não corrigidas;
- infecções virais (como meningite e encefalite);
- traumatismos cranianos;
- histórico familiar.

Tipos de estrabismo
A condição pode se manifestar com um desvio em direções distintas:
- esotropia, quando ele é para dentro;
- exotropia, para fora;
- hipertropia, para cima;
- hipotropia, para baixo.
Em alguns bebês, especialmente menores de 1 ano de vida, o formato do nariz ou a presença de dobras de pele nas pálpebras podem dar a impressão de desalinhamento, o que é conhecido como pseudoestrabismo.
Mesmo que a tendência seja que ele desapareça com o crescimento facial, é importante que a criança seja avaliada por um oftalmologista para confirmar qualquer diagnóstico.
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Estrabismo e o bem-estar infantil
Essa alteração ocular pode gerar impactos negativos na autoestima, nos relacionamentos e no desempenho escolar dos pequenos, como demonstra um estudo publicado na Revista Brasileira de Oftalmologia.
Entrevistas foram conduzidas com os pais ou responsáveis legais de 97 crianças brasileiras entre 3 e 13 anos atendidas na rede pública de saúde para mensurar o impacto do estrabismo na infância, do ponto de vista funcional e psicossocial. A pesquisa verificou efeitos como:
- dificuldade de leitura, concentração e percepção de profundidade;
- sensação de ser “diferente” ou inferior;
- medo do julgamento de colegas;
- redução de oportunidades sociais;
- sintomas de ansiedade.
Até os menores de 6 anos expressaram esses sentimentos, idade em que já há o entendimento sobre o desvio dos olhos e das possíveis reações negativas do ambiente.

Diagnóstico precoce e tratamento fazem toda a diferença
Quadros da condição podem ser constantes ou intermitentes. Em ambos, quanto antes for feito o diagnóstico, mais as chances de um tratamento eficaz aumentam.
Assim, o acompanhamento com um oftalmologista é indispensável, principalmente após os quatro meses de vida.
Entre as estratégias mais recentes e promissoras de intervenção está a toxina botulínica tipo A (TBA), também conhecida como Botox, já que a substância permite a paralisia dos músculos extraoculares, ajustando o alinhamento dos olhos – às vezes até permanentemente.
Pode ser utilizada de forma isolada ou como complemento à cirurgia de correção do estrabismo, que é outra abordagem possível e ainda a mais indicada em certas situações.
Um estudo publicado no periódico Research, Society and Development sobre as aplicações verificou que os resultados são melhores em crianças do que em adultos, sobretudo em casos com menor grau de desvio e que são manejados de maneira precoce.
No entanto, como os efeitos costumam ser temporários na maioria das pessoas, pode-se exigir novas doses regularmente.
Ademais, existem outras técnicas a serem utilizadas, como:
- óculos ou lentes de contato;
- lentes prismáticas;
- exercícios ortópticos.
Em conclusão, cuidar do estrabismo não é uma atitude meramente estética, mas sim uma medida que influencia significativamente na saúde mental e visual.
Fontes:
[…] estrabismo, um desalinhamento que, além de prejudicar a estética, pode comprometer todo o sentido; […]
[…] estrabismo (desalinhamento dos olhos em que um aparenta mais “torto”); […]