A gagueira é um distúrbio neuroquímico que interfere no fluxo e velocidade da fala. Os tempos da fala são descontínuos e fora do ritmo e geram repetições de sílabas, palavras e sons no geral, prolongamentos e pausas durante a pronúncia de frases curtas ou longas.
Esses aspectos impactam a comunicação e a forma como as pessoas gagas são entendidas e costumam gerar situações de constrangimento, timidez e bullying.
Dois milhões de brasileiros podem ter gagueira
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatra (SBP), essa condição se desenvolve com maior frequência na infância, entre os 2 e 12 anos (sendo o terceiro ano de vida o mais comum para início dos sintomas).
Apesar de, geralmente, haver uma melhora em no máximo um ano, 1% dessas crianças continuam gagas. Com isso, a estimativa é que tenha 2 milhões de pessoas com gagueira persistente no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Fluência.
Os dados mostram a importância de buscar ajuda especializada quando o quadro surgir, já que quanto mais cedo a gagueira for identificada e tratada, maiores são as chances de melhora e de minimização do impacto negativo sobre a qualidade de vida do indivíduo.
O que causa a gagueira e como identificá-la?
De acordo com especialistas na área de Fonoaudiologia, a condição pode ter várias causas e é considerada multifatorial — isso significa que diversos fatores podem contribuir para o seu surgimento e desenvolvimento.
Fatores genéticos e biológicos são frequentemente citados, indicando que a gagueira pode ser hereditária e que alterações neurológicas podem estar envolvidas.
Um artigo publicado pela SBP afirma, ainda, que a genética é o fator responsável por 80% dos casos. A causa por trás do desenvolvimento nos outros 20% pode ser diversa, mas o órgão aponta os mais comuns:
- lesões cerebrais, como as causadas por traumatismos cranianos;
- exposição a substâncias neurotóxicas, tanto pela mãe durante a gravidez quanto pela criança após o nascimento;
- imprevistos no parto, como a falta de oxigênio (conhecida tecnicamente como hipóxia).
Apesar de se notar uma proporção igual no aparecimento da patologia em meninas e meninos, crianças do sexo feminino costumam superar a gagueira mais facilmente.
Isso significa que os meninos têm mais chances de continuar gaguejando por um período maior — tornando, de certa forma, o gênero masculino como um fator de risco.
Há algum tempo, acreditava-se que questões emocionais também estariam por trás da gagueira, mas estudos recentes têm mostrado que elas não são considerados causas diretas. No entanto, vale ressaltar que o estresse a ansiedade, por exemplo, pode contribuir para o seu aparecimento ou agravamento.
Além disso, o ambiente comunicativo e as reações sociais também podem influenciar a intensidade da gagueira. Assim, locais com comunicação negativa ou reações críticas podem aumentar a ansiedade e, consequentemente, a frequência da gagueira.
Quanto ao seu diagnóstico, é importante mencionar que não existe um padrão universalmente usado.
Geralmente, é realizado por profissionais especializados, como fonoaudiólogos, que observam padrões específicos na fala, como:
- repetições de sons ou palavras;
- sons prologados, como um “ssss” para dizer sim;
- pausas durante as frases.
Além disso, o profissional pode utilizar questionários e escalas para avaliar a gravidade e o impacto da gagueira, bem como fatores hereditários e sociais.
Tratamento deve envolver fonoaudiólogos, neurologistas e psicólogos
Os fonoaudiólogos são especialistas que tratam dos transtornos e fluência da fala. Além desses profissionais, é importante contar com uma equipe multidisciplinar para um tratamento mais integrado.
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Os exercícios da fala para gagueira normalmente apresentam bons resultados, no entanto, muitas vezes é necessário o acompanhamento de outras especialidades como a Neurologia e a Psicologia.
Os neurologistas, por exemplo, podem realizar uma avaliação mais aprofundada das questões neurobiológicas relacionadas à gagueira e prescrever medicamentos, quando necessário, para reduzir os sintomas.
Embora os medicamentos não sejam a principal forma de tratamento da gagueira, eles podem ser úteis em alguns casos, especialmente quando combinados com outras abordagens terapêuticas.
Por sua vez, os psicólogos desempenham um papel crucial no tratamento das questões emocionais e psicossociais associadas à gagueira.
A terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, pode ajudar os pacientes a lidar com a ansiedade, o estresse e os padrões de pensamento negativos que podem contribuir para a piora da gagueira.
É importante ressaltar que o tratamento da gagueira é um processo contínuo e pode exigir tempo e dedicação por parte do paciente, de seus familiares e pessoas próximas, e da equipe de saúde.
Com o apoio adequado e o comprometimento com o tratamento, é possível alcançar uma comunicação mais fluente e satisfatória, bem como aprender a conviver com a condição de forma mais tranquila e confiante.
Fontes