A leucemia é um tipo de câncer bastante conhecido que atinge crianças e adultos.
Essa doença ataca diretamente a produção de glóbulos brancos do corpo e é um dos tipos de câncer com maior mortalidade no país.
Conforme os dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2022 foram estimados 11.540 casos, sendo 6.250 homens e 5.290 mulheres, fazendo dele o câncer mais comum na população com até 20 anos.
Por isso, para conscientização da população, a campanha Fevereiro Laranja ressalta a importância do diagnóstico precoce e da doação de medula óssea.
O que é leucemia?
A leucemia é um dos tipos de câncer do sangue.
Nela, os glóbulos brancos, que são nossas células de defesa, sofrem alterações e começam a se reproduzir descontroladamente na medula óssea.
Ela pode se desenvolver em qualquer idade, sexo, não é contagiosa e tem diferentes tipos, que são divididos em dois grupos:
- as leucemias agudas; e
- as leucemias crônicas.
Cada um desses grupos se diferencia em características, sintomas e particularidades clínicas. Porém, existem pontos em comum entre eles: a importância do diagnóstico precoce e a existência de tratamentos eficazes que podem, inclusive, levar à cura.
Onde ela começa? Quais as causas da doença?
A leucemia começa na medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas.
Não há uma causa específica para o seu desenvolvimento, mas alguns fatores são apontados como de risco que podem determinar o tipo de leucemia. Por exemplo:
- exposição a altas doses de radioatividade;
- idade avançada;
- contato e/ou ingestão de substâncias químicas – como benzeno, formaldeídos e agrotóxicos;
- tabagismo;
- síndromes genéticas, como a síndrome de Down;
- uso prolongado de quimioterapia.
Tem cura?
Sim! Atualmente todos os tipos de leucemia são tratáveis e, em grande parte das vezes, têm cura. Para isso é necessário o diagnóstico precoce e a tipificação.
O único tratamento considerado, de fato, curativo é o transplante de medula óssea alogênico.
Os 4 tipos de leucemias e formas em que podem aparecer
Os tipos de leucemias são definidos por meio de dois fatores existentes na doença: a sua velocidade de progressão (aguda ou crônica) e as características dos glóbulos brancos que se tornam cancerosos (linfoide ou mieloide).
Isso resulta em suas 4 formas:
- Leucemia linfoide crônica (LLC): afeta células linfoides e se desenvolve de forma lenta. A maioria das pessoas diagnosticadas com esse tipo tem mais de 55 anos e raramente ela afeta crianças.
- Leucemia mieloide crônica (LMC): afeta células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a princípio. Afeta principalmente adultos.
- Leucemia linfoide aguda (LLA): afeta células linfoides e surge de maneira rápida. É o tipo mais comum em crianças pequenas, mas também ocorre em adultos.
- Leucemia mieloide aguda (LMA): afeta as células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em adultos como em crianças.
Veja a seguir as diferenças entre cada um desses fatores e, na sequência, como eles se traduzem nas classificações:
Leucemia aguda
A leucemia aguda é uma doença que progride rapidamente em um curto intervalo de tempo.
Aqui, a palavra “aguda” refere-se à célula doente ser jovem, imatura, e que não realiza suas funções de maneira normal. Ou seja, caracteriza-se pelo acúmulo de células jovens anormais na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais.
É o tipo mais grave de câncer de sangue, mas com probabilidade de cura em muitos casos – principalmente naqueles em que o diagnóstico foi precoce e o tratamento adequado.
Leucemia crônica
Na leucemia crônica a progressão é mais lenta em comparação à aguda e as células acometidas são células maduras.
Nesse caso, a palavra “crônica” significa que as células doentes já estão maduras, ou seja, conseguem realizar algumas das suas funções normalmente.
Aqui, o número de células produzidas é muito maior do que o normal, o que faz com que elas se tornem doentes.
Leucemia linfoide
A leucemia linfoide é o câncer que causa alterações nos linfócitos, uma das linhagens dos glóbulos brancos.
As células cancerígenas podem se acumular no corpo do paciente rapidamente (quando aguda) ou lentamente, às vezes levando anos (na forma crônica).
Então, elas se disseminam para outras partes do organismo como baço, fígado, gânglios linfáticos, etc.
Esse é o tipo de leucemia crônica mais comum entre os adultos.
Leucemia mieloide
A leucemia mieloide afeta as células mieloides, outro tipo de linhagem dos glóbulos brancos.
Na forma aguda, avança rapidamente, enquanto na crônica, seu avanço é mais lento inicialmente. Na forma aguda atinge principalmente os adultos e na crônica pode atingir tanto crianças quanto pessoas de mais idade, geralmente durante o envelhecimento.
Quais são os sintomas?
Os sintomas da leucemia surgem em decorrência do acúmulo de células anormais na medula óssea, ocasionando prejuízos na produção de células sanguíneas normais.
Veja quais são os 7 primeiros sintomas de leucemia:
- cansaço excessivo;
- ínguas no pescoço, axilas ou virilha;
- febre acima de 38 °C;
- manchas roxas ou pontinhos vermelhos na pele;
- dor nos ossos e nas articulações;
- aumento da frequência de infecções, principalmente urinária;
- perda de peso sem causa aparente.
Podem surgir ainda: dor de cabeça, sangramentos, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.
Se você apresentar os sintomas descritos acima, acrescidos de infecções persistentes ou recorrentes, aumento do baço e do fígado, procure um médico imediatamente.
Sintomas de leucemia em crianças
Os sintomas de leucemia infantil assemelham-se muito aos apresentados pelos adultos.
São eles:
- fadiga, fraqueza, sensação de frio, tontura, e palidez causadas pela diminuição dos glóbulos vermelhos;
- infecções e febre causadas pela diminuição dos glóbulos brancos;
- hematomas e sangramento nas gengivas;
- dor nos ossos ou articulações causada pelo excesso de células leucêmicas próximas dessas superfícies;
- falta de apetite e perda de peso, já que o inchaço do baço e fígado pode pressionar o estômago, limitando a quantidade de alimento ingerida;
- tosse ou dificuldade respiratória devido à estrutura central do tórax ser atingida pelas células leucêmicas que pressionam a traqueia.
Vale lembrar que as formas agudas são as mais recorrentes em crianças, destacando-se, segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a leucemia linfoide aguda (LLA), que representa a maioria dos diagnósticos.
É justamente devido à velocidade de progressão que a atenção aos primeiros sinais é fundamental.
Possíveis complicações
Na leucemia as células doentes ocupam toda a medula óssea. Essa anormalidade pode acabar alterando as células sanguíneas, causando complicações como:
- anemia, pela alteração no número de glóbulos vermelhos;
- risco de infecções, pela alteração no número dos glóbulos brancos. É importante ressaltar que os glóbulos brancos cancerosos não conseguem combater infecções;
- trombocitopenia, que é o número reduzido de plaquetas no sangue, aumentando o risco de hemorragias;
- metástase para outras partes do corpo, já que as células leucêmicas podem invadir o fígado, o baço, os linfonodos e o cérebro.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de leucemia tem como objetivo verificar se o paciente tem uma produção anormal dos glóbulos brancos. O médico inicia o processo pelo exame físico, procurando por algum sintoma aparente.
A partir da avaliação inicial, outros exames podem ser solicitados, como:
- hemograma completo, que mede o número e a qualidade das células sanguíneas, mostrando alguma alteração;
- testes de química do sangue como ureia, creatinina e ácido úrico, que mostram o funcionamento de certos órgãos, ajudando a encontrar anormalidade;
- estudo da coagulação, pois níveis anormais de fatores de coagulação do sangue podem indicar leucemia;
- mielograma, que permite a identificação de qual célula anormal está afetando a fabricação de outros elementos do sangue;
- biópsia da medula óssea, que é o exame que confirma definitivamente a doença.
Como funciona o tratamento da leucemia?
O tratamento da leucemia visa à destruição das células doentes para que a produção de células normais seja restabelecida pela medula óssea. Esse tratamento é feito em diferentes etapas.
Na primeira, o objetivo é chegar à remissão completa. Isso ocorre quando o paciente não apresenta evidências da doença após a quimioterapia com a combinação de medicamentos.
Na segunda, o tratamento quimioterápico vai combater a doença residual, ou seja, a eliminação de possíveis focos restantes da leucemia. A duração da segunda fase depende do tipo da doença diagnosticada.
Na leucemia linfoide o tratamento dura mais de dois anos e na do tipo mieloide menos de um ano. Apenas na leucemia promielocítica aguda (um subtipo de leucemia mieloide aguda) é que a duração ultrapassa os dois anos.
Combinadas à quimioterapia, as transfusões de sangue podem ser ministradas como complemento.
Na terapia-alvo são empregados medicamentos específicos para as células doentes. Esse tipo de tratamento usa drogas para atacar especificamente as células cancerígenas, provocando pouco dano às células normais, e tem obtido excelentes resultados em alguns casos, como na leucemia mieloide crônica.
Quando os pacientes não respondem ao tratamento, é indicado o transplante de medula óssea. A radioterapia é raramente prescrita nas leucemias, mas também pode ser feita antes de transplantes.
É possível prevenir?
Não há causa específica para a manifestação da doença, nem comprovação científica sobre os fatores de risco, que podem variar de paciente para paciente.
Porém, deve-se evitar o tabagismo e a exposição a determinadas substâncias como benzeno, formaldeído e agrotóxicos.
A importância da doação de medula óssea
O transplante de medula óssea é um tratamento não apenas para a leucemia, mas também para determinados casos de linfomas.
O procedimento substitui a medula óssea afetada ou deficitária por células normais de uma medula óssea saudável.
Ele pode ser:
- autogênico, ou seja, o doador é o próprio paciente;
- alogênico, quando a medula vem de um doador;
- feito a partir de células precursoras de medula óssea, retiradas do sangue de um doador ou do sangue de cordão umbilical.
Como doar?
Segundo o Ministério da Saúde, para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
- ter entre 18 e 35 anos de idade;
- estar saudável;
- não ter nenhum tipo de doença infecciosa transmissível pelo sangue (como infecção pelo HIV ou hepatite);
- e não apresentar histórico de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus).
Para fazer o cadastro é obrigatório apresentar um documento original de identificação com foto e preencher um formulário específico.
Também será realizada a coleta de uma pequena amostra de sangue para testes de tipificação HLA, que é fundamental para a compatibilidade do transplante.
Após esse processo, o possível doador será incluído no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
Se houver compatibilidade com algum paciente essa pessoa é contatada para a realização de novos testes e, depois disso, poderá fazer a doação.
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Fontes: