O ato de balançar o bebê é cultural e até mesmo instintivo. Muitas vezes os pais ou familiares fazem sem perceber na tentativa de acalmar o bebê, ou para fazê-lo dormir. O ponto de discussão aqui está na intensidade desses movimentos.
É claro que embalar o sono de forma tranquila e segura pode ser uma prática muito benéfica para o estreitamento dos laços, por exemplo.
Mas quando o chacoalhar é feito de forma acelerada, violenta (ainda que não intencional) e grosseira, os riscos de desenvolvimento da síndrome do bebê sacudido (SBS) podem aumentar
Ao balançar um bebê vigorosamente, o maior risco é o de romper vasos sanguíneos tanto dos olhos quanto do cérebro. Esse rompimento de vasos está associado à síndrome do bebê sacudido.
Movimentar uma criança não faz mal necessariamente, mas é preciso cuidado e atenção com esse novo ser que ainda está se acostumando com o mundo fora da barriga da mãe. Por isso, entenda mais sobre esse tema e como evitar o surgimento dessa síndrome.
O que é a síndrome do bebê sacudido (SBS)?
Também conhecida como traumatismo crânio-encefálico abusivo pediátrico, a SBS é caracterizada por uma lesão cerebral severa que tem como causa principal sacudidas muito violentas.
Essa doença pode acometer desde bebês muito pequenos até crianças de três e quatro anos.
Esse chacoalhar muito brusco causa danos nos vasos sanguíneos cerebrais e no próprio cérebro, fazendo com que chegue a ele menos oxigênio do que o necessário.
O bebê pode ter hemorragias, hematomas, danos cerebrais irreparáveis e isso pode levar até mesmo à morte.
Ainda que no nome apareça a palavra “abusivo”, nem todos são casos de abuso de fato. Muitas vezes, as ações são a partir da inocência dos familiares ao tentar acalmar o choro ou em movimentos intensos com crianças.
É por esse motivo que a própria Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) aponta a necessidade de evitar brincadeiras muito vigorosas com bebês e crianças pequenas e, então, prevenir as chacoalhadas e as consequências.
Causas
De maneira geral, a síndrome do bebê sacudido é causada por agitar ou sacudir o bebê, ou até mesmo crianças pequenas, com força e sem que a cabeça delas esteja apoiada.
Isso faz com o que o cérebro se mova, resultando em traumatismo craniano ou lesões cerebrais graves como inchaço, sangramentos ou hematomas no cérebro.
E sim, infelizmente, uma das causas para o desenvolvimento da SBS é justamente os casos de violência doméstica e maus tratos.
Como identificar síndrome do bebê sacudido?
A identificação da doença é feita a partir de análise médica e, por isso, é importante ficar atento aos principais sintomas. São eles:
Sintomas
Quando um bebê é acometido pela SBS os principais sintomas observados são:
- moleira baixa;
- dificuldade para respirar;
- vômitos;
- hematomas;
- irritabilidade excessiva;
- sonolência e distração excessivas;
- apatia;
- dores de cabeça;
- tontura;
- falta de apetite.
Porém, a SBS pode não dar sinais aparentes. É preciso que os pais ou responsáveis fiquem muito atentos aos sinais, principalmente após notarem que houve algum tipo de sacudida.
É muito importante ressaltar, inclusive, que casos de violência doméstica são fatores de risco e precisam de atenção redobrada. E em situações mais graves, os sintomas também podem incluir:
- perda de consciência;
- alteração na cor da pele;
- convulsões;
- hemorragias
- sangramento atrás dos olhos;
- fraturas;
- coma;
- paralisia;
- cegueira.
Moleira do bebê e a relação com a SBS
Em alguns casos há o sintoma da moleira baixa (ou afundada). Assim, vale explicar que a moleira é na verdade composta de duas formações localizadas na cabeça: uma no topo e outra na parte de trás.
Os especialistas acreditam que a moleira seja uma “abertura” para facilitar a passagem do bebê durante o parto normal e costuma fechar de forma gradual ao longo dos 18 primeiros meses da criança.
Naturalmente é uma área bastante sensível e exige cuidados para evitar os impactos, que podem acontecer nas sacudidas que também levam à SBS.
Afinal, a única coisa que separa o cérebro do bebê do mundo externo nesse momento é um tecido flexível e “macio”.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado pelo médico pediatra ou neuropediatra a partir da avaliação dos sintomas, histórico de saúde, exame físico e exame de fundo de olho.
Também podem ser solicitados exames como raios-X, ressonância magnética ou tomografia computadorizada da região para verificar possíveis alterações cerebrais ou fraturas ósseas.
Por fim, podem ser realizados exames laboratoriais como hemograma completo, painel bioquímico, testes de função hepática e renal.
Esses exames são importantes para ajudar no descarte de outras doenças que podem causar sintomas semelhantes aos da SBS.
Tratamentos e sequelas da síndrome do bebê sacudido
Após a avaliação dos profissionais da saúde, os tratamentos buscam aliviar os principais desconfortos e sintomas, bem como reduzir as possíveis sequelas que a SBS pode causar.
Tratamentos
A depender da gravidade do caso, é possível fazer o tratamento. Porém, os casos mais graves podem levar à morte. Mas todo caso necessita de muita atenção para que o diagnóstico seja precoce e preciso.
Então, depois da avaliação dos profissionais da saúde – principalmente a partir do diálogo entre pediatra e neurologista – alguns tratamentos possíveis são:
- repouso;
- alimentação leve;
- hidratação;
- reposição de eletrólitos;
- oxigenioterapia para tratar a dificuldade de respiração;
- acompanhamento próximo com profissionais de saúde para tratar os sintomas conforme aparecerem.
Em casos mais graves:
- medicações;
- intubação e ventilação mecânica;
- cirurgia.
Além de tentar diminuir o desconforto com a respiração, é preciso um grande cuidado à situação do cérebro da criança e a pressão intracraniana.
Sequelas
As principais sequelas da síndrome do bebê sacudido são:
- microcefalia;
- perda de visão parcial e até cegueira;
- danos cognitivos;
- hidrocefalia;
- atraso no desenvolvimento;
- atraso na fala;
- fraqueza;
- paralisia cerebral;
- epilepsia;
- convulsões.
Como evitar?
A melhor maneira de evitar essa síndrome é entender um pouco mais sobre os cuidados com crianças pequenas, buscando informações e realizando consultas frequentes com o pediatra.
Além disso, procurar formas alternativas de acalmar o bebê e outros tipos de brincadeiras para crianças podem ser ótimos para evitar a SBS.
Por exemplo, em caso de choro de cólica do bebê, ao invés de balançá-lo, que tal tentar massagens na barriga e mudar a posição da mamada? Além disso, o poder do leite materno é realmente importante.
Ou, na tentativa de evitar choros excessivos de recém-nascidos, entender sobre a exterogestação e aplicá-la no seu cotidiano com o neném pode ser uma ótima saída.
E, claro, antes de se tornarem pais e mães, as dicas para papais de primeira viagem são de grande ajuda!
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Fontes:
Sociedade Brasileira de Pediatria
Revista de Pediatria da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro