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O sono REM e as demais fases do descanso noturno

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Dormir pode parecer algo simples: basta estar cansado e deitar-se para que o corpo entre em um estado de aparente inconsciência. No entanto, não é bem assim que funciona, e o chamado sono REM revela que uma série de funções vitais ocorrem nesse período.

Em conjunto com as demais etapas do repouso, ele dispara mecanismos que, cada um ao seu modo, contribuem com diversas funções essenciais ao bem-estar. Elas envolvem a “limpeza” do cérebro, a formação de sonhos, a consolidação das memórias e a regulação do metabolismo.

Entenda o que é o sono REM

Para se sentir efetivamente descansado na manhã seguinte, um adulto precisa dormir entre sete e nove horas por noite. Esse número varia conforme as características individuais. Ainda assim, esse período não segue uma sequência tão linear quanto se imagina. Por isso que se fala na divisão em fases.

É possível dividir esse ciclo em dois grandes grupos: o sono REM e o sono não-REM (esse, por sua vez, dividido em três blocos). REM é a sigla para rapid eye moviment (movimento rápido dos olhos, traduzido do inglês), algo perceptível ao observar pessoas ou animais em repouso.

Imagem ilustrativa (GettyImages)

Logo, ao fechar os olhos, o organismo passa por alterações específicas, mais ou menos na seguinte sequência:

Ao término do sono REM, que dura cerca de 10 minutos, o ciclo recomeça. Isso não significa despertar. Há um retorno à fase não-REM, desde o estágio 1. Em noites normais, esse processo se repete entre quatro e cinco vezes até o despertador tocar.

A importância do sono REM 

A constatação de que o organismo passa por mudanças significativas durante períodos específicos é uma descoberta relativamente recente.

O sono REM foi identificado pela primeira vez nos anos 1950, segundo a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Entretanto, ainda existem aspectos a serem esclarecidos sobre as razões de sua ocorrência.

Desde então, seu papel na manutenção do bem-estar e da funcionalidade do corpo continua a ser pesquisado. Seja como for, já se sabe que essa etapa influencia de forma decisiva:

O registro dessas alterações é feito por meio de exames como a polissonografia, que monitora a função do cérebro e os sinais vitais no sono. Com a análise adequada, esse procedimento auxilia na identificação dessas disfunções.

As consequências da redução do sono profundo

Pessoas que passam pouco tempo no sono REM (por dormirem menos, entre outros motivos) costumam sentir que o descanso foi insuficiente, o que pode prejudicar a concentração, o humor e até mesmo o apetite.

Adicionalmente, essa limitação pode impactar aspectos menos evidentes, incluindo na evolução de determinadas condições crônicas.

Noites irregulares, que interrompem os ciclos naturais, podem aumentar as chances de alterações metabólicas associadas ao risco de diabetes e obesidade, por exemplo. 

Uma pesquisa publicada em 2023 pelo periódico Sleep demonstrou também que pessoas com diabetes e pré-diabetes permaneciam menos tempo em sono REM comparadas a outros indivíduos. Isso acontecia mesmo sem a presença de apneia, condição que afeta a respiração e desencadeia pequenos despertares que prejudicam o repouso.

Alterações relacionadas ao sono REM

A insônia é a primeira queixa quando se pensa na dificuldade de descansar. A maioria das pessoas pode enfrentar dificuldades para embalar o repouso ou manter-se nesse estado em algum momento da vida.

Para a avaliação dessa e de outras condições, é possível contar com os benefícios do Cartão dr.consulta. Ele oferece descontos em consultas com especialistas e em diversos exames, garantindo assim a assistência para buscar a solução adequada para cada quadro.

Além da dificuldade para ter um bom repouso, certas alterações específicas têm relação direta com o sono REM. Essas condições são proporcionalmente menos comuns, mas quando persistentes prejudicam igualmente a rotina.

Parassonias

Esse termo designa qualquer alteração indesejável que ocorre ao adormecer, durante o sono ou na transição entre as fases.

Entre as parassonias mais comuns ao longo do sono REM estão os distúrbios dos pesadelos e a paralisia.

Na primeira situação, sonhos ruins interrompem repetidamente a serenidade noturna. Na segunda, acontece uma desconexão entre cérebro e o restante do corpo: o primeiro desperta e percebe o ambiente ao redor (como o quarto), enquanto o tronco, pernas e braços permanecem imóveis devido à redução da força muscular característica.

Quando ocasionais, essas parassonias não demandam intervenção. No entanto, em casos persistentes, é importante buscar atendimento médico. O acompanhamento com neurologistas e psiquiatras pode fornecer o suporte adequado.

Narcolepsia

Aqui o indivíduo convive com o risco de cair dormindo instantaneamente em qualquer local, o que gera diversas situações de perigo.

Outra questão central é que o ciclo do dormir na narcolepsia se torna irregular e pode “pular fases”. A pessoa afetada entra diretamente no estágio REM, dorme por muitas horas seguidas e ainda assim apresenta sonolência diurna excessiva, ou seja, muita vontade de dormir mesmo durante o dia.

O diagnóstico requer avaliação clínica acompanhada de polissonografia. O tratamento envolve mudança de hábitos e medicamentos prescritos por profissionais especializados, como os de medicina do sono.

Transtorno Comportamental do Sono REM

Nesta alteração, o sono REM é interrompido pela ausência do bloqueio muscular que mantém a imobilidade corporal nesse período.

Posteriormente, a pessoa começa a se movimentar, falar ou mesmo manifestar comportamentos agressivos de forma involuntária enquanto dorme. 

Em diversas situações, esta alteração ocorre em conjunto com a narcolepsia e algumas condições neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer.

No longo prazo, o transtorno comportamental do sono REM compromete a qualidade de vida e coloca em risco a integridade física do indivíduo e das pessoas próximas.

O acompanhamento inclui adaptações no estilo de vida, medicamentos e o tratamento das alterações associadas.

O que fazer para aproveitar melhor o sono REM (e a noite como um todo)

Não existe solução mágica. Para a maioria das pessoas, um sono adequado depende da adoção de hábitos aparentemente simples, mas muitas vezes ignorados. 

Quando recebem a devida atenção, essas práticas formam a chamada higiene do sono. Elas incluem as seguintes recomendações:

  1. estabelecer o sono como prioridade na rotina, dentro do possível; 
  2. manter horários regulares para o descanso, tanto em dias úteis quanto em finais de semana;
  3. receber um pouquinho de luz solar enquanto é dia; 
  4. realizar atividade física regularmente; 
  5. diminuir o consumo de cafeína e álcool, principalmente à noite; 
  6. garantir que o quarto permaneça escuro, silencioso e com temperatura agradável; 
  7. reservar a cama exclusivamente para o sono; 
  8. criar uma rotina relaxante nos minutos que antecedem o horário de dormir; 
  9. evitar o uso de telas e smartphones antes de deitar-se;
  10. não permanecer na cama quando o sono não vier. Nessas situações, é preferível levantar-se e realizar alguma atividade tranquila.

Com essas medidas, o processo de adormecer torna-se mais natural. O organismo compreende que esse é o momento de recuperar as energias e cada etapa até o sono REM segue seu curso naturalmente, assegurando a disposição necessária para as atividades do dia seguinte.

Fontes:

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