Como uma simples sinusite pode virar celulite ocular

Também chamado de celulite orbitária, esse quadro que afeta os tecidos localizados na parte posterior da cavidade ocular merece atenção. É comum em crianças com idade pré-escolar, mas também ocorre em adultos diante de algumas situações.

Pode ainda se espalhar rapidamente para estruturas delicadas do rosto e do cérebro — prejudicando desde a capacidade de enxergar até o sistema nervoso.

Fatores e causas que levam à celulite ocular

A principal porta de entrada para a infecção costuma ser a sinusite, especialmente nos seios etmoidais — localizados entre a região oftálmica e o nariz, aponta um estudo publicado na Revista Odontológica do Brasil Central.

Outras causas e fatores de risco são:

• condições odontogênicas;
• traumas ou pós-operatórios mal cicatrizados na face e nos órgãos em questão;
• picadas de insetos com contaminação secundária;
• baixa imunidade (frequente em pessoas com enfermidades crônicas como diabetes ou HIV).

Como identificar a celulite ocular

Inchaço nos olhos, fazendo com que fiquem com um aspecto “saltado”, é o sintoma mais característico, muitas vezes acompanhado de:

• vermelhidão;
• dor intensa e/ou dificuldade em abri-los ou movê-los;
• febre;
• visão turva ou dupla;
• mal-estar generalizado.

O diagnóstico geralmente é clínico, mas confirmado por meio de exames de imagem, como a tomografia computadorizada, que permite verificar o grau de inflamação e a presença ou acúmulo de pus.

Também são úteis os testes laboratoriais, como hemograma e culturas, para identificar a bactéria envolvida e escolher o medicamento mais eficaz.

Complicações podem ser graves

Devido à proximidade da área afetada com o cérebro, a celulite ocular é considerada uma emergência médica, podendo evoluir para quadros infecciosos no sistema nervoso central (SNC), como meningite ou trombose do seio cavernoso (esse último mais raro e potencialmente fatal), destaca artigo publicado na Research, Society and Development.

Além disso, ela ainda pode provocar:

• abscessos cerebrais;
• perda total da visão;
• infecção generalizada (septicemia).

Dessa forma, é importante buscar um atendimento profissional assim que os primeiros sinais forem notados. Quanto mais cedo for a detecção, menores são os riscos de complicações.

Atrasos nos manejos necessários podem resultar em mais dias no hospital e sequelas permanentes tanto em crianças quanto em adultos.

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Tratamento e tempo de recuperação

Antibióticos intravenosos de amplo espectro, como ceftriaxona ou vancomicina, normalmente são a primeira abordagem utilizada, pois combatem os agentes patogênicos mais comuns.

Casos em que o indivíduo não responde bem aos fármacos ou desenvolve abscessos podem exigir um procedimento cirúrgico para drenar o líquido purulento.

Dependendo da gravidade e do progresso frente à intervenção, o tempo de internação pode variar de 5 a 15 dias. Após a alta, o paciente segue com os remédios orais em casa.

A automedicação com colírios ou anti-inflamatórios não é recomendada e pode retardar o diagnóstico correto.

Existe prevenção para a celulite ocular

Para evitar a celulite ocular, a maneira mais eficaz é controlar qualquer outra condição que possa desencadeá-la. Isso inclui:

• tratar adequadamente sinusites, resfriados, infecções faciais ou picada de inseto com sinais de inflamação;
• cuidar da saúde bucal e visitar regularmente o dentista;
• manter a vacinação infantil em dia.

Adotar essas medidas e procurar ajuda imediata de um especialista diante de manifestações suspeitas nos olhos garante uma recuperação total da saúde visual e preserva o bem-estar geral.

Fontes:

• Research, Society and Development;
• Revista Odontológica do Brasil Central.