As possíveis aplicações de uma cirurgia de gengivectomia

A saúde bucal, claro, não depende apenas de dentes em bom estado. Para que um sorriso seja considerado saudável, estruturas como as gengivas também precisam estar em boas condições. Nesse sentido, em muitos casos, a gengivectomia pode ser um procedimento interessante.

Ela consiste na remoção cirúrgica do tecido que envolve e sustenta a dentição. Isso pode ser feito tanto com finalidades estéticas, quanto terapêuticas, ou seja, visando tratar uma condição diagnosticada.

Independentemente do motivo, é fundamental considerar os cuidados necessários para a recuperação adequada, evitando assim complicações.

Situações que podem exigir uma gengivectomia

Alterações que envolvem a gengiva são relativamente comuns, em diferentes idades. A Periodontia campo da odontologia dedicado ao tratamento dessa parte da região bucal, desempenha um papel crucial, sendo o periodontista, o profissional especializado no cuidado dos tecidos e ossos da área.

A atuação desse especialista é ainda mais relevante considerando que as condições que afetam a gengiva estão entre as principais causas de perda dentária entre os brasileiros, conforme aponta o Ministério da Saúde.

A gengivite e a periodontite são os exemplos mais frequentes disso. Com a falta de higiene adequada, a placa bacteriana fica acumulada-se entre os dentes e próximo à gengiva. Eventualmente, esse material torna-se rígido, formando o tártaro.

A partir disso, surge uma inflamação que, sem o devido acompanhamento, compromete a região e todas as estruturas que sustentam o dente.

Embora existam alternativas de tratamento, casos graves de tal quadro inflamatório (a chamada periodontite) podem necessitar da gengivectomia para a correção.

Isso ocorre principalmente quando existe a formação de uma bolsa periodontal, aumentando o espaço entre os ossos e os dentes e gerando um excesso de tecido gengival. Tal alteração facilita o acúmulo de sujeira e microrganismos, agravando o quadro. Portanto, sua remoção cirúrgica ajuda a resolver essa questão.

Adicionalmente, a gengivectomia com fins terapêuticos tende a ser importante nos casos em que o nascimento do dente do siso sofre interferência do excesso de gengiva. É comum que isso cause uma inflamação conhecida como pericoronarite.

Gengivectomia com finalidade estética

O chamado sorriso gengival é a mudançaalteração na aparência que mais frequentemente exige a correção por meio do procedimento.

Na prática, essa queixa surge quando, ao sorrir ou falar, uma porção significativa da gengiva fica exposta. O tamanho do trecho do tecido que caracteriza o desconforto varia, mas geralmente oscila em torno de 4 milímetros.

Quase sempre esse excesso não oferece riscos à saúde por si só. No entanto, quando a questão estética se destaca, a correção torna-se valiosa para uma figura mais harmoniosa e bem-estar psicológico do paciente.

De todo modo, a avaliação do dentista é indispensável para determinar a necessidade da gengivectomia.

Nesse processo, outras abordagens são consideradas, inclusive em conjunto. Entre algumas das mais utilizadas estão a aplicação de toxina botulínica (que limita o movimento dos lábios e reduz o tamanho do trecho exposto) ou a colocação de coroas dentárias.

Preparação para o dia da operação

Apesar do termo “cirurgia” chamar a atenção, o preparo para a gengivectomia dispensa grandes mudanças na rotina, na maioria das vezes. O procedimento é normalmente realizado no próprio consultório do periodontista. No mais, a dor também não precisa ser motivo de preocupação: tudo é feito com anestesia local.

O profissional usa um bisturi ou um laser específico para, cuidadosamente, remover pequenos fragmentos da gengiva. Em geral, esses fragmentos têm um ou dois milímetros.

Ess instrumento cortante é geralmente a opção mais adotada, mas a alternativa feita com o auxílio do laser pode oferecer benefícios como redução nos sangramentos, menor risco de infecção e cicatrização mais rápida.

Finalizada a remoção do tecido indesejado, a área é limpa e coberta com um curativo pequeno. Todo o processo leva menos de uma hora, em média. Em seguida, é possível retornar para casa, com as devidas orientações para o período de recuperação.

Gengivectomia e Gengivoplastia

Os nomes são parecidos, então confusões são frequentes sobre a finalidade e o método utilizado em cada um deles.

A gingivectomia, tema deste conteúdo, envolve a remoção do excesso de gengiva por meio de pequenos recortes para tratar alguma condição ou melhorar o aspecto visual.

Já a gengivoplastia é um procedimento cirúrgico que “modela” o tecido conforme a necessidade avaliada (sobretudo do ponto de vista estético). A técnica utiliza movimentos aplicados nas gengivas, dentes e ossos, sem necessariamente remover nada.

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Orientações para uma boa recuperação

Apesar dos riscos serem pequenos, e de ser considerado um procedimento simples, as horas e os dias seguintes à gengivectomia exigem certos cuidados. Eles são fundamentais para evitar imprevistos e garantir o resultado esperado. As medidas básicas envolvem:

• utilização de compressas com água fria ou gelo para minimizar o inchaço e a sensação dolorida (medicamentos também costumam ser indicados para isso);
• manutenção de repouso e restrição de esforços físicos, sobretudo para evitar sangramentos (em alguns casos um dia é suficiente, mas algumas circunstâncias podem exigir mais tempo);
• alimentação restrita a líquidos e refeições pastosas em temperatura ambiente, em especial nos primeiros dias;
• nas 24 horas seguintes da cirurgia, a escovação e a aplicação de qualquer enxaguante bucal deve ser interrompida;
• depois disso, a escovação e o uso do fio dental devem ser retomados, desde que se evite a área em recuperação;
• pode haver a prescrição profissional de enxaguantes específicos para controlar a formação de placa e evitar infecções enquanto a cicatrização está completa.

A consulta de retorno é importante para avaliar o progresso da recuperação e pode ser adiantada. No entanto, há a indicação de voltar ao consultório antes da data inicial agendada em casos de dor intensa, sangramentos persistentes ou qualquer sinal de infecção.

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Dicas adicionais para manter a saúde das gengivas

O resultado da gengivectomia, seja estética ou terapêutica, é definitivo e tende a solucionar o quadro que motivou o procedimento.

Por outro lado, isso não dispensa a manutenção do cuidado preventivo, reforçando hábitos simples que contribuam com o bom estado de dentes e gengivas. Na lista do que deve ser o foco sempre estão:

• garantir uma escovação cuidadosa, pelo menos três vezes ao dia (depois das refeições e antes de dormir);
• usar fio dental diariamente;
• complementar a limpeza com um enxaguante bucal;
• evitar o consumo de alimentos açucarados e pegajosos, em especial entre as refeições;
• não fumar;
• reduzir o consumo de álcool;
• visitar o dentista regularmente.

Manter a regularidaderegularidades das consultas odontológicas é essencial para identificar possíveis alterações na boca precocemente. Isso torna os tratamentos mais fáceis e ágeis, preservando a integridade do sorriso. Por isso, é recomendável separar espaço na agenda para uma visita a cada seis meses, no mínimo.

Fontes:

• American Academy of Periodontology;
• Cureus; 
• Dental Press Journal of Orthodontics;
• Ministério da Saúde;
• National Library of Medicine;
• Principles and Practice of Laser Dentistry;
• Revista de Odontologia de Araçatuba.