Colonoscopia é essencial para prevenção do câncer de intestino

O procedimento é amplamente utilizado para investigar a saúde do intestino grosso e do reto. Além de auxiliar no diagnóstico de alterações intestinais, desempenha papel decisivo na prevenção de enfermidades graves, como o câncer colorretal, ao permitir a identificação precoce de lesões com potencial cancerígeno.

Mesmo com a eficácia comprovada, a colonoscopia ainda enfrenta resistência por parte de muitas pessoas, principalmente por envolver a região anal. 

O constrangimento, a desinformação e o medo da dor são fatores que geram receio, contribuindo para o adiamento do exame e dificultando o diagnóstico precoce de patologias.

Como é feita a colonoscopia

Realizada em ambiente ambulatorial e, na maioria dos casos, com sedação leve para maior conforto do paciente, a colonoscopia começa com a introdução do colonoscópio (tubo fino, flexível e com câmera na ponta) pelo ânus.

Durante o exame, o intestino é levemente inflado com gás para facilitar a visualização das paredes internas. 

A câmera transmite imagens em tempo real para o monitor, permitindo que o médico observe toda a extensão do intestino grosso. 

Em média, dura entre 20 e 60 minutos. Depois, o paciente permanece em observação até se recuperar completamente da sedação.

O que é possível identificar

Por permitir observar detalhadamente o interior do intestino, ele pode detectar:

• pólipos (formações que podem evoluir para tumores malignos);
• inflamações e doenças como a colite ulcerativa e a doença de Crohn;
• câncer colorretal em fases iniciais;
• hemorragias e alterações no revestimento da mucosa intestinal.

Quando a colonoscopia é indicada

Pessoas com risco médio para o câncer de intestino devem iniciar o rastreamento a partir dos 45 anos, recomenda a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. Em geral, o exame deve ser repetido a cada 10 anos, caso não sejam apontadas alterações relevantes.

Para quem tem histórico familiar da condição, o início da triagem é antecipado. Nesses casos, a indicação pode seguir um dos dois critérios, considerando o que ocorrer primeiro:

• ou quando a pessoa completar 40 anos;
• ou quando atingir a idade de dez anos antes em que o parente de primeiro grau (como pai, mãe ou irmão) recebeu o diagnóstico da doença.

O câncer colorretal é um dos mais frequentes no mundo e pode ser evitado com o rastreamento regular e a remoção de lesões pré-malignas, como os pólipos adenomatosos, aponta artigo publicado na Revista Científica do Hospital Santa Izabel.

Essa recomendação também vale para indivíduos com doenças inflamatórias intestinais, como mostra o estudo publicado nos Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva.

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Tabus e preconceitos podem dificultar o rastreamento

A resistência à realização da colonoscopia está, em muitos casos, diretamente ligada a fatores culturais e emocionais. Por envolver a região anal, ainda carrega estigmas e tabus que levam muitas pessoas a evitá-lo — mesmo diante de sintomas persistentes ou de histórico familiar de câncer intestinal.

O exame proctológico, que também envolve avaliação dessa região, é geralmente rejeitado por motivos semelhantes.

Segundo estudo publicado na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, a vergonha, o medo de sentir dor e a associação com situações constrangedoras dificultam o enfrentamento racional do cuidado com a saúde.

Essas barreiras impactam diretamente o rastreamento precoce, reduzindo as chances de detecção em estágios iniciais, momento em que o tratamento costuma ser mais simples e eficaz. 

Assim, a recusa ao procedimento pode fazer com que lesões evoluam de forma silenciosa e só sejam percebidas em estágios avançados.

Diagnóstico precoce aumenta as chances de cura

Caso sejam encontradas lesões, biópsias ou retirada de pólipos podem ser feitas durante a colonoscopia, o que contribui significativamente para a redução da incidência de câncer. 

Segundo dados da Revista Científica do Hospital Santa Izabel, apenas uma pequena proporção dos adenomas (tumores benignos) progride para tumores malignos. Ainda assim, sua remoção evita que isso aconteça.

Quando o câncer é identificado em estágios iniciais, as chances de cura ultrapassam 90% com tratamento adequado, aponta o mesmo estudo. Por isso, a colonoscopia é considerada o padrão-ouro no rastreamento e na prevenção do câncer de intestino.

Preparo para a eficácia do exame

Para que as imagens tenham boa nitidez, o preparo deve começar pelo menos dois dias antes e inclui:

• retirada do kit de preparo em uma unidade dr.consulta, mediante pedido médico e entrevista de enfermagem (pelo menos cinco dias antes);
• dieta leve e de fácil digestão dois dias antes (arroz, massas, pães, peito de frango, filé de peixe, purê de batata, ovos, gelatinas e sopas coadas com pouca gordura);
• uso de laxantes nos horários recomendados;
• hidratação com líquidos claros no dia anterior;
• jejum absoluto de alimentos e consumo da solução de manitol com simeticona 6 horas antes.

No dia:

• é obrigatório estar acompanhado por uma pessoa maior de 18 anos;
• vestir roupas leves;
• levar documentos e exames anteriores;
• suspender medicamentos (como hipoglicemiantes, anticoagulantes e outras substâncias específicas), conforme orientação médica.

A colonoscopia não é realizada em pacientes que não atendem aos critérios de idade (16 a 65 anos), com índice de massa corporal (IMC) muito baixo ou elevado, doenças descompensadas ou uso recente de substâncias ilícitas. Mulheres têm o direito legal de solicitar um acompanhante na sala, conforme a Lei nº 14.737/2023.

Além do exame, a adoção de hábitos saudáveis e a supervisão médica periódica são essenciais para a prevenção de condições silenciosas, como o câncer colorretal. 

É importante também não ignorar os sinais do corpo nem adiar procedimento por medo ou desinformação. Superar preconceitos e buscar apoio profissional é uma prática de autocuidado. 

Quando realizada nos intervalos adequados, a colonoscopia torna-se uma aliada poderosa para a vida.

Fontes:

• Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo);
• Revista Científica do Hospital Santa Izabel;
• Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação;
• Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica.