Pólipos intestinais podem anteceder o câncer de intestino

Alterações que surgem na parede interna do intestino grosso, muitas vezes sem causar sintomas, podem evoluir de forma silenciosa e, em determinados casos, estar associadas ao surgimento de tumores malignos. Essas formações são chamadas de pólipos intestinais.
A maioria é benigna, mas algumas apresentam potencial de transformação ao longo dos anos. Por esse motivo, entender o que são, como surgem e quais práticas ajudam a evitar o seu aparecimento é essencial para preservar a saúde a longo prazo.
O que são os pólipos intestinais?
São crescimentos anormais que surgem na mucosa do intestino grosso (cólon) ou reto, que variam bastante em forma, tamanho e estrutura. Alguns têm aparência semelhante a uma verruga ou cogumelo, enquanto outros são planos ou têm leve elevação.
Existem diferentes classificações, sendo as mais conhecidas os pólipos pediculados (com haste) e os sésseis (mais achatados e sem haste). Há também os chamados planos ou plano-elevados, geralmente mais sutis e de difícil visualização, mas com maior risco.
Embora nem todos levem a complicações, o monitoramento é fundamental, já que parte deles se transforma em adenomas, que são lesões que têm maior chance de desenvolver neoplasia maligna (tumor).

Por que pólipos intestinais podem evoluir para câncer?
Grande parte dos tumores colorretais começa a partir de pequenas formações na mucosa intestinal que, quando não removidos, podem evoluir lentamente durante anos (em média uma década) até se tornarem malignos.
Esse intervalo permite que intervenções preventivas, como exames periódicos, por exemplo, evitem o aparecimento de tumores avançados.
Embora sejam mais comuns a partir dos 50 anos, eles podem surgir antes, especialmente quando há histórico em parentes, ou ainda em pessoas com síndromes genéticas, como a polipose adenomatosa familiar (PAF) e a síndrome de Lynch.
Sinais que indicam alterações no intestino grosso
Mudanças no funcionamento intestinal nem sempre são motivo de alarme imediato, mas merecem atenção quando persistem ou surgem de forma repentina. Alguns desses sinais incluem:
- anemia sem explicação;
- sangue nas fezes;
- mudança persistente no hábito intestinal (como diarreia ou prisão de ventre);
- dor abdominal frequente;
- perda de peso sem causa aparente;
- presença de massa (tumoração) no abdômen.
Esses sintomas, mesmo que não estejam diretamente relacionados a um câncer, precisam de avaliação de um especialista, seja um gastroenterologista ou um coloproctologista, principalmente se persistirem por mais de alguns dias.
O primeiro é especializado em doenças que afetam todo o aparelho digestivo, enquanto o segundo tem foco específico nas irregularidades do intestino grosso, reto e ânus.

Fatores que favorecem o aparecimento dos pólipos intestinais
O surgimento não está relacionado a uma única causa, ou seja, há uma combinação de aspectos genéticos, hábitos cotidianos e condições clínicas que aumentam essa possibilidade.
Predisposição
- Ter um parente de primeiro grau diagnosticado com pólipos ou câncer colorretal antes dos 60 anos dobra o risco;
- quando dois familiares de primeiro grau são diagnosticados, o risco se eleva ainda mais.
Alimentação e estilo de vida
- Consumo frequente de carnes processadas e embutidos, como salsicha, presunto e bacon;
- ingestão excessiva de carne vermelha (acima de 500g por semana);
- sedentarismo;
- tabagismo e consumo elevado de bebidas alcoólicas;
- acúmulo de gordura corporal.
Nesse cenário, contar com uma rede de cuidado estruturada facilita o acesso contínuo à saúde e favorece o acompanhamento ao longo do tempo.
O Cartão dr.consulta oferece programas personalizados com atendimento preventivo e monitoramento frequente para cada pessoa, respeitando as necessidades específicas.

4 hábitos de prevenção
Embora não seja possível impedir completamente o surgimento dos pólipos, algumas atitudes contribuem de forma significativa para a redução de riscos:
- valorizar hábitos alimentares protetores;
- praticar atividade física regularmente;
- evitar exposição a substâncias nocivas;
- manter monitoramento por exames.
1. Valorizar hábitos alimentares protetores
Um padrão alimentar baseado em alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais e leguminosas, colabora para o bom funcionamento intestinal e inibe modificações celulares, pois cuida da microbiota local.
Esses alimentos são ricos em fibras e fitoquímicos com ação antioxidante e anti-inflamatória, e podem ser recomendados por um profissional especializado em nutrição, com base no histórico e perfil clínico de cada pessoa.
2. Praticar atividade física regularmente
A prática semanal de pelo menos 150 minutos de exercícios moderados ajuda a controlar processos inflamatórios, estabiliza os níveis hormonais e favorece a imunidade, conforme explica o Ministério da Saúde.
Além disso, contribui para o equilíbrio do peso corporal, outro fator essencial na prevenção.
3. Evitar exposição a substâncias nocivas
Suspender o tabagismo e reduzir a ingestão alcoólica (principalmente acima de duas doses diárias) são atitudes eficazes para diminuir o risco de diversas condições de saúde.
Isso porque bebidas etílicas são classificadas como agentes tóxicos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer.
4. Manter monitoramento por exames
A detecção precoce de pólipos permite a remoção antes que evoluam. A colonoscopia é o exame padrão ouro, pois permite tanto a visualização quanto a retirada de lesões suspeitas.
Para a população em geral, recomenda-se iniciar o rastreamento aos 50 anos. Entretanto, para pessoas com presença de fatores de risco, como histórico familiar, síndromes genéticas ou doenças intestinais crônicas, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, o início do rastreamento pode ser antecipado para 45 anos ou menos.
Outras opções, como a retossigmoidoscopia e testes de sangue oculto nas fezes, por exemplo, são utilizadas em protocolos de rastreamento populacional e individual.
Tratamento do quadro
A maioria das lesões é retirada durante o próprio exame de colonoscopia por meio de técnicas como a polipectomia ou mucosectomia. No entanto, alterações maiores ou de difícil acesso demandam novo agendamento ou encaminhamento a centros especializados.
Após a retirada, o material é encaminhado para análise laboratorial, que avalia características como tamanho, tipo celular e presença de displasia (alterações no núcleo das células que indicam risco aumentado para câncer).
Uma vez retirado, a pessoa deverá, periodicamente, consultar-se com o especialista para que seja feito um acompanhamento. O intervalo para novas avaliações depende dos resultados obtidos por meio das avaliações laboratoriais e de outras variáveis clínicas.
Em vez de esperar sintomas, investir em um cuidado constante e acessível permite identificar condições como os pólipos intestinais antes que evoluam.
Fontes: