Flora intestinal é essencial para o equilíbrio do corpo

A microbiota intestinal, popularmente chamada de flora, é composta por trilhões de microrganismos que habitam o trato gastrointestinal. Esse ecossistema dinâmico influencia diretamente funções metabólicas, digestivas, imunes e até cognitivas.
A compreensão sobre sua atuação tem crescido e apontado caminhos promissores na promoção da saúde, prevenção de condições crônicas e no acompanhamento de questões como diabetes, constipação e alterações de humor.
O que é flora intestinal e como ela se forma?
A microbiota é repleta de bactérias, vírus, fungos e outros microrganismos que convivem em harmonia dentro do intestino, principalmente no cólon. Sua formação tem início logo após o nascimento, sendo moldada por fatores como o tipo de parto, amamentação, uso de antibióticos, bem como alimentação nos primeiros anos de vida.
Por exemplo, partos vaginais e o aleitamento materno exclusivo favorecem uma colonização intestinal mais diversificada e funcional, com predominância de espécies benéficas como bifidobactérias e lactobacilos.
Enquanto nascimentos por cesariana e o uso precoce de fórmulas infantis estão associados a um ambiente menos estável e mais suscetível a desequilíbrios.
Para o acesso contínuo a cuidados personalizados da saúde intestinal desde os primeiros meses de vida, o Cartão dr.consulta pode ser um grande aliado.
Acompanhando cada fase do desenvolvimento, a assinatura dá acesso e conecta o paciente a uma rede de profissionais e a exames que auxiliam na prevenção de desarmonia e no acompanhamento de sinais a serem observados desde o início.
4 funções da flora intestinal que vão muito além da digestão

O equilíbrio intestinal beneficia o organismo em muitos níveis, sendo que os principais papéis que ela desempenha são:
- Defesa contra microrganismos indesejáveis;
- Maturação do sistema imune;
- Produção de substâncias importantes;
- Relação com a saúde mental.
1. Defesa contra microrganismos indesejáveis
Por meio da chamada resistência à colonização, as espécies benéficas competem com possíveis invasores por espaço e nutrientes, além de produzirem compostos antimicrobianos, evitando assim, que aqueles potencialmente prejudiciais se instalem e se multipliquem no intestino.
2. Maturação do sistema imune
Grande parte das células imunológicas residem na parede intestinal que dependem do contato com a microbiota para as suas regulações. Então, quando a exposição é adequada, há uma maior capacidade de reconhecer o que deve ou não ser combatido, reduzindo o risco de reações alérgicas ou autoimunes.
3. Produção de substâncias importantes
A flora intestinal é responsável pela fermentação de fibras alimentares que atuam na nutrição das células intestinais e na regulação da saciedade. Ela também participa da síntese de vitaminas como a K, biotina e ácido fólico.
Para indicar quais alimentos ou suplementos são mais apropriados pensando em uma vida saudável, é recomendável consultar um profissional capaz de prescrever um plano nutricional personalizado.
4. Relação com a saúde mental
Pesquisas recentes identificaram microrganismos intestinais envolvidos na síntese de neurotransmissores como serotonina e GABA. Essa conexão, conhecida como eixo intestino-cérebro, está sendo investigada em quadros de depressão, ansiedade e irregularidades no comportamento.
Em situações em que existem flutuações persistentes no estado emocional, é fundamental consultar um especialista em saúde mental para uma avaliação detalhada.
Quando o desequilíbrio resulta em disbiose
Esse estado geralmente ocorre por uso recorrente de antibióticos, dietas ricas em gordura e em ultraprocessados, além de estilo de vida que envolva sedentarismo ou estresse excessivo. Nesse cenário, espécies com potencial inflamatório se tornam predominantes, o que afeta a integridade da barreira intestinal, facilitam a passagem de toxinas, bem como estimulam reações inflamatórias sistêmicas.
A disbiose tem relação com diferentes condições de saúde, como resistência insulínica, alterações metabólicas e constipação intestinal, o que intensifica processos indesejados. Alguns dos sinais de alerta de que algo não vai bem incluem:
- gases em excesso;
- inchaço abdominal;
- fadiga frequente;
- irritabilidade;
- intolerâncias alimentares;
- queda na imunidade.
Esses sinais podem ser sutis no início, mas quando persistem, indicam que algo não está certo. Por isso, é importante observar essas manifestações com atenção e buscar acompanhamento especializado sempre que necessário.
Microbiota e diabetes
Conforme explica a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), mudanças na flora intestinal interferem nos mecanismos relacionados à sensibilidade à insulina e à resposta imune.
Em pessoas com diabetes tipo 2, por exemplo, observou-se uma maior proporção de microrganismos que favorecem a inflamação, agravando o quadro metabólico. Em relação ao tipo 1, pesquisadores discutem uma resposta imunológica exacerbada contra as células do pâncreas.
Apesar de ainda em fase de investigação, há indícios de que a modulação da microbiota, principalmente com o uso de probióticos, contribui positivamente para a prevenção e o acompanhamento dessas condições.
A flora intestinal também se conecta à motilidade intestinal
Variações no ritmo do intestino, como constipação, são comuns em muitos indivíduos e frequentemente levam ao uso indiscriminado de laxantes.
No entanto, esses produtos devem ser usados apenas com orientação médica, especialmente porque interferem e agravam a disfunção. Em casos persistentes, a recomendação é procurar um profissional para avaliação adequada.
Como cuidar da saúde digestiva
Manter a saúde intestinal envolve um conjunto de práticas voltadas ao estilo de vida que incluem:
- ter uma alimentação rica em fibras provenientes de frutas, vegetais, leguminosas e grãos integrais;
- preferir a ingestão de alimentos com efeito probiótico como iogurtes com culturas vivas e kefir;
- evitar o uso desnecessário de antibióticos, principalmente nos primeiros anos de vida;
- garantir a amamentação exclusiva até os seis meses de vida, quando possível;
- preferir o parto vaginal, quando indicado clinicamente, em razão da transmissão da microbiota materna.
A flora intestinal está no centro de múltiplas funções do corpo humano. Cuidar dela não é apenas uma questão digestiva, mas um pilar importante para o bem-estar geral.
Fontes:
[…] Um padrão alimentar baseado em alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais e leguminosas, colabora para o bom funcionamento intestinal e inibe modificações celulares, pois cuida da microbiota local. […]