O que pode significar o corrimento branco?

A secreção vaginal (conhecida como leucorreia) é produzida naturalmente pelo organismo feminino. Suas características podem oscilar ao longo do ciclo menstrual, por exemplo, tornando-se mais abundantes e elásticas no período ovulatório.

Porém, modificações significativas na textura, coloração, odor ou volume, como no caso do corrimento branco, podem indicar condições que exigem suporte médico.

Possíveis significados para o corrimento branco

Entre as causas mais comuns, sobretudo quando se dá de forma persistente ou junto de outros sintomas, estão:

• candidíase vulvovaginal;
• vaginose citolítica;
• vaginose bacteriana;
• alergias ou irritações locais;
• higiene íntima inadequada.

Candidíase vulvovaginal

Infecção provocada pela proliferação de fungos do gênero Candida, principalmente o Candida albicans, em decorrência de um desbalanço da microbiota da região.

O fluido de tom esbranquiçado é espesso, com aspecto de leite coalhado e frequentemente acompanhado de vermelhidão e coceira com queimação.

Acomete grande parte das mulheres em idade fértil e, na maioria das vezes, é desencadeada pelo uso de antibióticos, de roupas apertadas que abafam a região íntima, quadros de estresse, baixa imunidade ou alterações hormonais, segundo artigo publicado na Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research. 

Vaginose citolítica

Ocorre devido ao crescimento excessivo de Lactobacillus, segundo estudo publicado na revista Research, Society and Development.

Embora esse tipo de bactéria faça parte da flora vaginal saudável, quando presente em grandes quantidades, pode levar à destruição das células da mucosa.

Os sinais incluem corrimento branco denso, ardência, pH vaginal entre 3,5 e 4,5 e sensação de desconforto. É comum confundir a vaginose citolítica com a candidíase, mas o tratamento é diferente, por isso, requer diagnóstico médico adequado.

Vaginose bacteriana

O desequilíbrio da microbiota também pode resultar na proliferação de microrganismos como a Gardnerella vaginalis, gerando secreção branco-acinzentada, com odor forte (semelhante a peixe) e pH mais elevado (acima de 4,5).

De acordo com a edição XIV do livro Ginecologia e Obstetrícia, o quadro pode aumentar o risco de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e complicações na gestação, como parto prematuro.

Alergias ou irritações locais

Tratam-se de irritações que promovem alterações no padrão do fluido como forma de proteção, mesmo na ausência de infecção. Nesses casos, ele não costuma ter cheiro ou vir junto com sintomas intensos, geralmente desaparecendo com a suspensão do agente desencadeante.

Itens de higiene íntima com fragrância ou inapropriados, absorventes internos e o uso de roupas muito apertadas são fatores que podem levar a essas reações.

Higiene íntima inadequada

Determinados sabonetes e a utilização frequente de duchas vaginais também podem favorecer o desbalanço de microrganismos na região e, consequentemente, condições associadas.

Recomenda-se evitar lavagens internas e sempre dar preferência a produtos neutros e roupas íntimas de algodão.

Quando procurar ajuda médica

É importante realizar avaliação com ginecologista quando o corrimento branco tiver odor forte e desagradável ou vier acompanhado de:

• coceira intensa;
• ardência ao urinar;
• dor durante as relações sexuais;
• sangramento fora do período menstrual;
• vermelhidão ou inchaço da vulva.
  

Procedimentos simples, como o teste de pH, análise da secreção ao microscópio e cultura microbiológica, ajudam a identificar a origem e orientar o tratamento correto.

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Casos em que o corrimento branco é normal

A leucorreia tem a função de proteger a mucosa vaginal, manter a lubrificação e contribuir para o equilíbrio da flora íntima. Normalmente, as cores variam do transparente ao branco, mas sem cheiro ou sintomas associados.

Ovulação, excitação sexual, gravidez, uso de anticoncepcionais, menopausa e outras mudanças hormonais ao longo da vida reprodutiva são exemplos de fenômenos naturais do organismo que podem interferir no volume ou na textura.

Elas são consideradas fisiológicas e fazem parte do funcionamento saudável do sistema reprodutor feminino, indica estudo publicado na revista Research, Society and Development.

Cuidados para manter a saúde vaginal

Algumas medidas simples ajudam a prevenir infecções e manter o equilíbrio da flora vaginal:

• evitar duchas vaginais e lavagens excessivas;
• utilizar sabonetes neutros ou específicos para a região íntima;
• preferir roupas íntimas de algodão a tecidos sintéticos;
• praticar sexo com proteção;
• manter a alimentação equilibrada e a hidratação adequada;
• consultar regularmente o ginecologista, mesmo na ausência de manifestações.

Por fim, vale ressaltar que casos de corrimento branco devem ser analisados com atenção e individualmente já que esse é um sinal multifatorial. Mas, de forma geral, adotar hábitos saudáveis e realizar check-ups ginecológicos periódicos são atitudes que contribuem para a redução de riscos e garantem mais qualidade de vida. 

Fontes:

• Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research;
• Ginecologia e Obstetrícia – edição XIV;
• Research, Society and Development.