A dengue é uma doença que assombra os brasileiros desde a sua primeira aparição documentada, em 1982. No entanto, os relatos da doença no nosso país são ainda mais antigos, com surtos desde o século 18, quando ovos infectados do Aedes Aegypti chegaram a terras brasileiras através de navios negreiros.
Desde então, a luta para erradicar a doença é incansável e precisa ser um trabalho em conjunto em todas as épocas do ano, apesar da maior ocorrência ser no verão. Saiba tudo sobre a dengue e, principalmente, como tratar e prevenir.
O que é a dengue?
Causada por um vírus da família Flaviviridae (do gênero Flavivírus), a dengue é uma doença infecciosa febril aguda, que afeta crianças e adultos.
Esse vírus apresenta quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 ou simplesmente sorotipo 1, 2, 3 e 4, que apesar de diferentes pertencem a mesma espécie.
Sua manifestação pode acontecer de duas formas:
- “dengue clássica“: é a mais leve e, em geral, os adultos saudáveis se recuperam em poucos dias.
- dengue hemorrágica: quadro mais grave da doença que gera outras complicações e aumentam o risco do óbito.
Primeira epidemia no Brasil
A dengue teve origem na África e, seguindo relatos, chegou ao Brasil no século 18. A hipótese é de que os navios negreiros que ingressaram no país estavam infectados com ovos do Aedes aegypti.
As primeiras epidemias no Brasil foram registradas em São Paulo, em 1916, e Niterói, em 1923. Porém, a primeira epidemia documentada clinicamente ocorreu apenas em 1982, em Boa Vista no estado de Roraima.
Transmissão
A transmissão em humanos ocorre através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, quando infectada. Por isso, a dengue é considerada uma arbovirose, ou seja, uma doença causada por vírus que têm os mosquitos como transmissores, assim como a Chikungunya e o Zika.
Ciclo de vida do mosquito da dengue
- a fêmea do mosquito Aedes Aegypti se prolifera em águas paradas, depositando seus ovos;
- esses ovos são bem resistentes e podem demorar meses para se desenvolverem;
- após serem fecundados, são transformados em larvas;
- as larvas viram mosquito quando passam pelo processo de transição chamado Pupa e dão reinício ao ciclo.
Embora o “mosquito da dengue” possa ser confundido com qualquer outro, sua coloração é diferenciada (zebrada, no estilo cor sim, cor não) e seu tamanho é maior do que o de um pernilongo, por exemplo. Portanto, é possível diferenciá-los mesmo a olho nu.
Geralmente, esse mosquito pica durante o dia (entre 09h e 13h) e a mordida quase não é percebida de imediato, o que exige cuidados e proteção maiores.
Principais sintomas da dengue
É comum identificar entre os pacientes infectados com o vírus da dengue clássica:
1 – Febre alta
Com início súbito e temperatura corporal em torno de 39 a 40ºC. A febre alta é um indicativo de que o organismo está começando a combater o vírus através da produção de anticorpos.
2 – Náuseas e vômitos
Devido ao intenso mal-estar, o paciente pode ter náuseas e vômitos e bastante falta de apetite.
3 – Dor de cabeça e nos olhos
A dor de cabeça durante a dengue é bastante forte. Ela costuma afetar principalmente a região dos olhos e piora com o movimento ocular e esforço da visão.
4 – Manchas vermelhas na pele
As manchas vermelhas são parecidas com as do sarampo, mas localizam-se principalmente na região do tórax e nos braços.
5 – Dor nas articulações e ossos
A dor nos ossos e nas articulações costumam afetar todos os pacientes. As regiões das juntas também podem ficar levemente inchadas e avermelhadas.
Os sintomas da dengue clássica também estão presentes na dengue hemorrágica. No entanto, na forma hemorrágica, sintomas mais graves aparecem até 3 dias após os sintomas da dengue clássica. São eles:
- sangramentos pelo nariz, gengiva ou olhos;
- urina com sangue;
- agitação e sonolência;
- queda na pressão arterial;
- confusão mental.
Quanto tempo duram os sintomas?
Os sintomas agudos da dengue podem durar de 5 a 10 dias, dependendo do estado de saúde de cada paciente e dos cuidados com a hidratação e repouso ao longo do tratamento.
Apesar da maioria dos sintomas sumirem espontaneamente em até 10 dias, a sensação de fraqueza, tontura e dores no corpo pode permanecer por mais tempo, até que o organismo se restabeleça completamente.
Não é uma regra, no entanto, os sinais de melhora da dengue são percebidos com a diminuição da febre e alívio da dor no corpo e surgem, normalmente, até 8 dias após o início dos sintomas.
Por outro lado, a sua gravidade pode ser notada a partir da intensificação do cansaço ou do aparecimento de outros sintomas como: palidez, pressão baixa, palpitação cardíaca, mãos e pés frios, excesso de suor, alteração da consciência e sangramentos no nariz ou na gengiva.
Não espere a piora da doença para buscar ajuda médica especializada. Agende uma consulta com um clínico geral ou infectologista imediatamente.
Diagnóstico
O diagnóstico da dengue é obtido por exames laboratoriais. A partir da coleta de sangue é possível identificar a presença do vírus ou dos seus anticorpos. Os exames mais comuns são:
1 – Teste rápido de detecção de anticorpos IgG/IgM (sorologia)
Os anticorpos IgM são produzidos cerca de 6 a 10 dias após a infecção, por isso essa sorologia é feita com mais frequência para diagnóstico de dengue.
Já o anticorpo IgG é produzido no fim do curso da dengue e permanece no corpo durante meses, sendo assim, o exame de sangue para IgG pode detectar uma infecção passada.
2 – Teste rápido de detecção do antígeno
O teste rápido de detecção do antígeno pode ser realizado nos 5 primeiros dias de sintomas.
3 – Outros exames
Outros exames complementares e que podem ser realizados enquanto se aguarda o resultado do exame de sangue, são o de contagem de plaquetas e a prova do laço.
Na prova do laço, observa-se a fragilidade dos capilares e o surgimento de manchas vermelhas na pele após amarrar um fio no dedo.
Procure um profissional de saúde para receber orientações sobre qual exame fazer. É a partir do diagnóstico correto que se pode garantir um tratamento mais eficaz.
Tratamento da dengue
Infelizmente, ainda não existe um tratamento específico para a dengue. As orientações gerais são no sentido da prevenção, já que a dengue é sim uma doença perigosa e as médicas nos sintomas e voltadas para alívio desses.
Toda e qualquer medicação só deve ser ingerida ou administrada sob supervisão médica. Evite a automedicação, essa prática pode gerar um efeito contrário e ainda trazer uma piora.
Repouso e hidratação
Durante o tratamento é essencial repousar e beber bastante água. Soros industrializados (vendidos em farmácias) ou os caseiros, podem ser uma opção – quando indicados pelo profissional de saúde responsável pelo acompanhamento do caso.
Água, sucos e chás
Bebidas que ajudem a reforçar a imunidade são sugestões comuns, por isso entram na lista. Água, água de coco, sucos naturais de frutas e até mesmo chás podem manter o organismo hidratado.
Não existe ainda nenhum chá para dengue que tenha sua eficácia cientificamente comprovada.
Soro caseiro
O soro feito em casa com água, sal e açúcar serve para combater a desidratação e pode ser consumido por bebês, crianças e adultos. A receita é bem simples:
- 1 litro de água filtrada, fervida ou mineral engarrafada;
- 1 colher de sopa bem cheia de açúcar (20 g);
- 1 colher de café de sal (3,5 g).
Misture bem os ingredientes e beba de 2 a 3 litros por dia, em pequenos goles.
Importante: o retorno médico deve ser feito em média em até 72h após o diagnóstico da dengue, a fim de prevenir complicações ou a forma mais grave da doença. Esse intervalo pode ser reduzido quando os pacientes já têm doenças crônicas.
Cuide da sua saúde e conte com a gente. Conheça a assinatura do Cartão dr.consulta e garanta descontos em consultas e exames, além de outros benefícios em parceiros:
Acompanhamento hospitalar
Quando o diagnóstico é o da dengue hemorrágica, o tratamento e acompanhamento é hospitalar. Normalmente, consiste no uso de soro na veia e medicamentos para interromper os sangramentos e aumentar as plaquetas. Pacientes com hemorragias graves podem necessitar de transfusão de sangue.
Vacina da dengue
O imunizante contra a dengue Qdenga será disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde, o SUS, e atenderá inicialmente as regiões com a maior incidência de casos, englobando crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
O esquema vacinal é composto por duas doses que devem ser aplicadas no intervalo de três meses. Quem já teve a doença deve tomar a vacina normalmente.
Se não existe tratamento, é necessário prevenir
O tema da prevenção é tão relevante que no penúltimo sábado do mês de novembro foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Dengue. Entretanto, quando o assunto é saúde os cuidados precisam ser constantes.
Para evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti:
- elimine água armazenada e possíveis criadouros como vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem proteção e sem manutenção. Lembre-se: até mesmo uma tampa de garrafa pode servir de criadouro;
- substitua a água dos pratos dos vasos de planta por areia, por exemplo;
- tampe caixas d’água e outros reservatórios como piscinas;
- use roupas que protejam mais a pele durante o dia, que é quando os mosquitos estão mais ativos;
- aplique repelentes na pele e inseticidas nos ambientes em que passar mais tempo;
- instale mosquiteiros nos berços ou camas das crianças como medida protetiva extra para bloquear o acesso dos mosquitos.
Qual repelente usar?
Como mencionado, produtos que repelem mosquitos devem ser usados como forma de prevenção à dengue. No entanto, nem todos protegem contra o Aedes Aegypti.
Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda aqueles que têm em sua fórmula 20% de icaridina, uma substância com baixa toxicidade e proteção prolongada (por até 10 horas).
Além dela, existem outros dois ativos que funcionam de acordo com especialistas: o DEET e o IR3535. Porém, é importante seguir as recomendações dos fabricantes e ficar atento, inclusive, às contraindicações.
É necessário ainda um cuidado especial com os pequenos e grávidas. Pesquisas mostram que o DEET é seguro para gestantes e crianças acima de 2 anos — sendo que, até os 12 anos, a concentração dever ser de, no máximo, 10%.
Já bebês que têm mais de 6 meses e ainda não completaram 24 meses, podem utilizar os produtos à base de IR3535.
Ressaltando que, antes de usar, é essencial ler os rótulos dos repelentes para saber se há contraindicações, como passar, etc.
Fontes: