Doenças crônicas: o que você precisa saber sobre elas
Existem algumas condições de saúde que não se resolvem em um curto espaço de tempo e que podem acompanhar as pessoas por toda a vida: são as chamadas doenças crônicas.
Consideradas uma questão de saúde pública, elas afetam milhões de indivíduos no Brasil e no mundo e requerem cuidados especiais para evitar complicações e melhorar a qualidade de vida de quem tem.
Continue neste conteúdo para saber o que são doenças crônicas, quais são os seus tipos e como elas podem ser tratadas.
O que são doenças crônicas?
Doenças crônicas são aquelas que apresentam início gradual, mas que podem durar muito tempo ou até mesmo a vida toda.
Elas podem ser causadas por diversos fatores, como agentes infecciosos, predisposição genética ou estilo de vida. Com isso, elas são classificadas entre doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e doenças crônicas transmissíveis.
Essas condições exigem que a pessoa mude seus hábitos para se cuidar melhor. Apesar de constante, esse ato nem sempre significa a cura completa da doença.
Doenças crônicas não transmissíveis
Como o próprio nome sugere, essas condições não passam de uma pessoa para outra. Geralmente, elas estão relacionadas ao estilo de vida ou à predisposição genética das pessoas, mas ainda assim merecem atenção.
De acordo com a Universidade Aberta do SUS (Una-SUS), elas são responsáveis por mais de 72% das causas de mortes no Brasil. As mais comuns são:
Diabetes
A diabetes é uma condição muito comum no Brasil — e é o 5º país com maior incidência da patologia no mundo, segundo o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).
A doença crônica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de glicose (açúcar) no sangue e isso acontece porque o pâncreas não produz insulina suficiente ou o organismo não a utiliza de forma adequada.
E você deve estar se perguntando: por que a insulina necessária? Ela é importante, pois é o hormônio responsável por regular a entrada de glicose nas células, onde é usada como fonte de energia. Logo, quando há algum déficit nesse processo, o corpo sente isso.
Existem dois tipos principais de diabetes: o tipo 1 e o tipo 2.
O tipo 1 é mais comum em crianças e jovens e ocorre quando o sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina, levando à sua destruição. Já o diabetes tipo 2 é mais frequente em adultos e está associado ao excesso de peso, ao sedentarismo e à resistência à insulina.
Os sintomas da diabetes podem incluir: sede excessiva, urina frequente, visão embaçada, feridas que demoram a cicatrizar, entre outros. O seu diagnóstico é feito por meio de exames de sangue que medem a glicemia em jejum ou após uma sobrecarga de glicose.
O tratamento vai depender do tipo da condição, mas pode envolver mudança de hábitos, medicamentos e até mesmo aplicação de insulina. É importante seguir as orientações médicas, feitas normalmente pelo endocrinologista. Caso não seja tratada, a diabetes pode causar complicações, como: doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e cegueira.
Pressão alta
A pressão alta, ou hipertensão arterial, é uma doença crônica que se caracteriza pelo aumento da pressão exercida pelo sangue nas paredes das artérias.
Ela é considerada normal quando a medição aponta 120 x 80 mmHg (milímetros de mercúrio), ou seja, 12 por 8. Quando está acima de 140 x 90 mmHg (14 por 9), há um quadro de hipertensão.
A condição pode ser causada por diversos fatores, como: hereditariedade, obesidade, estresse, tabagismo, entre outros.
A pressão alta geralmente não apresenta sintomas. Assim, quando a pessoa sente algo, a hipertensão já afetou o seu organismo. Mas, quando há sinais, eles podem ser: dor de cabeça, tontura e zumbido no ouvido.
Quem já tem o diagnóstico de pressão alta deve passar periodicamente com o cardiologista. Pois, assim como a diabetes, se não for tratada adequadamente, a condição pode causar complicações, como: infarto, AVC e insuficiência renal.
Colesterol alto
O colesterol é uma substância gordurosa, produzida pelo próprio organismo ou obtida pela alimentação, essencial para a produção de alguns hormônios, vitaminas, entre outras coisas.
O colesterol alto, ou hipercolesterolemia, é uma doença crônica que se caracteriza pelo aumento do nível de colesterol no sangue, especialmente do tipo LDL (lipoproteína de baixa densidade), que é considerado o “colesterol ruim”.
Ele pode ser causado por diversos fatores, como: hereditariedade, alimentação, sedentarismo, entre outros.
Assim como a pressão alta, a hipercolesterolemia, geralmente, não apresenta sintomas; por isso, é importante fazer exames periódicos, como check-ups anuais, para verificar se ele está dentro dos limites adequados.
Se o nível de colesterol no sangue estiver elevado, ele pode se acumular nas paredes das artérias e formar placas que podem obstruir o fluxo sanguíneo e causar doenças cardiovasculares, como: infarto do miocárdio, angina, aneurisma, entre outras.
Depressão
A depressão também é uma doença crônica. Quem tem a condição, pode passar por períodos persistentes de tristeza, desânimo, falta de interesse e prazer nas atividades cotidianas, baixa autoestima e alterações no sono, no apetite e na concentração.
Esses sintomas podem afetar o funcionamento físico, mental e social da pessoa e prejudicar sua qualidade de vida.
A depressão pode ser causada por diversos fatores, como predisposição genética, alterações químicas no cérebro, estresse, traumas, luto, doenças físicas ou uso de drogas. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, a doença é uma condição médica séria que requer tratamento adequado.
Caso perceba algum dos sintomas relacionados à patologia, procure por um profissional de saúde mental, como um psicólogo.
Asma
A condição é uma doença crônica que se caracteriza pela inflamação das vias respiratórias (brônquios). Por ficarem mais estreitas, elas dificultam a passagem do ar, provocando crises de falta de ar, chiado no peito, tosse seca e sensação de aperto no peito.
A asma pode ser desencadeada por diversos fatores, como alergias a ácaros, pólen, pelos de animais ou mofo; infecções respiratórias; exposição à fumaça, poluição ou perfumes; mudanças climáticas; estresse, entre outros.
O diagnóstico é feito por meio da avaliação clínica de um profissional de saúde — como o clínico geral — que pode solicitar exames complementares como espirometria (que mede o fluxo do ar nos pulmões) ou teste alérgico (que identifica as substâncias que causam alergia).
Após o diagnóstico, o paciente com asma deve fazer um acompanhamento regularmente com o pneumologista.
Obesidade
Caracterizada pelo excesso de gordura corporal, a obesidade é uma das doenças crônicas que pode desencadear outras condições de saúde e, por isso, merece atenção.
Ela é medida pelo índice de massa corporal (IMC), que é calculado pela divisão do peso pela altura ao quadrado. Assim, um IMC igual ou superior a 30 kg/m2 indica obesidade.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), essa doença crônica atinge 6,7 milhões de pessoas no Brasil. Além de alimentação inadequada, sedentarismo, estresse ou falta de sono, a obesidade também pode ser desencadeada por fatores genéticos e hormonais.
Pessoas com obesidade devem fazer um acompanhamento com o endocrinologista. O tratamento também pode ser complementado com a ajuda de um nutricionista para uma alimentação mais equilibrada.
Doenças crônicas transmissíveis
Já as doenças crônicas transmissíveis são aquelas causadas por um agente infeccioso, como vírus ou bactérias, e podem ser passadas de uma pessoa para outra, como:
Aids
A aids é uma doença causada pelo vírus HIV, que ataca o sistema imunológico e facilita o surgimento de outras infecções e doenças.
A transmissão ocorre por meio de relações sexuais desprotegidas; compartilhamento de seringas ou agulhas contaminadas; transfusão de sangue infectado ou da mãe para o filho durante a gravidez; o parto ou a amamentação.
Os sintomas podem variar de acordo com o estágio da doença, mas alguns dos mais comuns são: febre, diarreia e perda de peso. Esses e outros sinais podem demorar para aparecer após a infecção pelo HIV, por isso é importante fazer o teste regularmente e usar preservativo feminino ou a camisinha masculina em todas as relações sexuais.
Tuberculose
É uma doença causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas pode atingir outros órgãos, como ossos, rins e meninges. A transmissão da tuberculose ocorre pelo ar quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala.
Seus sintomas mais comuns são tosse persistente, febre, suor noturno, perda de peso e falta de ar. Em alguns casos, pode haver expectoração com sangue, dor no peito ou nas costas e sudorese intensa.
É importante procurar um pneumologista no aparecimento desses sintomas para iniciar o tratamento o quanto antes. Caso já tenha, também é necessário fazer o acompanhamento regular com o especialista.
Hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos.
A sua transmissão ocorre pelo contato prolongado e frequente com uma pessoa infectada que não esteja em tratamento.
Os sintomas mais comuns são manchas na pele com alteração de sensibilidade; dormência ou formigamento nas mãos, ou nos pés e feridas que não cicatrizam. Em alguns casos, pode haver perda de pelos, ressecamento da pele e úlceras de pernas e pés.
A hanseníase é uma doença que pode causar danos irreversíveis aos nervos e aos tecidos se não for diagnosticada e tratada precocemente.
A pessoa com essa condição pode ser acompanhada pelo dermatologista ou infectologista, mas, em caso de sintomas, é recomendado o auxílio de um clínico geral. Após diagnóstico, ele poderá fazer o encaminhamento para as especialidades necessárias.
Hepatites virais
As hepatites virais são doenças causadas por diferentes tipos de vírus que atacam o fígado e causam inflamação, sendo os principais tipos: A, B, C, D e E — as três primeiras são as mais comuns no Brasil. Além disso, com menor frequência, também há casos do tipo D na região Norte do País.
Essas infecções hepáticas são responsáveis por cerca de 1,4 milhões de óbitos por ano no mundo, decorrentes de infecção aguda, carcinoma hepático ou cirrose relacionados às hepatites.
Segundo o MS, as infecções causadas pelos vírus da hepatite B ou hepatite C são as que, frequentemente, se tornam crônicas.
Ainda de acordo com o órgão, estas condições normalmente não apresentam sintomas, o que pode fazer com que pessoas convivam muito tempo com a infecção sem saber que a tem — quando presentes, o indivíduo pode sentir cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Por serem silenciosas, as hepatites virais, se não tratadas, podem evoluir e causar cirrose, câncer ou insuficiência hepática.
Como forma de prevenção, é importante tomar a vacina para hepatite A (infantil ou adulto), para a hepatite B e seguir outras recomendações, como não compartilhar objetos que possam ter entrado em contato com sangue, e usar preservativo durante as relações sexuais.
Quais são os cuidados que os pacientes crônicos devem ter?
As doenças crônicas exigem cuidados especiais para evitar complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Sendo os principais:
Diagnóstico precoce
Ao perceber sintomas prolongados é recomendado que você procure ajuda especializada. Não ignore os sinais que o seu corpo dá!
O clínico geral é o especialista que consegue fazer a primeira avaliação e encaminhar para outros especialistas, de acordo com a sua necessidade.
Além disso, é importante estar com os seus check-ups em dia. Como mencionado, algumas condições de saúde não apresentam sinais e, quando se manifestam, já podem estar em estado avançado, trazendo complicações à saúde.
Acompanhamento médico
Em muitos casos, as doenças crônicas não têm cura, mas devem ser tratadas e acompanhadas frequentemente para controlar ou aliviar os sintomas, e para evitar que evoluam para outras enfermidades ou quadros mais graves.
O tratamento depende da condição e pode incluir medicamentos, terapias, cirurgias ou mudanças de hábitos — de acordo com as particularidades de cada paciente.
É importante ressaltar que o paciente com uma doença crônica deve manter um acompanhamento médico constante, para monitorar a evolução da doença e ajustar o tratamento quando necessário — não falte ou adie suas consultas, sua saúde deve estar sempre em primeiro lugar.
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Medicamento de uso contínuo
Outra recomendação que os pacientes crônicos devem seguir à risca é o uso dos medicamentos receitados.
Esses remédios devem ser tomados sempre no mesmo horário e ingeridos com água. Não se deve mastigar ou partir os comprimidos (principalmente os revestidos), pois isso pode alterar a liberação ou a quantidade do princípio ativo no organismo, afetando o tratamento.
O leite e os sucos também devem ser evitados, porque podem interferir na absorção ou na ação dos medicamentos. Além disso, é importante não interromper ou alterar a dose dos medicamentos sem orientação médica, pois isso pode causar efeitos colaterais ou reduzir a eficácia da terapia.
Autocuidado
O paciente com uma doença crônica deve ter uma atitude ativa e responsável em relação à sua saúde.
A adoção de hábitos saudáveis é essencial nesse sentido.
A alimentação equilibrada, por exemplo, é muito importante para quem tem DCNTs. Com ela, é possível aumentar o número de nutrientes ingeridos, diminuir a porcentagem de gordura encontrada nos alimentos, entre outros benefícios.
O nutricionista pode te ajudar nessa reeducação alimentar considerando, inclusive, seu dia a dia e sua condição de saúde.
Atividade física regular, sono adequado e controle do estresse são outros hábitos que devem ser inseridos na rotina do paciente crônico.
O autocuidado também envolve o que já foi apontado anteriormente: seguir as recomendações médicas, tomar os medicamentos corretamente, reconhecer os sinais e sintomas da doença e buscar ajuda quando preciso.
Como lidar com as emoções causados por um quadro crônico?
O diagnóstico de doenças crônicas nem sempre é fácil, pois muitas delas não têm cura e algumas ainda pedem um pouco mais de cuidado.
As mudanças nos hábitos, incluindo a ingestão de remédios, podem até mesmo gerar uma dúvida no paciente sobre como conciliar a doença com o trabalho, a família e as atividades sociais.
Além de conversar com o médico que faz o acompanhamento da sua condição crônica, é importante contar com familiares, amigos e colegas do trabalho, escola e faculdade e outros lugares que frequentar. Eles devem entender quando for necessário sua ausência para acompanhamento médico, por exemplo.
Além disso, um psicólogo também pode ser importante para a sua rede de apoio, principalmente em um primeiro momento onde os sentimentos podem estar mais confusos.
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Fontes:
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