Também conhecida como “água no pulmão”, a condição consiste na formação de líquido nos alvéolos e nos espaços intersticiais pulmonares – seja por um aumento da produção desse líquido ou pela incapacidade do pulmão de eliminá-lo.
O quadro é considerado grave e pede atenção imediata, pois leva à baixa oxigenação do sangue (hipoxemia), aumenta o esforço respiratório e compromete a função pulmonar.
Se não tratado corretamente, o edema pulmonar pode levar a complicações sérias, com desfechos indesejados.
Os sintomas dependem da quantidade de líquido nos pulmões
Os sinais do corpo em casos de edema pulmonar variam conforme a quantidade de líquido acumulado nos pulmões.
Quando há pequenos acúmulos, normalmente em quadros iniciais de edema, o paciente pode apresentar taquicardia, respiração acelerada (taquidispneia) e ruídos similares aos chiados apresentados em casos de asma.
Se a presença de líquido é maior, o paciente pode ter sintomas como:
- falta de ar (dispneia);
- ansiedade;
- agitação;
- palidez;
- sudorese fria;
- pele azulada nas extremidades (cianose);
- ruídos nos pulmões.
Já em casos mais graves, o paciente pode apresentar eliminação de líquido espumoso rosado pela boca e pelo nariz, além de sentir como se estivesse se afogando.
A hipertensão arterial, popular pressão alta, também é um dos sintomas apresentados por pacientes com edema pulmonar.
Diferenças do edema pulmonar cardiogênico e não cardiogênico
Existem pelo menos dois grandes grupos que englobam os tipos de edema pulmonar, segundo artigo publicado no periódico Hellenic Journal of Cardiology.
Os dois se assemelham pelo represamento de líquido nos pulmões, mas apresentam diferenças em relação ao quadro de saúde que origina o acúmulo desse material.
Edema pulmonar cardiogênico
Os chamados edemas pulmonares cardiogênicos estão relacionados, principalmente, ao aumento da pressão hidrostática pulmonar (em outras palavras, trata-se de uma pressão que é exercida pelo peso do próprio líquido).
Essa variação faz com que fluidos atravessem a membrana pulmonar – atingindo alvéolos e interstícios (tecidos responsáveis pelas trocas gasosas).
Esse tipo de edema costuma ser desencadeado em casos de distúrbios cardíacos, como:
- insuficiência cardíaca;
- isquemia aguda;
- infarto do miocárdio;
- arritmias;
- hipertensão arterial;
- estresse em excesso.
Edema pulmonar não cardiogênico
Já os edemas pulmonares não cardiogênicos são caracterizados por alterações da própria membrana pulmonar, o que facilita a passagem dos fluidos para dentro dos pulmões. Esse tipo de edema está associado a:
- infecções e sepse;
- traumas na região torácica;
- pancreatite;
- inalação de gases tóxicos (fumaça, ozônio, cádmio, fosgênio, cloro, dióxido de nitrogênio);
- contato com substâncias tóxicas (veneno de cobra, por exemplo);
- aspiração de conteúdo gástrico;
- inalação de corpo estranho;
- pneumonia por radiação;
- afogamento.
Edema pulmonar neurogênico
Considerado mais raro, segundo artigo da Revista Brasileira de Terapia Intensiva, o edema pulmonar neurogênico também tem como característica o acúmulo de líquido nos pulmões associado a disfunções neurológicas.
Sabe-se, por exemplo, que a hemorragia das meninges, membranas que revestem o sistema nervoso central, é a principal causa do edema pulmonar neurogênico.
Além desse quadro, outros também levam à formação de líquido pulmonar. São eles:
- crises convulsivas;
- hemorragias cerebrais;
- traumatismos encefálicos severos;
- acidente vascular isquêmico;
- esclerose múltipla;
- hidrocefalia aguda;
- tumor cerebral;
- encefalite por Enterovirus.
Edema pulmonar na gravidez
A formação de líquido nos pulmões em gestantes costuma ocorrer, na maioria dos casos, em pacientes com hipertensão arterial de difícil controle.
Normalmente, são pessoas que desenvolvem a chamada pré-eclâmpsia, que tem como característica a pressão alta na gravidez. Entre os fatores de risco para a pré-eclâmpsia, destacam-se situações de:
- hipertensão crônica;
- primeira gestação;
- diabetes;
- colagenose (como reumatismo, que atacam estruturas do corpo ricas em colágeno);
- descendência de origem negra;
- obesidade;
- trombofilias.
Saiba como proteger os pulmões
A melhor maneira de prevenir o acúmulo de líquido nos pulmões é adotar medidas que evitem as alterações que podem levar ao edema pulmonar.
No caso das doenças cardíacas, a prevenção passa pela adoção de algumas práticas saudáveis no dia a dia. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, essas práticas correspondem a:
- evitar o excesso de sal;
- consumir mais frutas e vegetais;
- praticar exercícios físicos regularmente;
- evitar o excesso de bebidas alcoólicas;
- controlar os níveis de estresse;
- controlar os níveis de glicemia.
Consultar um cardiologista também é uma boa medida preventiva. Afinal, esse profissional é tecnicamente capacitado para lhe indicar e oferecer as melhores estratégias para cuidar da saúde do seu coração.
Em casos de condições neurológicas, vale consultar-se um especialista em Neurologia. O profissional saberá qual é a melhor conduta médica para o seu caso, ajudando a prevenir complicações como o edema pulmonar.
Como é feito o diagnóstico e tratamento
O diagnóstico para edema pulmonar é realizado a partir da análise dos sintomas do paciente, histórico de saúde e exames de imagem ou laboratoriais para ajudar na investigação. Entre os exames que podem ser solicitados estão:
- radiografia do tórax;
- eletrocardiograma;
- testes para verificar a insuficiência cardíaca (como o NT-ProBNP e o BNP).
O tratamento do edema pulmonar pode variar conforme o evento que causou o acúmulo de líquido nos pulmões.
Com o Cartão dr.consulta, é possível ter acesso a diferentes especialidades médicas, exames e procedimentos, que podem ajudar no diagnóstico e no tratamento do edema pulmonar ou outras condições.
Em situações agudas, pode ser necessário administrar oxigênio a 100% por meio de máscara facial. Há ainda casos em que pode ser necessária a intubação traqueal e/ou ventilação mecânica.
Elevar a cabeceira da cama e utilizar medicamentos específicos para reduzir o excesso de líquido e melhorar a função pulmonar também costumam ser estratégias aplicadas no tratamento do quadro.
Medicamentos diuréticos, por exemplo, são frequentemente prescritos para eliminar os fluidos, enquanto os vasodilatadores ajudam a aliviar a pressão sobre o coração e os pulmões. E lembre-se: nunca realize o autodiagnóstico e o automedicamento. Procure sempre um profissional da saúde para receber orientações para o seu caso.
Fontes: