Lidar com cólicas menstruais fortes e progressivas pode ser motivo de investigações médicas que relacionem a distúrbios específicos. Um exemplo é a endometriose, patologia que afeta uma em cada dez mulheres brasileiras.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), 57% das pessoas diagnosticadas sentem dores crônicas e 30% delas ficam inférteis.
Apesar dos números e dados alarmantes, a quantidade de casos não diagnosticados traz uma importância ainda maior para se aprofundar no assunto.
O que é a endometriose?
A endometriose é uma condição crônica que surge quando as células do endométrio (a parede interna do útero) se deslocam do órgão e se instalam em outros locais, desde partes do aparelho reprodutivo, como os ovários, até em áreas do abdômen, como o intestino e a bexiga.
Apesar de estarem em outras partes do corpo, essas células ainda são uterinas e, por isso, sentem os impactos de hormônios durante a menstruação. Dessa forma, elas também incham e sangram.
Esse é o motivo dos especialistas chamarem a endometriose de “estrogênio-dependente”, uma vez que ela reflete os efeitos do hormônio.
A endometriose é progressiva, mas considerada benigna, pois não oferece o risco de desenvolver tumores cancerígenos. Ainda assim é preciso entender que há diferentes tipos:
- Peritoneal: atinge a parede do abdômen, chamada de peritônio.
- Ovariana: também conhecida como endometrioma, ocorre nos ovários, formando cistos preenchidos por líquidos que podem chegar a 2 cm.
- Endometriose profunda: é considerada a forma mais grave e com maiores chances de infertilidade, já que afeta vários órgãos. Existe ainda o risco de gerar tecidos cicatriciais, causando a chamada pelve congelada.
Como saber se tenho endometriose? Fique de olho nesses sintomas
Existem diversos sinais que a endometriose demonstra. Dentre todos, os principais desconfortos que merecem atenção são:
- cólica menstrual muito forte e progressiva;
- dores pélvicas até mesmo fora do período menstrual;
- dificuldade para engravidar;
- muito cansaço;
- dores durante a relação sexual, ao urinar e ao evacuar;
- sangue nas fezes e na urina;
- inchaço abdominal.
Ao perceber algum desses sintomas, o médico ginecologista deverá ser consultado para realização do diagnóstico e dar início ao tratamento.
Dicas para aliviar as dores
O melhor a se fazer é cumprir os direcionamentos médicos. No entanto, algumas práticas caseiras também contribuem com o alívio das dores da endometriose. Algumas são:
- banho quente;
- bolsa de água morna na parte inferior da barriga;
- meditação;
- massagens circulares no abdômen.
Essas condutas relaxam os músculos e também promovem maior bem-estar mental, aliviando o estresse e a ansiedade, fatores que pioram as dores.
Quais são as causas?
A resposta definitiva para essa pergunta ainda é desconhecida. Porém, profissionais da saúde já perceberam que aspectos imunológicos, genéticos, hormonais e enzimáticos deixam algumas pessoas mais suscetíveis a desenvolverem a condição.
É uma doença grave?
A endometriose profunda é grave. Os sintomas podem ser incapacitantes e prejudicar o cotidiano.
Embora não ameace diretamente a vida, é essencial buscar um tratamento adequado para manter uma boa qualidade de vida.
Como é o diagnóstico e tratamento da endometriose?
O diagnóstico é realizado a partir da anamnese e da investigação dos sintomas relatados pela paciente. Exames também podem ser solicitados para facilitar a identificação da doença. Os mais comuns são:
- Avaliação clínica vaginal e retal: no próprio consultório o especialista analisa a vagina e o reto para entender se há algo que indica a presença de focos de endometriose.
- Ultrassonografia transvaginal e/ou endovaginal: por meio das imagens obtidas é possível ver as condições do útero e se há células estranhas nos outros órgãos da pelve.
- Ressonância magnética: outro exame de imagem que contribui para confirmar o diagnóstico da endometriose.
- Exames de sangue: são importantes para analisar os níveis de hormônios reprodutivos e como eles podem impactar o quadro.
Vale ressaltar que cada pessoa terá prescrições específicas, conforme os sinais da doença.
Com o diagnóstico definido, o ginecologista pode prescrever o tratamento mais adequado.
A forma mais simples é com o uso de medicamentos, incluindo o anticoncepcional para interromper o ciclo menstrual. Outra opção é a cirurgia para retirar os focos que se instalaram nos órgãos.
O procedimento pode ser feito de maneira minimamente invasiva por videolaparoscopia, com incisões menores, ou por laparotomia, que permite maior campo de visão se forem grandes áreas afetadas.
Já a retirada do útero é indicada em raras situações, pois nem sempre é uma solução definitiva. Quando isso ocorre e a pessoa ainda quiser engravidar, podem ser recomendadas técnicas de reprodução assistida como a fertilização in vitro e congelamento de embriões.
Mitos e verdades sobre endometriose
Apesar de estar ganhando mais espaço para discussão, essa patologia ainda é rodeada de mitos. Por isso, vamos abordar o que é verdadeiro e o que é falso a respeito dessa condição.
A saúde hormonal pode desencadear a doença
Verdade. A endometriose é uma doença estrogênio-dependente, pois a forma como esse hormônio é secretado, principalmente pelas vias de tecido gorduroso, aumenta os riscos de desenvolver o distúrbio.
É possível diferenciar a cólica menstrual normal da endometriose
Verdade. Cólicas comuns são mais fracas e costumam passar com medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios.
Já as dores da endometriose são extremamente fortes e impedem até mesmo que as pessoas cumpram com suas atividades cotidianas.
Essa doença é hereditária
Depende. Pode existir um fator hereditário e, portanto, se alguém da família tem, como mães, irmãs ou tias, a atenção para os sinais deve ser redobrada.
Não tem como prevenir a doença
Verdade. Não há nenhuma forma de prevenir a endometriose. Entretanto, assim como em outras situações, a orientação de saúde é a de manter consultas regulares para receber o diagnóstico o mais cedo possível.
Existe cura
Mito. A endometriose não tem uma cura definitiva, pois é uma enfermidade crônica.
A endometriose pode levar à infertilidade
Verdade. Pessoas com a doença possuem maior dificuldade para engravidar, uma vez que as alterações pélvicas podem impedir a concepção.
É impossível engravidar com a endometriose
Mito. A endometriose interfere na fertilidade, mas não em todos os casos. Assim, ter a doença nem sempre é um fator determinante para impedir uma gravidez.
Se existe desejo pela maternidade, é fundamental conversar com o profissional ginecologista para que o tratamento seja adaptado com esse objetivo.
Endometriose e câncer de ovários estão relacionados
Mito. Ter endometriose não significa desenvolver câncer nos ovários. O que pode ocorrer é a formação do endometrioma que é um cisto ovariano.
Tomar anticoncepcional piora esses casos
Depende. Por ter relação hormonal, tomar combinações de hormônios, mesmo que artificiais presentes em anticoncepcionais, pode ser tanto prejudicial quanto benéfico.
Apenas uma avaliação médica pode indicar o uso desse método.
Existe cirurgia para a endometriose
Verdade. Ela é realizada por videolaparoscopia ou por laparotomia (em casos graves). O objetivo é retirar os focos de endometriose que estão presos nos órgãos.
Existem tratamentos naturais para a enfermidade
Mito. Remédios naturais não são cientificamente testados ou comprovados e podem gerar outros danos ao organismo.
Para aliviar as dores é possível usar bolsas de água morna e o banho quente.
A dica final se você quer saber se tem endometriose
Não existe segredo! A primeira coisa a se fazer em casos de suspeitas é procurar o ginecologista.
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Fontes: