Infecção no útero pode ser silenciosa e impactar a fertilidade

O sistema reprodutivo feminino não é um ambiente estéril e está constantemente exposto a microrganismos do trato genital.
Quando eles superam os mecanismos de defesa do organismo, processos infecciosos e inflamatórios podem ocorrer na cavidade uterina.
Fatores de risco para a infecção no útero
A manutenção da harmonia da microbiota vaginal é importante para a prevenção de inúmeras condições ginecológicas e a proteção da flora endometrial.
Ela é composta principalmente pela bactéria Lactobacillus spp., essencial para manter o pH ácido e evitar a proliferação de agentes patogênicos, indica estudo apresentado no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Alterações nesse equilíbrio estão associadas a:
- uso prolongado de antibióticos;
- higienização frequente com duchas vaginais;
- quadros de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
- diabetes descontrolado;
- pacientes imunossuprimidos;
- climatério e menopausa;
- gravidez.
Entre os principais microrganismos que afetam o endométrio (tecido que reveste o útero internamente), destacam-se a Mycoplasma e a Ureaplasma, além de outros comuns do trato urogenital, como Escherichia coli e Streptococcus sp., aponta artigo da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Falta de sintomas pode dificultar diagnóstico
Normalmente, a infecção na parede uterina é acompanhada de inflamação endometrial, denominada endometrite. O diagnóstico costuma ser desafiador, pois muitos casos são assintomáticos, especialmente os crônicos.
A forma aguda, por outro lado, pode ter manifestações como:
- febre;
- dor pélvica;
- desconforto no sexo;
- sangramento uterino anormal;
- corrimento vaginal.
Na presença de um ou mais sintomas, o auxílio de um ginecologista é fundamental. O Cartão dr.consulta é um benefício que contribui para o acesso a diversos exames e atendimento com diferentes especialistas.
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Impactos na fertilidade
Ainda de acordo com artigo da Febrasgo, mulheres com endometrite crônica apresentam taxas significativamente mais baixas de gravidez.
Isso porque o quadro pode alterar a receptividade endometrial e/ou o padrão das contrações uterinas, prejudicando os processos de transporte dos espermatozoides e implantação do embrião, além de aumentar o risco de abortos espontâneos.
Antibióticos e novas abordagens
O tratamento geralmente envolve o uso de antibióticos, mesmo quando o agente causador não é identificado.
Para casos resistentes, pesquisas indicam que a terapia personalizada baseada em antibiograma (teste que ajuda a identificar a sensibilidade a bactérias) pode ser mais eficaz.
Além disso, novas intervenções, como o uso de probióticos para restaurar a saúde da flora uterina, estão sendo estudadas.

Endometrite é diferente de endometriose
Por fim, é importante reforçar que, apesar de terem nomes semelhantes, essas condições são distintas.
Enquanto a endometrite consiste na inflamação do endométrio, a endometriose é caracterizada pelo crescimento desse tecido para fora do útero, podendo afetar os ovários, as tubas uterinas e a cavidade abdominal.
Dessa forma, tende a causar dores intensas e exigir diversas abordagens terapêuticas, incluindo hormonais e cirúrgicas.
O acompanhamento ginecológico, em ambos os casos, é necessário tanto para o diagnóstico preciso quanto para o tratamento correto.
Fontes: