Um guia completo sobre o câncer vulvar

Como o nome sugere, o câncer vulvar afeta a região externa e visível dos órgãos genitais femininos, conhecida como vulva (que é diferente da vagina, canal que conecta a área ao colo do útero).
Embora seja mais raro do que outros tipos, é importante entender os sinais, métodos de prevenção, opções de tratamento e outras informações para garantir o diagnóstico precoce e aumentar as chances de recuperação adequada.
O que define o câncer vulvar
A reprodução das células é um processo natural e indispensável para a manutenção do funcionamento de todas as estruturas do corpo.
Porém, uma série de fatores pode desencadear uma proliferação anormal em alguma parte do organismo, sendo justamente esse desequilíbrio o que causa o surgimento de um tumor maligno.
Assim, o câncer vulvar ocorre devido à multiplicação de estruturas celular sem controle na vulva – o que envolve o clitóris, a abertura da vagina e os grandes e pequenos lábios.
De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, ele responde por apenas 5% dos tumores ginecológicos diagnosticados em brasileiras — a maior parte em pacientes acima dos 60 anos. Quadros oncológicos que acometem o colo do útero e os ovários são bem mais comuns em diferentes idades.

Sintomas mais frequentes do câncer vulvar
Uma característica relevante dessa enfermidade é que seus primeiros sinais são genéricos e muitas vezes confundidos com outras alterações de saúde menos graves, o que normalmente gera uma negligência inicial.
Ainda assim, mulheres devem ter atenção aos seguintes indícios:
- coceira persistente na vulva, que se resolve com o passar dos dias diante de tratamentos convencionais;
- dores ou desconfortos, especialmente ao urinar ou durante relações sexuais;
- modificações inesperadas na pele da região, como áreas mais escuras, pintas com formato irregular, vermelhidão ou feridas que não cicatrizam;
- nódulos ou caroços no local, que são perceptíveis ao toque e causam inchaços que se estendem até a virilha;
- corrimento ou sangramento não relacionado à menstruação ou outra disfunção ginecológica.
Caso os sinais persistam ou não pareçam melhorar, a principal recomendação é procurar por ajuda especializada. Somente o ginecologista é capaz de diferenciar tais manifestações de uma simples infecção ou irritação.
Procedimentos necessários para o diagnóstico
Quando a pessoa é acolhida no consultório, várias etapas são percorridas até confirmar tal possibilidade.
Em um primeiro momento, o médico avalia o relato e o histórico clínico; depois, realiza um exame físico da vulva para identificar mudanças visíveis a olho nu.
Eventualmente, pode haver a demanda pela vulvoscopia, procedimento que utiliza uma espécie de microscópio (chamado colposcópio) e permite uma análise mais detalhada.
Diante de qualquer suspeita, uma pequena amostra de tecido é coletada para uma investigação em laboratório da presença de células cancerígenas (processo chamado de biópsia).
Ultrassons, ressonâncias magnéticas ou tomografias também podem ser solicitados e verificam se o tumor progrediu para outras áreas.
Ao contrário do câncer de mama, em que mamografias são feitas para diagnosticá-lo na ausência de sinais, no câncer vulvar, testes específicos são indicados apenas se houver uma desconfiança.
Tipos de câncer da vulva
Junto da confirmação da lesão maligna, o responsável também coleta informações sobre as suas características, o que ajuda a determinar o tratamento apropriado e as perspectivas de prognóstico. As principais classificações compreendem:
- carcinomas de células escamosas, que respondem por mais de 90% dos episódios;
- melanomas vulvares, bem mais raros, porém com maior potencial de se espalhar pelo organismo (a chamada metástase).
Ainda mais incomuns, os tumores também podem se manifestar como sarcomas, adenocarcinomas, carcinomas verrucosos ou carcinomas basocelulares. Dúvidas devem sempre ser esclarecidas com o profissional que faz o acompanhamento.
Antes mesmo da puberdade, até depois da menopausa, o Cartão dr.consulta está sempre junto no cuidado com a saúde feminina. Ele garante diversos benefícios, incluindo o acesso às consultas e exames com preços diferenciados, sempre que necessário.

Fatores de risco e prevenção
Entender os componentes que aumentam a probabilidade de um câncer vulvar é algo indispensável para adotar iniciativas capazes de diminuir tal incidência.
Desse modo, o principal foco é a infecção pelo HPV (o papilomavírus humano). As evidências mostram que determinados subtipos do microrganismo estão associados a pelo menos metade dos episódios.
A forma de contato com o vírus mais corriqueira é por meio de interações sexuais desprotegidas (ou seja, sem uso de preservativo).
Apesar disso, na maioria das vezes, o contágio não apresenta sintomas, fazendo com que a pessoa siga sua vida normalmente até o momento em que isso influencia a atividade celular e desencadeia o tumor.
Atualmente, há versões de vacinas eficazes para a prevenção do HPV. Elas estão disponíveis tanto na rede pública quanto na privada.
A aplicação pode ser feita em variados estágios da vida, conforme sugestão médica. Contudo, a distribuição das doses antes dos 14 anos para meninos e meninas amplia significativamente a proteção.
Mesmo com a imunização, ainda entram na equação fatores de risco como:
- o tabagismo;
- complicações que interferem na imunidade;
- modificações crônicas na pele (em especial o chamado líquen escleroso atrófico);
- histórico de lesões genitais pré-cancerígenas;
- pintas atípicas pelo corpo;
- câncer de colo do útero.
Um autoexame visual da vulva pode ser uma medida de cuidado adicional em busca de sinais que mereçam uma atenção mais detalhada ainda em estágios iniciais.
Outro cuidado importante é manter uma boa higiene íntima com produtos neutros e usar roupas íntimas de algodão que permitam a ventilação da área, essas medidas ajudam a manter a saúde ginecológica e o bem-estar como um todo.

Opções de tratamento mais utilizadas
O combate ao câncer vulvar considera a evolução, a extensão da localização do tumor e o estado geral da paciente. Além disso, a combinação de mais de uma abordagem amplia a eficiência dos recursos disponíveis. Eles envolvem:
- procedimentos cirúrgicos, para remover a lesão cancerígena (que pode ser feita com um laser) e, em alguns cenários, parte da vulva ou os gânglios linfáticos próximos (as ínguas, que causam inchaço na virilha);
- radioterapia, que usa radiação para destruir as células malignas e é frequentemente combinada à cirurgia para eliminar seus vestígios;
- quimioterapia, em que fármacos são empregados para conter a reprodução indevida, antes ou depois da intervenção cirúrgica;
- imunoterapia, técnica inovadora que faz com que o próprio sistema imune seja “ensinado” a encontrar e acabar com a condição.
Nos quadros em que o diagnóstico ágil é possível, a taxa de recuperação supera os 90%. Contudo, quando a enfermidade progride, oferece risco à vida, à medida que se espalha para os demais órgãos e tecidos.
Por fim, mesmo com a reversão completa, é preciso seguir com a atenção necessária, sobretudo para distinguir precocemente possíveis recorrências, que é quando a alteração indesejada volta ainda que tratada anteriormente.
Fontes: