9 infecções comuns do diabetes e por que elas ocorrem
Uma das principais preocupações de quem convive com o distúrbio metabólico é a propensão ao desenvolvimento de quadros infecciosos.
Normalmente, eles afetam os pulmões, a pele, o trato urinário, entre outras estruturas, e, quando não tratadas corretamente, colocam a vida em risco.
Por que infecções no diabetes ocorrem?
A hiperglicemia (níveis elevados de açúcar no sangue) é uma das características do distúrbio metabólico e acarreta uma série de complicações, como a vulnerabilidade do corpo a bactérias, fungos e vírus.
Um artigo publicado no Brazilian Journal of Health Review explica que hiperglicemia enfraquece o sistema imunológico e possibilita a ação de microrganismos.
Além disso, as infecções preocupam porque desencadeiam processos que contribuem para o descontrole glicêmico – o que prejudica o tratamento e potencializa o desenvolvimento de complicações.
Ou seja, ao mesmo tempo que a elevação ou queda dos níveis de glicose no sangue favorece infecções, os processos infecciosos também alteram – e dificultam – o controle do diabetes.
As infecções associadas ao diabetes
Nesse sentido, conhecer as características de algumas enfermidades pode ajudar o paciente a identificar sintomas, buscar atendimento de saúde e, principalmente, prevenir a evolução do caso.
1. Influenza
A gripe é uma das infecções agudas possíveis, conforme explica a Secretaria de Saúde do Paraná. Causa febre, dor de garganta, tosse, dor no corpo e na cabeça, mal-estar, prostração e, em alguns casos, vômito, diarreia, rouquidão e olhos avermelhados.
A vacinação contra o vírus da influenza é fundamental para a proteção do organismo, especialmente em pessoas com diabetes.
2. Tuberculose
A Secretaria de Saúde da Bahia reforça que diabéticos têm de duas a três vezes mais chances de apresentar a patologia do que a população em geral.
Os sintomas da tuberculose são: tosse por 3 semanas ou mais, febre vespertina, sudorese noturna e perda de peso, segundo o Ministério da Saúde. Sua principal forma de prevenção é pela vacina BCG – aplicadas, preferencialmente, ao nascer ou em crianças com até 5 anos.
3. Pneumonia pneumocócica
Segundo a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm), o risco de infecção dos pulmões em pessoas com diabetes é 50% maior.
Assim como outros tipos de pneumonia, a pneumocócica causa febre alta, tosse seca ou com catarro, dificuldade respiratória, dor no tórax e na cabeça. O quadro pode levar à hospitalização do paciente, inclusive em unidades de terapia intensiva.
Vacinas, como a Conjugada ou a de Polissacarídeos, são destinadas a crianças e idosos acima de 65 anos e adultos imunocomprometidos ou com condições crônicas, respectivamente.
4. Infecções urinárias
O trato urinário é comumente afetado pelo distúrbio metabólico, sendo a nefropatia diabética uma das complicações geradas pelo distúrbio metabólico.
São frequentes também os casos de infecções na região. Segundo estudo realizado no México, pessoas com diabetes tipo 1 apresentam maior frequência de pielonefrite (infecção nos rins); já o tipo 2 aumenta as chances de cistite bacteriana (infecção causada na bexiga por bactéria).
De acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará, algumas medidas contribuem para a prevenção: não deixar de beber água (o recomendado é de 35mL por quilo de peso da pessoa), urinar sempre que sentir vontade (não segurar o xixi).
No caso de mulheres, a recomendação da Secretaria de Saúde do Amazonas é que se evite vestir roupas muito apertadas na região genital, urinar após relações sexuais, além de evitar a ducha higiênica e limpar com papel higiênico – fazendo movimentos de frente para trás e nunca ao contrário para evitar o contágio de bactérias na região anal.
5. Candidíase
Conforme a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, é comum mulheres com diabetes desenvolverem candidíase – cujos sintomas são: corrimento branco, vermelhidão, dor ao urinar e no ato sexual.
A infecção fúngica não se restringe à região genital, aponta o Conselho Federal de Odontologia, sendo observada sua ocorrência na boca também. De acordo com o Ministério da Saúde, a candidíase oral causa placas cremosas e esbranquiçadas na boca (língua, gengivas e demais estruturas), além de aftas.
A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais recomenda as seguintes práticas para a prevenção da infecção:
- evitar o compartilhamento de talheres e outros objetos que vão à boca;
- manter uma boa higiene bucal;
- manter roupas íntimas limpas e secas.
6. Periodontites
A saúde bucal também é prejudicada pelo diabetes. Neste caso, a hiperglicemia não só afeta a resposta imunológica, como também diminui a produção de saliva – o que altera o pH da saliva e prejudica mecanismos naturais de higienização da boca, como aponta a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Consequentemente, é comum que pacientes desenvolvam periodontite – um agravamento da gengivite, que pode ter formação de pus. Para evitar esse tipo de infecção, é importante não só manter a higiene bucal, mas também:
- cuidar da alimentação, priorizando uma dieta saudável;
- evitar o tabagismo e o consumo de álcool em excesso;
- realizar avaliações odontológicas periodicamente.
7. Pé diabético
Consiste na presença de úlceras, lesões infecciosas e destruição dos tecidos dos pés. Cerca de um quarto das pessoas com o distúrbio metabólico desenvolvem a condição, informa a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) – e muitos podem ter o membro amputado.
Os sintomas variam conforme o tipo de complicação, mas normalmente incluem alteração na temperatura da região (mais quente ou mais frio), na textura da pele, formação de úlceras, entre outros sinais.
A prevenção do pé diabético envolve os cuidados com a higiene dos pés, usar calçados e meias adequadas e estar sempre atento a possíveis machucados que não cicatrizam.
8. Fasciíte necrotizante
De ordem bacteriana e considerada grave, afeta a fáscia (tecido que reveste e une órgãos, vasos sanguíneos, ossos, músculos e fibras nervosas do corpo) em regiões como abdômen, períneo e membros do corpo.
Segundo estudo publicado na Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos, o quadro é marcado por dor intensa, edema (inchaço), rápida progressão, necrose do tecido atingido e resposta ruim a antibióticos.
A condição causa a destruição rápida e irreversível dos tecidos, o que pode levar à amputação dos membros atingidos ou ao óbito. Por isso, o diagnóstico precoce é a melhor estratégia de condução do caso.
A bactéria Streptococcus é a principal responsável pela infecção. Não existe vacina para prevenção, informa o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos. Ainda assim, alguns hábitos podem ajudar a evitar o quadro:
- lavar as mãos, especialmente após tossir, espirrar e antes de comer ou cozinhar;
- higienizar, monitorar e proteger feridas com produtos específicos;
- em casos de infecção, evitar nadar em piscinas, lagos, rios e mares. É importante tratá-la corretamente também (sendo necessário o uso de medicamento prescrito por médico).
9. Síndrome de Fournier
Rara, a condição atinge a fáscia do períneo, tecido que reveste a musculatura da região perineal, área entre o ânus e o pênis – ou a vagina. Pode ocorrer em diferentes faixas de idade, desde a infância até que a pessoa se torne idosa.
O paciente pode sentir dor intensa e observar bolhas, escaras, manchas e inchaço na região perineal (podendo se estender para a coxa), informa artigo da Revista de Medicina da Universidade de São Paulo. Em alguns casos, há secreção com odor.
É tida como uma emergência urológica e sua evolução é extremamente rápida (a cada hora, cerca de 2,54 centímetros da fáscia são comprometidos), segundo estudo publicado no periódico Trauma e Emergência. Pode evoluir para a sepse, choque séptico e óbito em 40% dos casos.
Segundo estudo publicado no Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, é possível prevenir a síndrome a partir do tratamento precoce de infecções e traumas na região perineal e genital, além do manejo correto de condições que possibilitam a ocorrência, como a diabetes.
Lembrando sempre que o diagnóstico e tratamento do quadro devem ser feitos sempre por um médico.
Com o Cartão dr.consulta, é possível acessar diferentes exames e especialidades médicas que auxiliam na investigação e no diagnóstico da retinopatia diabética.
Por meio do programa Viva Bem, o paciente recebe suporte e orientações sobre o manejo do diabetes, hipertensão e colesterol alto (dislipidemia).
Fontes:
- Brazilian Journal of Health Review;
- Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research;
- Centro de Controle e Prevenção de Doença;
- Conselho Federal de Odontologia;
- Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais;
- Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz);
- Ministério da Saúde;
- Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos;
- Revista de Medicina da Universidade de São Paulo;
- Trauma e Emergência;
- Secretaria de Saúde do Amazonas;
- Secretaria de Saúde do Ceará;
- Secretaria de Saúde do Paraná;
- Sociedade Brasileira de Diabetes.