Olho esbranquiçado pode indicar alterações importantes na visão

O olho humano normalmente apresenta uma coloração uniforme na região da córnea (camada da parte frontal). Assim, qualquer mudança nesse aspecto pode ser um indicativo de diferentes condições de saúde ocular.

Quando se trata de uma aparência esbranquiçada, costuma ser resultado da perda de transparência dessa estrutura, do cristalino ou da presença de secreções e tecidos cicatriciais. 

Em situações como inflamações, infecções ou degenerações, o que antes era translúcido passam a refletir a luz de forma irregular, criando esse efeito opaco ou leitoso.

Pode ocorrer em apenas um dos lados ou ambos, nem sempre ocasionando dor ou perda de visão imediata. Por isso, mesmo quando os sintomas são leves, é essencial buscar orientação médica para um diagnóstico correto e tratamento adequado.

Principais causas do olho esbranquiçado

Entre as patologias mais frequentes que podem estar por trás dessa mudança visual estão:

1. leucoma;
2. catarata avançada;
3. glaucoma congênito;
4. ceratite;
5. tumores oculares.

1. Leucoma

Trata-se de uma cicatriz na córnea que se torna irregular e compromete sua transparência, derivada de infecções críticas, traumas ou inflamações. 

Dependendo da localização e tamanho, pode afetar a qualidade da visão e, muitas vezes, o esbranquiçado é visível a olho nu, dando a impressão de uma mancha branca sobre a parte colorida.

Nos mais novos, o leucoma pode levar à ambliopia por privação, enfermidade que prejudica o desenvolvimento visual e reforça a importância do diagnóstico precoce, conforme aponta estudo publicado pela Universidade de São Paulo (USP).

2. Catarata avançada

Embora a catarata normalmente provoque um embaçamento, em estágios mais avançados ela pode deixar a pupila com essa cor. Isso acontece devido à opacificação do cristalino — a lente natural dos órgãos. 

É mais comum em pessoas idosas, mas também pode ocorrer mais cedo em quem tem diabetes ou após uso prolongado de medicamentos, como corticosteroides.

3. Glaucoma congênito

Presente desde o nascimento, esse tipo de glaucoma pode aumentar o tamanho dos globos oculares, gerar lacrimejamento constante e o tal aspecto leitoso. Apesar de rara, é grave e precisa de tratamento imediato para evitar perdas permanentes na capacidade de enxergar.

Atinge uma em cada 10 mil crianças e ainda apresenta desafios na detecção, de acordo com uma revisão científica publicada no Brazilian Journals, especialmente em áreas com menor acesso à saúde especializada.

4. Ceratite

Inflamação da camada que cobre a parte frontal, causada por bactérias, vírus, fungos ou utilização inadequada de lentes de contato. 

Quadros mais severos podem ter a formação de uma lesão branca ou sem brilho, geralmente acompanhada de dor, vermelhidão e sensibilidade à luz.

Um levantamento nacional da Universidade Federal do Tocantins (UFT) mostrou que, entre 2018 e 2022, mais de 27 mil casos de ceratite foram registrados no Brasil, com destaque para adultos jovens na região Sudeste.

5. Tumores oculares

Certas lesões tumorais, como o retinoblastoma — mais comum nos pequenos —, podem se manifestar com reflexo branco na pupila, perceptível em fotos com flash. Esse sinal, chamado de leucocoria, requer assistência de um oftalmologista.

Para garantir a sobrevida e preservar a visão, além de reduzir as complicações psicossociais associadas ao tratamento, é fundamental o diagnóstico rápido, ressalta uma revisão publicada na revista Conjecturas.

Quando procurar ajuda médica

Alterações na coloração não devem ser ignoradas. Em especial, é importante buscar atendimento se houver:

• manchas brancas visíveis;
• diminuição repentina da vista;
• dor intensa ou fotofobia;
• vermelhidão persistente.

Mesmo quando não há sintomas associados, o aparecimento de um olho esbranquiçado exige avaliação médica. A identificação precoce evita complicações sérias e preserva a qualidade de vida.

Como é feito o diagnóstico

Diante de tais modificações, o profissional pode solicitar procedimentos simples e rápidos que ajudam a confirmar o quadro, como:

• biomicroscopia – analisa detalhadamente a parte frontal com auxílio de um microscópio;
• mapeamento de retina – checa as estruturas para investigar as possíveis origens;
• tomografia de coerência óptica (OCT) – averigua as camadas da retina e do nervo óptico;
• ultrassonografia ocular – indicada quando a opacidade impede a visualização interna.

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Tratamentos variam de acordo com a causa

Infecções costumam se resolver apenas com o uso de antibióticos ou antivirais. Já em casos mais avançados, como catarata ou leucoma, a cirurgia de restauração da visão pode ser necessária.

Se a cicatriz na córnea for extensa, uma alternativa é o transplante, que substitui o tecido danificado por um saudável, obtido por meio de doação.

Quanto mais cedo o diagnóstico é feito, maiores são as chances de recuperação da capacidade total de enxergar, principalmente em crianças.

Cuidados com a saúde ocular são fundamentais

Prevenir condições que causam olho esbranquiçado começa com medidas simples:

• higienizar bem as mãos antes de tocar na região;
• utilizar colírios apenas com orientação médica;
• evitar dormir com lentes de contato ou ficar com elas por tempo prolongado;
• comparecer a consultas oftalmológicas regulares, sobretudo diante do histórico familiar de patologias oculares.

Adotando esses hábitos e não ignorando a ocorrência de sintomas, é possível garantir mais bem-estar por toda a vida.

Fontes:

• Brazilian Journals;
• Conjecturas;
• Conselho Brasileiro de Oftalmologia;
• Ministério da Saúde;
• Universidade de São Paulo;
• Universidade Federal do Tocantins.