A eliminação de ar acumulado no estômago é chamada de arroto ou eructação. Na maioria das vezes, esse é um processo natural e, portanto, totalmente esperado. No entanto, em algumas circunstâncias, os arrotos constantes podem ser sinal de que algo não vai bem, sobretudo se houver outros sintomas aparentes.
Dessa forma, vale sempre entender o que costuma explicar esse desconforto, qual a hora indicada para procurar ajuda especializada e o que pode ser feito para aliviá-lo.
Por que os arrotos acontecem?
Na prática, um arroto é a eliminação de gases que saem do estômago ou do esôfago em direção à faringe, uma estrutura da garganta. Esse processo pode ou não fazer algum ruído. Além disso, é esperado que ele se repita até 30 vezes ao dia, em pessoas de todas as idades.
Geralmente, o ar eliminado é proveniente do processo de mastigação e deglutição (ou seja, do movimento feito para que bebidas e alimentos desçam pela boca e depois pelo esôfago). Como consequência, embora boa parte seja absorvida pelo organismo, o volume extra do gás acaba sendo eliminado pela boca.
No entanto, quando o excesso de arrotos é resultado de alguma alteração gastrointestinal, ele costuma estar acompanhado de outros sintomas característicos, que podem incluir:
- sensação de inchaço na barriga;
- dor e queimação na região do estômago;
- excesso de flatulências (que são os gases resultados do processo de digestão eliminados pelo ânus).
Além da presença de outras queixas, arrotar demais se torna um contratempo quando começa a afetar a qualidade de vida do indivíduo. Isso é comum quando a situação passa a se repetir todos os dias e atrapalha as atividades.
No mais, mesmo quando não há nenhuma causa mais séria por trás dessa ocorrência, a eliminação excessiva de gases pela boca pode causar constrangimento.
Algumas explicações para os arrotos constantes
É claro que determinar o que está causando o volume excessivo de gases pode depender de uma avaliação profissional. Ainda assim, é possível que a resposta para a alteração esteja na lista abaixo.
1. Excesso de bebidas gaseificadas, efervescentes ou fermentadas
Essa não é difícil de entender. Refrigerantes, cervejas, água com gás ou qualquer outro item que traga em sua composição bolinhas de ar (geralmente compostas de gás carbônico) favorecem a formação dos arrotos.
O volume extra ingerido faz com que o estômago se expanda rapidamente. A partir de determinado momento, será necessário eliminar o ar acumulado, o que acaba gerando um número maior de arrotos.
Assim sendo, reduzir a quantidade de bebida ingerida ou fazer isso de forma mais lenta tende a resolver o desconforto. De todo modo, em algumas circunstâncias pode ser necessário suspender por completo o consumo desses produtos.
2. Comer rápido demais
É normal que, junto da comida e da bebida, um pouco de ar seja engolido a cada refeição. Por outro lado, se a alimentação é feita de forma muito acelerada, é provável que o volume de gás ingerido seja ainda maior.
Portanto, observe seus hábitos e avalie se isso não está acontecendo com você. O ideal é sempre mastigar várias vezes os alimentos e fazer isso sem dividir a atenção com outras atividades (como falar com alguém ou vendo TV).
Além de ajudar a evitar os arrotos constantes, tais cuidados são parte importante de um processo de reeducação alimentar, que deve ser orientado por um nutricionista. Ao fazer outras coisas junto das refeições é normal acabar comendo além da conta, sem aproveitar adequadamente cada mordida.
3. Determinados tipos de alimentos
Alguns itens podem favorecer a produção de gases no trato gastrointestinal durante seu processo de digestão, causando um número maior de arrotos. Em geral, eles são aqueles com grandes quantidades de fibras, amido ou açúcar. Exemplos disso são:
- feijões e outras leguminosas;
- brócolis, repolho e couve-flor;
- pães, massas e batatas;
- cebola e alho;
- alimentos gordurosos, que podem demorar mais tempo para serem digeridos;
- leite e seus derivados (muitas vezes envolvidos em quadros de intolerância alimentar);
- chicletes, que podem aumentar a ingestão de ar por conta da mastigação constante.
Se alguns desses alimentos estiver causando o acúmulo de gases pode ser interessante procurar alternativas para substituí-los, reduzir o tamanho das porções ou excluí-los do dia a dia.
4. Gastrite
A partir daqui, já lidamos com uma causa dos arrotos que não tem necessariamente relação com determinados hábitos e comportamentos, mas são resultado de uma alteração que caracteriza uma doença.
É o caso da gastrite. Ela é uma inflamação da parede interna do estômago. Sua principal causa é a infecção provocada pela bactéria Helicobacter pylori. Além disso, o quadro pode ser desencadeado também:
- pelo uso excessivo de determinados medicamentos (em especial alguns tipos de anti-inflamatórios);
- consumo abusivo de álcool;
- tabagismo;
- alterações autoimunes, quando as células de defesa atacam o revestimento do estômago;
- situações constantes de estresse.
Junto dos gases em excesso, é provável que o indivíduo afetado perceba sensações constantes de queimação e estufamento, além de náuseas, perda de apetite e presença de sangue nas fezes.
O tratamento desse quadro depende de medicamentos que controlam a inflamação e neutralizam a acidez estomacal. Sem o devido acompanhamento, a gastrite pode evoluir para uma úlcera. Nessas circunstâncias, uma lesão maior se forma no tecido que reveste o estômago.
5. Refluxo gastroesofágico
Nesse quadro, a pessoa tem alguma alteração que faz com que o conteúdo do estômago volte pelo esôfago em direção à boca. Como essa região não está preparada para a acidez da região estomacal, a situação pode provocar uma série de desconfortos.
O refluxo tende a ser uma queixa relativamente comum. As causas para ele são várias e podem ir desde hábitos alimentares inadequados até a presença de uma hérnia de hiato, que faz com que o alimento ingerido não fique contido ao interior do órgão.
Arrotos, queimação constante e regurgitação estomacal (ou seja, a volta do material alojado dentro do órgão) costumam ser os principais sintomas relatados. O diagnóstico depende da avaliação de um médico especialista e o tratamento passa pelo controle dos sintomas e determinadas mudanças de hábitos.
5. Síndrome do intestino irritável (SII)
Essa disfunção se caracteriza principalmente por alterações no ritmo do trânsito gastrointestinal sem que haja uma causa aparente (isto é, que seja visível em exames, por exemplo). Entre os sintomas mais comuns estão:
- excesso de gases, que podem causar flatulências, arrotos e sensação de inchaço;
- diarreia ou prisão de ventre;
- dor na barriga constante;
- alterações que podem se manifestar na forma de refluxo, dificuldade para engolir ou saciedade precoce (comer pouco e já se sentir satisfeito).
Não se sabe ao certo quais as causas da SII, mas há suspeita de que ela possa ser desencadeada por situações de estresse. De qualquer maneira, seu diagnóstico depende de uma análise cuidadosa de um gastroenterologista.
A partir disso, o tratamento envolve o controle dos sintomas e iniciativas que busquem a melhoria da qualidade de vida. Isso pode exigir acompanhamento psicológico, inclusive.
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Dicas para lidar com esse desconforto no dia a dia
Desde que não haja uma condição mais séria explicando a repetição dos arrotos, alguns cuidados simples podem ser colocados em prática para reduzir essa sensação desagradável:
- coma devagar;
- se alimente em porções menores, mais vezes ao dia;
- faça as refeições em um local tranquilo e se concentre na mastigação dos alimentos;
- evite bebidas gaseificadas e chicletes;
- tente identificar alimentos associados a esse tipo de desconforto.
Como já mencionado, os arrotos constantes devem chamar a atenção de forma mais significativa a partir do momento que pioram com o tempo, aparecerem junto com outros sintomas e houver impacto no cotidiano.
Fontes:
- American College of Gastroenterology;
- Best Practice & Research Clinical Gastroenterology;
- Biblioteca Virtual em Saúde;
- Journal of Clinical Gastroenterology;
- Journal of Clinical Medicine;
- Ministério da Saúde;
- Neurogastroenterology and GI Motility;
- Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia.